Mulher – Fertilidade – Estresse

Estresse e alterações na fertilidade feminina tem relações. Este artigo procura mostrar quais são, com ressalvas à individualidade de cada uma.

 

 

Redação

São Paulo, 10/05/2023

1,8 Minutos.

No mundo contemporâneo, o estresse é cada vez mais comum. O que pouca gente sabe é que esse mal-estar, tão corriqueiro em nossos dias, pode se transformar em algo que impacta na fertilidade, sobretudo em relação ao ciclo feminino. Há décadas, estudiosos têm se debruçado sobre o assunto e já nas pesquisas iniciais era considerada a possibilidade de um evento estressor ser capaz de trazer alterações à função reprodutiva, como irregularidade menstrual, amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade.

Se imaginarmos nosso corpo como uma orquestra, na música ‘perfeita’ é fundamental tudo estar afinado. Cada instrumento alinhado, dialogando com o outro, dentro da harmonia. É o que explica a ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana e integrante da Famivita, Dra. Malu Frade.

“Assim é a função reprodutiva. Ela deriva de diferentes mecanismos, que contemplam desde o sistema nervoso central, a hipófise e os ovários, passando por estruturas endócrinas e órgãos. Para que ocorra ciclagem menstrual, é necessário que haja uma função ovulatória regular. Isso vai depender, além da questão anatômica de diversos elementos do eixo reprodutivo, de uma sincronia entre as interações deles”, enfatiza.

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A médica pontua que a presença do estresse tem o potencial de ativar o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano. Isso pode cessar a menstruação de modo temporário, resultando em infertilidade transitória. Nessa engrenagem, destacam-se vários sistemas regulatórios, tendo como alguns dos atores principais os hormônios, as conexões nervosas e os neurotransmissores. Relacionados a isso há estudos, inclusive, apontando alto nível de ansiedade, com menor chance de gravidez, em mulheres submetidas à inseminação artificial.

“Referente às mulheres tentando engravidar, por exemplo, às vezes o nível de estresse é tão alto, naquela fase em que está havendo a busca pela gestação, que pode resultar na paralisação do ciclo por um tempo, o que vai dificultar ainda mais a concepção”, explanou. Contudo, na prática é difícil estabelecer com precisão esse elo entre estresse e ciclo. Afinal, cada organismo é único, diferindo, obviamente, a resposta de cada mulher a um mesmo evento enxergado como estressor, esclarece.

Porém, não é só isso que afeta o ciclo e, por tabela, a saúde reprodutiva feminina. A perda excessiva de peso, anorexia e exercícios físicos extenuantes também figuram entre os fatores, acrescenta. A respeito disso, ela adverte que se a menstruação atrasar por mais de três ciclos seguidos, é essencial procurar um médico para saber o motivo.

Atrasou. E agora?

“Excluída a hipótese da gravidez, é preciso ter em mente que a amenorreia é um dos sintomas de diferentes condições clínicas. Ainda há a síndrome dos ovários policísticos, menopausa precoce, doenças uterinas, entre outras causas”, assinala.

A Dra. Malu destaca, por outro lado, a necessidade da infertilidade conjugal ser observada sob uma ampla perspectiva. Este é um problema não apenas de natureza médica, mas também de caráter psicológico e social. “Abrange, ainda, vale enfatizar, tanto a fisiologia feminina como a masculina”, finaliza.

 Malu Frade  -Médica ginecologista e obstetra – Famivita