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Teoria do Elo e Violência

Infelizmente, a violência ocorre com mulheres, crianças, idosos e animais de uma mesma família.

Patrícia Bezerra

São Paulo, 02/08/2022.

1 Minuto.

Pela ciência é, em palavras mais rebuscadas: “ A relação entre a violência contra os animais e a violência interpessoal denomina-se Teoria do Elo, que é caracterizada por estudos que identificam a capacidade de um agressor em agir de forma violenta, seja por ações diretas ou indiretas, contra animais e pessoas, principalmente os mais vulneráveis’. Esta explicação vem de um artigo científico publicado no Brazilian Journal of Development, em abril de 2021.

Os estudos são recentes no mundo. E no Brasil, ainda mais novos, as primeiras pesquisas datam do início dos anos 2000. Basicamente, na Teoria do Elo, a violência é entendida – exatamente – como um Ciclo Intergeracional.

“E o que significa? Que problemas disfuncionais familiares vão sendo disseminado por um ou mais membros dessa família, atingindo o núcleo inteiro, infelizmente.
Principalmente, atingindo as pessoas dessa família mais vulneráveis. Ou seja, a ocorrência dos maus-tratos aos animais não é um fator isolado, pois essa forma de violência na maioria das vezes é um indicador de problemas e de igual (ou pior) violência contra, principalmente, mulheres, crianças e idosos”, ressalta a psicóloga Patrícia Bezzera.

A Teoria do Elo? Violência
Isso não acabará nunca? Educar, vigiar e punir. É por aí? (Img. Web)

Segundo a especialista em família, crianças e adolescentes, as pesquisas realizadas, até então, mostram um cenário muito parecido dentre elas. A maioria desses dados apresenta que os agressores são do sexo masculino, tanto os agressores de mulheres, quanto dos animais. E por que se chama Teoria do Elo?

“Porque as pesquisas e monitoramentos começaram a verificar que homens, que agrediam suas companheiras mulheres, em algum momento, também eram violentos com os animais. Ainda há muitos caminhos a serem trilhados para desvendar todas as consequências das ações de brutalidade contra mulheres e animais. Mas, o fato já é conhecido e precisa ser reparado o mais breve possível”, explica ela.

A psicóloga ainda ressalta que o Estado não está preparado para acolher os pets, apenas as mulheres e ainda com dificuldade neste acolhimento. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirmam ter sofrido algum tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses, ou seja, cerca de 17 milhões de mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência no último ano.

No estado de São Paulo, por exemplo, as agressões dentro de casa tiveram um aumento de 42% para 48,8%, tendo como um dos principais agravantes o período pandêmico em que o nosso país está passando. “Elas relatam terem medo de sair e os companheiros matarem o cachorro ou o gato. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existem lugares para acolher e proteger mulheres, junto com crianças e animais. No Brasil ainda não temos”, finaliza Patrícia Bezerra.

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Redação

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