Nacional

Edição gênica contra Covid-19

Pesquisadores do Laboratório de Imunogenética Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP estudam edição gênica como possível forma de combate ao Coronavírus.

Jadson C. Santos

São Paulo, 15/05 de 2020.

2 minutos

A pandemia de Covid-19 desafia a humanidade e põe em xeque o status quo de nossa sociedade contemporânea. Desde o surgimento do novo coronavírus (Sars-Cov-2), identificado pela primeira vez em Wuhan, República Popular da China, diversos grupos de cientistas em todo o mundo vêm trabalhando para descobrir as características do vírus, sintomatologia da doença associada (Covid-19), vacinas e outros possíveis tratamentos.

No Brasil, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com a Universidade de Oxford (Reino Unido), publicaram em fevereiro deste ano (02/2020) a sequência completa do genoma de Sars-Cov-2 (dados publicados em Virological.org) e, juntamente aos trabalhos internacionais, esse dado construiu uma base sólida para pesquisas subsequentes.

Dentre as iniciativas nacionais, a Universidade de São Paulo e seus pesquisadores assumiram protagonismo em estudos que visam a Covid-19 e o novo coronavírus. Um destes estudos foi publicado ontem (07/05/2020), em forma de preprint, pelo grupo do Laboratório de Imunogenética Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto — USP.

A proposta faz uso de um sistema de edição gênica chamado CRISPR-Cas9, que poderia ser utilizado para modificar o gene da proteína ACE2, reconhecida pelo vírus, que a usa como “porta de entrada” para infectar as células. A ACE2, que é uma enzima importante no controle da pressão arterial, tem sido encontrada em níveis elevados de expressão nos pacientes com comorbidades como diabetes mellitus e hipertensão, tornando esses indivíduos ainda mais suscetíveis à infecção viral.

A utilização da edição gênica via CRISPR-Cas9 promoveria a alteração do gene ACE2 e, subsequentemente, de seu produto proteico. A edição modificaria apenas a região da ACE2 que é reconhecida pelo novo coronavírus, tornando-a diferente o bastante para não ser mais um ligante para o vírus, sem que esta modificação causasse interferência na função nativa de ACE2, vital para a homeostase celular e do organismo.

Os estudos são ainda preliminares, mas existe a perspectiva futura de testes da ideia em laboratório pelos pesquisadores. Com o estudo, o grupo pretende estender o leque de possibilidades para lidar com a infecção pelo novo coronavírus e, consequentemente, com a Covid-19, principalmente para pacientes passíveis de desenvolver o quadro mais grave da doença.

O Laboratório de Imunogenética Molecular recebe financiamento da Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Jadson C. Santos – Biólogo, Bioinformata – Doutorando em Genética na FMRP – USP

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Redação

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