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Precariedade dos Trabalhadores nos Laranjais

ONG Suíça denuncia situação precária dos colhedores de laranjas no Brasil. Desde o surgimento da epidemia de Covid-19, cresceu a demanda por suco de laranja. No entanto, as condições de trabalho dos colhedores de laranja não melhoraram no Brasil, o maior produtor mundial de suco de laranja

Claire Fages, da RFI  – Redação

São Paulo, 08/08 de 2021.

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A constatação é da Ong Public Eye, que faz um apelo para o gigante comercial Louis Dreyfus, peso pesado do setor, melhorar a situação de seus trabalhadores sazonais no país. Eles vêm principalmente do Nordeste, e de regiões pobres do Brasil, para trabalhar na colheita de laranjas em regiões de São Paulo, onde são chamados de “migrantes”.

Oficialmente, eles são 50 mil trabalhadores, mas o número pode ser maior, já que muitos não são declarados. O trabalho é penoso, de até 110 caixas de 27 quilos, ou seja, 3 toneladas transportadas por dia. Uma das explicações é que a remuneração depende do rendimento da colheita e, às vezes, apenas disso, mas movimentando mais de 1 bilhão de dólares por ano, o suco brasileiro chega até os Estado Unidos, China, Japão, União Europeia, Suíça, Coreia do Sul e outros países.

Flor de Laranjeira (Foto: Neide M. Furukawa) Embrapa)
Flor e fruto de laranjeira (Foto: Neide Furukawa –                                                           Embrapa)

A indústria do suco se tornou forte em meados dos anos de 1980, quando se iniciou a exportação de suco de laranja brasileiro. O salário mínimo legal, já bastante baixo, de R$ 1.045,00, nem sempre é respeitado, constatou a Ong suíça. A Public Eye critica a gigante comercial Louis Dreyfus, que comanda suas operações a partir de Genebra.

Coletores de laranja em condições precárias de trabalho no Brasil.
O Brasil é o maior exportador mundial de laranjas. (Foto: Sandro Messikommer)

A Louis Deyfrus investe não apenas em embarcações refrigeradas, armazenamento e processamento, mas também em 25.000 hectares de plantação no Brasil, o país que fornece metade do suco de laranja consumido no mundo.

Em suas 38 plantações, a Louis Dreyfus Brasil diz respeitar o salário mínimo e equipar adequadamente os catadores, mas isso está bem longe de ser a realidade de seus fornecedores. Trabalhadores sazonais não têm acesso aos planos de saúde do grupo suíço e pagam por moradias insalubres, às vezes sem água encanada, no momento em que a epidemia de Covid-19 castiga duramente o Brasil.

Uma realidade distante

O setor de laranja continua sendo uma atividade essencial neste período de pandemia. Os três principais exportadores, incluindo a , querem manter em 100% a atividade.

A demanda por suco de laranja aumentou consideravelmente na Europa e nos Estados Unidos desde março, fazendo com que os preços desse produto, cotado em Nova York, subissem 36% , enquanto a tendência era de queda no consumo. Mas a situação dos trabalhadores sazonais continua ainda muito precária.

A legislação trabalhista no Brasil não exige mais que o tempo de viagem até as plantações, muitas vezes de várias horas, seja integrado aos salários. A fiscalização dos órgãos públicos é rara. A Ong Public Eye, no entanto, pede à Louis Dreyfus que exerça seu dever de diligência sobre as empresas terceirizadas para garantir aos catadores de laranja não apenas o salário mínimo, mas um salário que garanta um padrão de vida decente no Brasil.

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Redação

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