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Olhares Incertos – Chuvas

Um Carnaval atípico, nesse ano de 2023, se confirmou. As chuvas nas regiões costeiras do Sudeste (SP – principalmente) e RJ foram muito além do alarmante.


Lara Fernanda Modolo Ducci

 

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informou : “Há previsão de chuva persistente e volumosa a partir da tarde desta sexta-feira (17), se intensificando a partir da noite principalmente na Baixada Santista e Litoral Norte e se estendendo de forma intermitente até a terça-feira.”

Em entrevista à CNN, nessa segunda-feira (20), o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden, Osvaldo de Moraes, afirmou que a Defesa Civil e o governo de São Paulo foram avisados na sexta-feira (17) sobre o grande volume de chuva esperado para o litoral norte paulista. Segundo ele, a tragédia na região é resultado de uma frente fria extremamente intensa e anômala que avança pelo país vinda da região Sul. “Não me recordo de ver 600 mm de chuva em 24 horas”, comentou. 

De acordo com dados da Defesa Civil, entre sábado (18) e domingo (19), choveu as seguintes quantidades por região: – Bertioga: 683 mm (média de fevereiro: 347 mm); São Sebastião: 627 mm (média de fevereiro: 303 mm); Guarujá: 395 mm (média de fevereiro: 234 mm); Ilhabela: 337 mm (média de fevereiro: 303 mm); Ubatuba: 335 mm (média de fevereiro: 290 mm); Caraguatatuba: 234 mm (média de fevereiro: 287 mm).

“Levantei cedo, na segunda-feira (20) e, resolvi dar uma volta pelos bairros, para avaliar a dimensão e o cenário posto, pelo excesso de chuvas, aqui na cidade do Guarujá. Nada que não estamos acostumados verificar, ruas com excesso de lama e possas d’água, pessoas limpando suas residências e comércios que foram inundados pelas águas, árvores caídas, canais transbordando, entre outros.

A cidade está literalmente imersa em água e, dessa vez, atingiu residências em diversos locais. A tragédia poderia ter sido ainda maior se as precipitações tivessem se concentrado nas encostas, onde temos moradias em área de risco por alta inclinação, que são mais suscetíveis a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres climáticos.

Olhares Incertos - Chuvas
Erros grosseiros de um má engenharia encomendada. Asfalto casquinha. (Img Web)

Nesse exercício, o que mais me chamou a atenção, foi o número pessoas que estão ao relento, nas ruas e avenidas, abrigadas em logradouros públicos, em nossa cidade. A população em situação de rua teve um aumento expressivo, principalmente nesses últimos anos, também em função da pandemia de Covid-19.

Parando para conversar 

Situações análogas – A maioria das pessoas que estão em situação de rua, não trabalham formalmente, trabalham por conta própria, fazendo bicos como, cuidar de carros estacionados, recolher material reciclado nas praias, capinar as calçadas das casas.

Entre os motivos elencados por eles, para estarem nesta situação, estão: conflitos familiares, perda de trabalho e renda, dependência de drogas e álcool, decisão por saírem de casa. A maioria manifesta o desejo de sair das ruas, ter uma moradia, um emprego fixo, resolver conflitos familiares e pendências financeiras. Muitos são naturais de outros estados.

Enfim, somos capazes de prever fenômenos meteorológicos que possam acarretar risco de desastres naturais relacionados ao clima, mas incapazes de erradicar a pobreza, eliminar a miséria e as brutais desigualdades sociais. A Baixada Santista tem o maior déficit habitacional do Estado de São Paulo, excetuando-se a Região Metropolitana de São Paulo. Segundo levantamento do Governo Paulista este número ultrapassa 85 mil moradias.

O adensamento excessivo de domicílios em área de risco, equivale a 6% das residências da região. Verifica-se um estado precário de moradias, superlotação, coabitação familiar, irregularidades da propriedade. O número de barracas, identificadas como moradias improvisadas, aumentou. Faz-se necessário refletir sobre os elementos que constituem o direito a uma habitação digna e os desafios da construção de uma política habitacional.

O Estado precisa de medidas urgentes e emergentes. Ações de enfrentamento e políticas de combate à fome, à miséria, à pobreza, à violência, vinculadas à promoção do trabalho.

Promover o planejamento e a articulação de ações de caráter regional, com obtenção e destinação de recursos públicos e privados, para a implantação de importantes políticas públicas, executadas para melhoria na qualidade dos serviços públicos prestados e das políticas sociais. Criar um grande programa público de investimento em infraestrutura e equipamentos sociais em nossas cidades.

Considerando os desafios presentes, é preciso gestão séria, competente!


Lara Fernanda Modolo Ducci – Engenheira Civil. Conselheira da CNTU e Tesoureira da AGUAVIVA. Especialista em Saúde Pública, Resíduos Sólidos Domiciliares e Impacto Ambiental, Petróleo e Gás Natural, Gestão Escolar e Gestão Pública. Professora da SEESP.

 

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Redação

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