Finados: Saudades e Esperança!

Há um aforismo valorativo que afirma: nossa vida é passagem. Passagem de quê e para onde? Mas, se tudo na vida é passagem e se estamos aqui provisoriamente, o que dá segurança, então?

Prof. José André da Costa, msf

Caldas Novas, GO – 02/11/2021

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Também é verdade de que, quem passa, deixa os vestígios de suas pegadas no mundo. Faz sentido perguntar pelo definitivo se tudo é provisório? Como estamos de passagem, cada instante de nossa vida é uma despedida.

Isso significa dizer que não estamos prontos, seguimos inacabados. Não nascemos prontos, somos seres de abertura e de projetos. A nossa existência é um constante projetar-se para o futuro, isto é, rumo a novas aventuras e perspectivas.

Na verdade, essa abertura para o desconhecido nos causa angústia e procuramos sanar essa angústia com projetos e metas. Uma vida sem objetivos não é autêntica e não merece ser vivida. Mas qual é sentido da vida? Este é o constante questionamento que, necessariamente precisamos nos lançar. Constatamos então, que o viver é pautado pela busca de sentido. Vamos acontecendo, somos movimento e não fixamos morada definitiva neste mundo. A nossa existência é marcada pela saudade e pela esperança.

Porém, não nos basta só o tempo presente, ele nos enfada e traz aborrecimentos. Somos saudades porque temos história e somos históricos. Somos também esperança porque projetamos nossa vida para futuro.

Projetamos nossa existência para um horizonte trans-mundo na busca do definitivo ainda que, estejamos no mundo provisoriamente. Essa busca de novos horizontes não está ao alcance de nossas mãos. Será que alcançaremos esse horizonte como projeto de vida? A experiência vivencial mostra que quanto mais caminhamos, mais o horizonte se expande e vai se abrindo em novas perspectivas. Somos seres de projetos e trajetos aliás, o que justifica a nossa vida é a qualidade do nosso projeto.

A pergunta razoável que se põe é indagar sobre a motivação do porquê estamos neste mundo provisório. Pois, o que nos anima a caminhar é o motivo de nossas ações e se realiza nos projetos de vida que escolhemos. O que é na verdade, ser humano? E o que é o mundo? O Ser humano e o mundo são mistérios insondáveis.

O mistério faz parte do limite de nosso conhecimento. Criamos a arte e buscamos a religião na tentativa de consumar aquilo que buscamos como sendo o definitivo. Por isso, criamos os símbolos e os ritos, antecipando a promessa do encontro com Deus. É aqui que nasce o princípio da esperança e do sagrado. A nossa passagem é a busca que dá sentido à Esperança que, segundo São Paulo, não nos engana.

Perguntar pela identidade de uma pessoa é perguntar pelo seu projeto de vida. A referência do ser humano enquanto estradeiro deste mundo, é sua obra. Fundir a vida na obra é a concretude e o objetivo fundamental de estarmos aqui.

Inventamos os temperos e choramos os nossos mortos. Ausência de um ente querido está guardada na saudade e na esperança. E o que nos ajuda nesta espera ativa é a amizade. Viver sem amizade é não passar pelo sabor da vida. Morrer sem deixar amigos, é apenas morrer sem gerar a semente da Esperança.

Ir ao cemitério no dia de hoje é, acima de tudo, celebrar o encontro da amizade que teve um começo e nunca um fim. Falamos de finados não como acabamento, mas como a vida que não finda.

Assim, morrer é uma sábia conclusão de vida.

José André da Costa – Profº IES: Fac. Integradas da Am. do Sul – INTEGRA.