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Atrasos Escolares Pós-pandemia

Como reverter os atrasos escolares deixados pela pandemia? Defasagem no aprendizado escolar é percebida no baixo desempenho de crianças e adolescentes no primeiro semestre.

Helen Mavichian

São Paulo, 03/11/2022.

2 Minutos.

Crianças e adolescentes retornaram às aulas presenciais, após quase dois anos de ensino à distância. Os pais estão preocupados com o atraso escolar de seus filhos, evidenciado pelo desempenho apresentado no primeiro semestre. Alfabetização atrasada, dificuldades para memorizar a tabuada, leitura em ritmo pausado e outras situações trazem uma pergunta que ainda não tem uma resposta unânime: como trabalhar com os atrasos escolares deixados pela pandemia?

Diversos estudos demonstram que as crianças e os adolescentes foram as faixas etárias mais afetadas pelo confinamento geral imposto pela pandemia. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) aponta que a Covid-19 expôs problemas de saúde mental, sendo um dos mais graves o fato de muitas terem deixado de frequentar a escola. Isso gerou, provavelmente, a maior crise educacional dos últimos tempos na região das Américas.

Crianças da pré-escola e dos primeiros anos do ensino fundamental foram as mais desfavorecidas. Além da alfabetização, o desenvolvimento oratório também ficou fora do compasso. O entendimento do papel social da leitura também teve defasagem. As crianças com ambientes familiares em que estes aspectos foram incentivados foram menos impactadas quando comparadas às que se desenvolveram em condições mais vulneráveis ou onde ocorreu descaso parental.

Atrasos Escolares Pós-pandemia
Professores (escolas) e pais devem ficar atentos aos sinais, cuidar. (Img Web)
Saúde mental pós pandemia – Atrasos Escolares Pós-pandemia

Aspectos de socialização e inseguranças psicológicas também levaram professores, pais e pedagogos a se questionarem qual seria o caminho ideal para reverter os atrasos que a ausência do ensino presencial causou nos estudantes.

O isolamento social fez também que enfrentassem problemas de desenvolvimento das competências socioemocionais.

Especialistas afirmam que a intervenção dentro de casa não é capaz de substituir o ambiente físico escolar.

A convivência diária com os amiguinhos na escola, ou seja, o encontro com seus pares, é uma experiência necessária, única e imprescindível.

A interação com crianças é um dos principais pilares para o desenvolvimento da cognição social. Por mais que adultos em casa criem brincadeiras e gerem conhecimento, a tendência é que tenham menos profundidade do que professores, que dedicaram toda sua formação aos processos de aprendizagem.

Para tornar ainda mais delicada a situação, as crianças absorveram parte do desgaste mental dos adultos ao seu redor durante a pandemia, gerado por diversos fatores, entre eles, perdas de entes queridos e problemas financeiros. Houve, inclusive, o aumento de violências domésticas e de separações conjugais.

Em contrapartida, em tempos sem pandemia, as crianças e adolescentes têm a oportunidade de aprender nas escolas outras formas de resolver os conflitos e aprimorar o diálogo. Com isso, parte do atraso escolar está atrelado a questões sociais.

Como reverter os impactos da pandemia em crianças e adolescentes?

Ainda não há consenso sobre a melhor forma de superar o atraso no desenvolvimento pedagógico, social e emocional, mas já há algumas pistas do que instituições de ensino podem implementar. Um dos passos mais importantes é investir na aprendizagem emocional e no acolhimento da criança, amparando seus sentimentos dentro da escola.

Além disso, podem ser proporcionadas atividades extracurriculares em contraturno, ou seja, fora do horário regular de aulas. Isso não é algo simples, pois depende de recursos financeiros e de logística, porém, se houver essa possibilidade é importante colocá-la em prática.

Aulas de revisão, lições de casa extras e atividades lúdicas podem ter mais aceitação e resultados positivos. Incentivar a leitura, a compreensão de textos e a elaboração de redações. Usar as tecnologias para superar as defasagens pedagógicas pode ser um recurso complementar para aprimorar o aprendizado e aqui a criatividade não tem limites. Podem ser vídeos, jogos educativos, estímulo a pesquisa na internet e assim por diante.

Helen Mavichian – Psicoterapeuta Crianças e adolescentes – Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento
(Un. Mackenize)

 

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Redação

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