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Chuvas-Tragédias e Grana

A realidade do RGS, na região das últimas chuvas concentradas que provocaram mortes e destruição foi mais do que a repetição de um aviso das alterações climáticas pelas quais todos nós passaremos. Uma quantidade de irresponsáveis e embusteiros, contudo, continua negando a realidade.

Redação

São Paulo, 09/05/2024
3,5 Minutos

Contudo, ainda não acabou. Novas formações de nuvens carregadas estão no ar prontas para se precipitarem. Porém, as questões estão em terra e quem sofre são os mais pobres. Tiveram de morar em regiões abandonadas pelo estado, sem organização, equipamentos sociais e cuidados mínimos com o ser humano. Mas, não falta PM, que a serviço das elites reforçam o terror de ser pobre e viver em pleno desterro. Como a Gaza brasileira. Na verdade existem diversas Gaza tupiniquins.

Dando a real, como diria o jovem Leandro Demori The Intercept e TV Brasil – a geografia da região afetada pelas enxurradas é totalmente formada por aquíferos a “flor da pele”. Cercada e enredada num complexo de rios, riachos, córregos, lagos e lagunas que abrangem várias cidades no entorno. Deste modo, caberia aos atuais políticos, prefeitos e governadores de legislaturas passadas tomar as providência necessárias para evitar os desastres, que podem ser tidos como naturais, mas não o são somente.

Falta de manutenção, prevenção e atitudes concretas

A cidade Porto Alegre, como outras nesta região do estado do Rio Grande do Sul, bem como em todo país, sofre(m) de problemas sérios de infraestrutura básica de saneamento e esgotamento das águas. Olhando o mapa do local pode-se perceber que a capital do estado, a cidade de Porto Alegre está do lado Nordeste do ‘lago’ Guaíba. As outras cidades da grande região metropolitana de Porto Alegre estão na outra margem. O atlassocioeconomico.rs.gov.br está fora do ar, mas o site da Secretaria de Planejamento do estado oferece um e.book de 2022 (limitado por razões dos editores) e não disponibiliza as ações deste ano

O lago tem mais de cerca de 19 Km de largura máxima em sua extensão horizontal e aproximadamente 50 Km de comprimento. Esta condição territorial e geográfica lhe confere as características de rio, segundo protocolos geográficos. É um corpo de água considerável abastecido por uma rede intrincada de canais dentre os quais se destacam 5 grandes rios que nele desembocam. (veja no mapa abaixo.)

Chuvas-Tragédias e Grana
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), suas cidades , 4 rios e o Guaíba. (Img WEB)
Para além da Geografia

A situação atual do Guaíba, e por conseguinte, o modo como deveria ser tratado é , desta forma uma inadequação da ação política (portanto humana) dos últimos governantes do estado e das cidades da região. Ao não considerarem os diversos estudos e análises feitas por cientistas e pesquisadores da geografia, climatologistas, do engenheiros, ecologistas e urbanistas, entre outros, abriram mão de cuidar não só da população local, bem como do território. Foram no mínimo displicentes e preguiçosos.

Há cerca de 25 anos a prefeitura local e os governadores, fazem vistas grossas aos avisos dos estudiosos e definiram, baseados em interesses econômicos, o Guaíba como sendo um lago. Na verdade, ele é um escoadouro de 5 fozes dos 5 grandes rios – Jacuí, Sinos, Gravataí, Cai e Tapa – e outros afluentes menores que os alimentam e formam. Além disso, recebe a carga suja dos efluentes humanos vindo das cidades que começaram a inchar, por falta de planejamento, estrutura, e mais uma vez displicência, preguiça, e adicione-se: interesses escusos.

Da mesma data, ou proximamente a ela, a construção de 24 barragens para conter prováveis situações como estas atuais, deixaram de ser cuidadas e tratadas como deveriam os responsáveis pela coisa pública. Destas, apenas de 4 a 6 segundo informações, passaram por reformas e manutenção, e agora estão sendo monitoradas.

Chuvas-Tragédias e Grana
O ‘lago’ Guaíba recebe as águas de 5 grandes rios e deságua na lagoa dos Patos – RGS. (Img Web)
Décadas de abandono

Em seu segundo mandato, o atual governador apoiador de Bolsonaro teria tido bastante tempo para executar os reparos necessários, mesmo porque esta é a terceira onda de impacto que as aguas do Guaíba e seus rios causam na região. Amigo de Doria, ex-governador do estado de São Paulo, outro “bolsonarista arrependido“, adeptos do glamour e pompas do cargo, seus 6 anos de gestão até aqui, não foram em vão. Tiveram um destaque: o aumento das alíquotas do ICMS (imposto estadual sobre a circulação de mercadorias e serviços)* . Isso fez a arrecadação do estado dar um salto. Contudo, e ainda assim, não impediu o aumento de dívida do estado de chegar a casa dos R$100 bilhões. Bastante dinheiro, não?

Dinheiro, mortes, destruição, muita lama e água suja

Entretanto, ele herdou esta dívida. Quer saber quem são os outros responsáveis políticos, empresários, economistas, advogados, contadores, jornalistas e apoiadores das últimas gestões? Basta ver quais foram os governadores e secretários de estado do ano 2000 para cá a ocuparem cadeiras no Palácio Piratini. Eles acumularam riqueza, se divertiram, estão todos bem estabelecidos no estado e em suas cidades. Todos brancos a exceção de Alceu Colares (hoje com 96 anos). O atual recebe um salário de R$ 35.460 (ou R$ 460 mil por ano, se contarmos o 13º, mas sem os subsídios e benefícios incluídos).

O aumento autopromovido atendeu também o vice-governador, os secretários e todos os 55 deputados. Juntos os deputados levam R$ 1.620 milhão por mês (R$ 19.440 milhões por ano) do tesouro gaúcho. Dava para ajudar bastante a vida dos contribuintes afetados pelas águas de maio. Não?

Já o prefeito da capital Porto Alegre assinou recentemente um decreto para aumentar o próprio salário para R$ 34,900 Mil / mês. 70% a mais sobre os atuais R$ 21,400 mil reais. Ele leva R$ 455 mil reais por ano. Claro, vice-prefeito, secretários e os 35 vereadores (R$ 17 mil cada um) estão na farra, com 13º e mordomias embutidas. Juntos, sem contar os secretários e o vice prefeito, eles custam ao tesouro portalegrense cerca de R$ 1,5 milhões por mês (ou R$ 18,980 milhões por ano).

O que importa para eles?

Assim, na soma básica, ambas as casas Assembleia Legislativa (deputados estaduais) e Câmara de Vereadores (só de Porto Alegre) e seus chefes políticos do executivo, sem contar secretários e verba de gabinete a que todos têm “direito” os valores chegam aproximadamente a exuberante soma de R$ 38 milhões e 420 mil reais por ano.

Uma pergunta inocente: pensa no Brasil, como um todo. Senso assim, acredita que estes números justificariam um golpe de estado? Bem que tentaram… Desistirão?

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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