EducaçãoPedagogos(as)Sociedade

A Práxis Pedagógica Transformadora

A construção de uma pedagogia transformadora para uma educação emancipada exige lucidez epistemológica no processo de ensino-aprendizagem.

José André da Costa

Caldas Novas – GO. 09/07 de 2021.

1 Minuto

Só se consegue algo desta natureza com reflexões engajadas na emancipação humana e com dedicação a pesquisas comprometidas com a ação político-pedagógica, mostrando que a habilidade epistemológica é uma práxis[1] da ação pedagógica participativa. A práxis, a linguagem, o diálogo e a intersubjetividade são categorias condutoras do trabalho pedagógico.

Elas são os elementos integradores do processo pedagógico, como instrumento de transformação social, gerador de um novo ser humano e, consequentemente, de uma pedagogia humano-emancipadora.

O ser humano como sujeito condutor de processos é o ser da práxis e do diálogo. Sem esta compreensão do ser humano a categoria de práxis ficaria presa a um esquematismo vertical, num determinismo histórico-cultural. O ser humano se vê e se concebe num processo de autogênese que, ao influenciar e ser influenciado pela realidade histórica, constrói sua identidade como práxis intersubjetiva.

Na linguagem aparece o esforço analítico-hermenêutico para contribuir e imprimir maior rigor no uso dos conceitos, exigindo deles lógica interna, combinando dialeticamente racionalidade e reflexibilidade. A racionalidade lógico-dialética é um olhar crítico sobre a realidade.

O papel do pedagogo/a é empreender esforços epistemológicos, visando a “criar” uma práxis transformadora com um mínimo de consenso, em vista da convivência humana, em ação orgânica, restabelecendo permanentemente a racionalidade ética e a linguagem racional.

Teoria – razão – ação
A Práxis Pedagógica Transformadora. Paulo Freire.
A Práxis Pedagógica Transformadora. Paulo Freire (Foto: Internet)

A educação bancária tende a legitimar a própria sociedade que a originou, mesmo que do ponto de vista do discurso estejamos avançados.  No “discurso pedagógico”, existe uma espécie de “educação invisível”, que se dá através de nossas ações, presente no próprio funcionamento do processo político pedagógico.

A nossa tese de fundo é afirmar que não é suficiente fazer discurso sobre a pedagogia libertadora, mas que é preciso fazer o caminho histórico-crítico para eliminar a distância entre a intenção e a ação.

O papel libertador da Pedagogia

Dado o exposto, fica evidenciado que é preciso coragem teórica e definição política para implementar o papel emancipador da pedagogia. Mas isto não acontece sem utopia. O horizonte utópico é fundamental para confeccionar uma reflexão comprometida com o papel libertador da pedagogia. É preciso ficar atento para não instrumentalizar a utopia, imanentizando-a num projeto político apenas.

Perder a utopia em nosso processo político pedagógico significa não acreditar na possibilidade de mudança e fechar-se no imperativo da imanência, cristalizando a pedagogia, impossibilitando o processo dialógico. A utopia não existe sem o diálogo vivido e muito menos sem o sonho. Por outro lado, a pedagogia não existe sem o desejo. E o desejo é o alimento do sonho, pois a pedagogia sem o desejo e o sonho torna-se adestramento e paralisia intelectual.

Afinal, somos seres humanos que sonhamos e que desejamos fecundar a história abrindo perspectivas de novos horizontes, com uma práxis pedagógica emancipadora, que conjugue o ainda-não com o já-possível.


José André da Costa – Profº IES: FACULDADES INTEGRADAS DA AMÉRICA DO SUL – INTEGRA. Caldas Novas GO.

[1] Práxis é entendida como ação do humano sobre humano, é a relação Sujeito-Sujeito.

Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

Fechado para comentários.