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O Trem do meu Destino

“Um dia, no começo daquela década turbulenta, meu pai me chamou para me dizer, ironicamente:  _”Filho, você quer fazer política para endinheirar?”

Redação

Guarujá, 08/02 de 2022.

1 Minuto

Minha cabeça girou. Seria eu um fantasista, um sonhador, um maluco utópico? Não se podia fazer política numa luta honesta por um mundo melhor, mais humano? Meu pai me dava um banho de água fria, um tapa na cara. Eu era jovem, talvez não soubesse tudo… talvez tudo sempre terminasse em dinheiro… mas não, não! Eu era movido pelos mais puros e duros ideais, tinha certeza disso!

          – Não! – respondi. – Não, de forma alguma. Quero fazer política pensando nas pessoas, jamais no bolso, meu ou de quem quer que seja.

          Ele baixou a cabeça, coçou o queixo. Depois, fitou-me com aquela seriedade de homem convicto, que acredita se apoiar no mundo como ele é, foi e sempre será:

          – Se for por interesse público, desista já –, disse, pondo fim àquela cena que deixou profundas cicatrizes em minha vida.”

O Trem do meu Destino
  Capa do livro de José Manoel Ferreira Gonçalves. (Img. cedida)

Orelha:   Os vários caminhos que percorre o autor deste livro, desde sua meninice pelas ruas do Brás, em São Paulo, até sua luta recente pelo impeachment de Bolsonaro, convergem todos de alguma forma para um ponto comum: o despertar de uma consciência coletiva.

O leitor encontrará aqui o menino burguês que, de dentro do confortável carro da família, vê um garoto pobre morrer eletrocutado na rua, por ter que voltar a pé da escola em plena tempestade. Verá este mesmo menino, já um estudante universitário indignado com as desigualdades do sistema, ouvir do pai, abastado construtor civil, que ninguém entra em lutas políticas se não for por dinheiro.

E verá este jovem, vida afora, travar constantes lutas por justiça social: no movimento universitário, contra a opressão promovida pela Ditadura Militar nos Anos de Chumbo; presidindo a Ferrofrente, em embate firme e constante pelo ferroviarismo democrático; contra os desmandos das elites gananciosas no Porto de Santos, no CREA-SP, em Brasília. Onde quer que alguns poucos concentrem interesses pessoais em detrimento de condições melhores de vida para o povo brasileiro, lá está o autor apontando suas mais afiadas armas: o discurso e a caneta.

A trajetória férrea de José Manoel Ferreira Gonçalves, como os trilhos de trem que tanto defende para transportar o povo e a produção dos menos favorecidos, sem poluir tanto nosso país e com gastos muito menores de energia, é a de uma inteligência que desperta para o outro, para todos os outros. Seu intuito, que cresce em determinação e clareza ao longo da vida (e do livro), é sempre levar nosso povo a um lugar digno no futuro: o lugar em que a justiça social e a liberdade democrática promovem o crescimento de uma nação forte, justa e solidária.

José Manoel Ferreira Gonçalves – Formado em Direito, mestrado e doutorado na área ambiental – Doutor em Engenharia de Produção.
Livros: Ferrovias; Ferrovia Essencial; Ferrovias Paulistas; História das Ferrovias do Brasil; O Brasil nos Trilhos; Despoluindo sobre Trilhos e Engenharia em Chamas – editados pela Kotter. Presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (Ferrofrente) e integrante do movimento Engenheiros pela Democracia.
Coordenador geral da Associação Guarujá Viva (Aguaviva)

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP