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Existe Solidariedade no Brasil?

A questão da solidariedade no Brasil. O Brasil não é um país muito solidário. As amarras sociais são fracas, a diversidade de procedimentos é enorme, o objetivo comum é inconcluso, o pragmatismo sempre vence a ideologia, em uma sociedade sem consenso.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, MG – 12/02/2023

2 minutos.

A ausência dos jogadores nos funerais de Pelé há um mês atrás é indicativa do alto grau de dissenção que atinge a sociedade brasileira. Pelé é um ídolo mundial, da nação, desrespeitado em seu leito de morte. Foi o único atleta a ganhar 3 Copas do Mundo, a fazer mais de 1.000 gols. Considerado pelo Comitê Olímpico Mundial no final dos anos 90 como o Atleta do Século, não somente no futebol, mas entre todos os esportes. Um ídolo, uma ideia, que precede as vans pretensões humanas do cotidiano inócuo, na beleza do inatingível. Uma sociedade que não honra seus heróis.

Nenhum jogador da seleção brasileira atual de 2022 foi nos funerais de Pelé. Ninguém da seleção campeã de 2002. Nem das seleções de 1998, 2006, 2010, 2014, 2018. Mauro Silva, Campeão Mundial de 1994, notavelmente esteve presente. Nossos ídolos de 1970, Tostão, Gerson, Rivelino, Jairzinho, certamente presentes.

Os jogadores brasileiros vão bem, o futebol brasileiro vai mal. Naquela Copa do Qatar, tivemos o pior ataque de todas as Seleções Brasileiras em fase de Grupos, com 3 gols. Perdemos um jogo pela primeira vez desde 1966 na fase de Grupos. Fomos eliminados pela segunda vez consecutiva nas Quartas de Final, na Rússia e no Catar. Sem falar nos 7×1 para a Alemanha. O bolso aumenta, o futebol diminui, e a solidariedade se esvai.

Existe Solidariedade no Brasil?
Confiança e Solidariedade. Como construir/aumentar? (Img. Pixabay)
Traços da nova personalidade social brasileira? 

O Banco Interamericano do Desenvolvimento – BID realizou recentemente pesquisa sobre a confiança na América Latina. O Brasil é o país onde uma pessoa menos confia nas outras, somente 4,7% da população.

A média mundial é de 25%, nos países da OCDE 41%, Uruguai 21%, México 18%, Argentina 16%, Venezuela em penúltimo lugar com 5,1%, Brasil em último com seus 4,7%.

Como construir e seguir com um país onde somente 4,7% da população confia em outras pessoas? Faltam confiança e solidariedade.

Nas Ciências Sociais, é nítida a importância da confiança para o tecido social. Para Adam Smith, “uma sociedade e uma economia livre se baseiam na confiança entre os indivíduos”. Para Rousseau, “cada um de nós deve colocar a sua pessoa dentro da suprema direção da vontade geral”. Na moeda Americana está escrito: “In God we trust”.

Assim, é de extrema importância que os governantes sejam exemplares. A disseminação do ódio leva à quebra da confiança e da solidariedade, a radicalização da desesperança. Só o entendimento e o consenso podem levar à prosperidade social, o indulto da esperança, o ensejo do amanhã.

Ricardo Guedes – Ph.D. Universidade de Chicago – CEO da Sensus

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Redação

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