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As Mentiras do Ocidente

Coleção África, presente! Negritude e luta antirracista.

Redação

São Paulo, 09/11/2022

2 Minutos.

Mais do que oportuna, coleção da Selo Negro Edições propõe um novo ponto de vista sobre a história da África e das populações indígenas. Refutando o eurocentrismo, pensadores atuais reconstroem o conhecimento a partir da ótica de negros e índios, sempre se baseando na ciência. O primeiro volume confronta as bases sociais, culturais, econômicas, filosóficas, políticas e intelectuais que sustentaram o pensamento euro-ocidental até aqui.

A mais nova coleção da Selo Negro Edições, África, presente! Negritude e luta antirracista, coordenada pelo antropólogo e docente da Unesp Dagoberto José Fonseca, reúne reflexões e análises de pensadores e estudiosos com o objetivo de descontruir pseudoverdades científicas.

Inspirada na coleção História Geral da África, trabalhada desde 1964 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a coleção pretende ser um espaço de produção e divulgação do pensamento não hegemônico acerca de africanos, afro-brasileiros e indígenas, construindo assim novas categorias, metodologias e conceitos autênticos da realidade social.

A proposta é legitimar o pensamento destituído de paradigmas, conceitos e metodologias euro-ocidentais e se contrapor a essas bases que tanto contribuíram para fomentar e aprofundar os racismos e suas vertentes mais funestas em todas as esferas da sociedade. Também busca propiciar a reescrita da história dos povos escravizados — inclusive antes da chegada dos conquistadores europeus —, a fim de sistematizar os valores civilizatórios, as culturas e as formas de expressão dessa humanidade inegavelmente filha da África.

A Coleção África, presente!, portanto, é um esforço criativo, crítico e coletivo de gerações de intelectuais e estudiosos que no hemisfério sul, em especial no Brasil, procuram derrubar velhos paradigmas epistêmicos e simultaneamente permitir que se vislumbre outros horizontes científicos. Esse, aliás, é o objetivo central do volume 1, As mentiras do Ocidente (Selo Negro Edições, 192 p., R$ 84,40).

As Mentiras do Ocidente
Do primeiro ao último humano. Fundamentos. (Capa do Livro)

Questões que perpetuaram falsos ensinamentos por milhares de anos começam a ser desmontadas. “A obra aponta diferentes caminhos teórico-metodológicos e novas bases epistêmicas e paradigmáticas a partir do continente africano.

As Mentiras do Ocidente também traz para o diálogo a produção e o conhecimento das populações indígenas originárias do Brasil, a fim de contribuir com o processo de construir novos — ou não tão novos — referenciais para o saber-fazer-saber sistêmico que ora chamamos também de ciência”, afirma Dagoberto, que também é autor de um dos capítulos do livro.

As Mentiras do Ocidente traz filósofos, sociólogos, cientistas sociais, historiadores e pensadores brasileiros e africanos, além de duas indígenas, e suas contribuições para o assunto com os seguintes artigos:

Ptahhotep e a filosofia como modo de vida, de autoria dos filósofos e docentes Renato Noguera e Alexandre de Lourdes Laudino.

O Ocidente mente — uma mente por detrás do Ocidente — a “ciência” é tema do coordenador da Coleção e organizador do Volume 1, Dagoberto José Fonseca.

Pós-eurocentrismo e democracia africana: perspectivas a partir do pensamento africano contemporâneo é a contribuição do historiador Muryatan S. Barbosa.

Maât-Ubuntu como paradigma para pensar a unidade, a diversidade e a emancipação africanas, escrito pelo filósofo congolês Bas’Ilele Malomalo.

Afroperspectiva: uma proposição teórico-metodológica, da cientista social e educadora Tatiane Pereira de Souza.

Angolanidade: afirmação consciencial da africanidade, assunto do antropólogo angolano Patrício Batsîkama.

Ecologias da proteção e da (lou)cura no contemporâneo dogon: narrativas e poéticas, da antropóloga e docente Denise Dias Barros.

Os corpos coletivos contracoloniais e a resistência ancestral, tema de Kowawá Kapukaja Apurinã, que leva a etnia no sobrenome, e Bruna Jeguakai Nhandeva Charrúa, da tribo guarani nhandeva.

Com lançamentos programados para 2023, os próximos volumes terão os títulos Mulher negra e ancestralidade e Racismos.

As Mentiras do Ocidente
Raízes inegáveis da humanidade. (Img. Web)

O coordenador da coleção e organizador do volume Dagoberto José Fonseca tem graduação, mestrado e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e livre-docência em Antropologia Brasileira pela Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Araraquara.

Coordenou o Projeto Interdisciplinar do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica à Docência (Pibid), vinculado a Capes/MEC; foi assessor da Comissão Nacional da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; e é parecerista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Pela Selo Negro Edições, é autor dos livros Políticas públicas e ações afirmativas, da coleção Consciência em Debate, e Você conhece aquela? A piada, o riso e o racismo à brasileira.

Título: As mentiras do Ocidente – Coleção África, presente! Negritude e luta antirracista – Volume 1

Organizador: Dagoberto José Fonseca – Editora: Selo Negro Edições –  Páginas: 192 (17 x 24 cm) – ISBN: 978-65-998837-1-2 – www.gruposummus.com.br

 

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