Ucrânia: Guerra como Negócio
Uma guerra, um conflito armado sempre mobiliza pessoas. Para o bem, às vezes, mas sempre para o mal, onde estas ocorrem e se organizam há movimento da economia. Há os que defendem tais eventos com afirmativas do tipo: “as tecnologias derivadas da indústria bélica, na saúde, nas comunicações, nos transportes etc, evoluiriam a partir dali.” Ora, chegaríamos, no futuro ao mesmo ponto? Quem tem pressa? Um estudo feito pelo historiador egípcio, naturalizado inglês, Eric Hobsbawn já ponderou em seu livro A Era dos Extremos sobre o binômio guerra x desenvolvimento. A questão pode ser: o que é inevitável? Possibilismo ou Determinismo? Ponderamos sobre o acaso ou temos controle sobre tudo?
Belo Horizonte, 10/05/2022.
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Quem lucra com a Guerra da Ucrânia? Quem perde todos sabem: a Ucrânia, com a vida de seus cidadãos, infraestrutura, e o patrimônio das pessoas; a Rússia, com a vida de seus soldados, sanções econômicas, e maior instabilidade política interna; a Europa, com a inflação, instabilidade no fornecimento do gás russo, e o aumento da corrente migratória; os Estados Unidos, com a inflação, e a alta de juros; o mundo, com a inflação, a quebra das cadeias produtivas, e a crise alimentícia que se instala. Por que então todos insistem em uma guerra onde aparentemente todos perdem? Alguém tem que estar lucrando com a situação!
A Ucrânia é um país com 44 milhões de habitantes, PIB de USD 155 bilhões, e renda per capita anual de USD 3.500,00, muito abaixo a renda per capita média mundial de USD 11.300,00. A Rússia, no uso da doutrina da “Ameaça Existencial”, veta a Ucrânia na OTAN com mísseis nucleares em suas fronteiras. Os Estados Unidos e a OTAN não vão intervir diretamente no conflito já que a Ucrânia não é parte da organização. A Ucrânia luta uma guerra a qual, como todos sabem, não pode ganhar.
Produção de dor e riqueza
Além de cerca de USD 3 bilhões em armamentos já enviados pelos Estados Unidos e Europa para a Ucrânia, os Estados Unidos intencionam chegar a USD 33 bilhões de ajuda militar, ou seja, o equivalente a mais de 20% do PIB da Ucrânia. Certamente que o interesse não é humanitário, posto que este valor nunca foi oferecido à Ucrânia em tempos de paz.
Na Segunda Guerra Mundial, morreram 24 milhões de soldados e 49 milhões de civis, no total de 73 milhões de pessoas; 27 milhões de russos; 6 milhões de judeus. De 1939 a 1945, o PIB total dos países Aliados cresceu 31%, e dos países do Eixo caiu 24%. Dentre os Aliados, o PIB dos Estados Unidos aumentou 70%, de USD 870 bilhões para USD 1,47 trilhões; a Inglaterra aumentou 15%, de USD 290 bilhões para USD 330 bilhões; a França caiu 50%, de USD 200 bilhões para USD 100 bilhões; a Rússia caiu 6%, de USD 370 bilhões para USD 340 bilhões. Dentre os países do Eixo, a Alemanha caiu 19%, de USD 380 bilhões para USD 310 bilhões: a Itália caiu 39%, de USD 150 bilhões para 90 bilhões; o Japão caiu 24%, de 180 bilhões para 140 bilhões.
Os Estados Unidos têm a expectativa de aumentar sua influência política e econômica no mundo com o enfraquecimento da Rússia e da Europa. A China também, em consequência de ser a segunda potência e por não ter sido atingida ou atingível por qualquer tipo de sanção ou restrições comerciais. Mas estes ganhos seriam a médio e longo prazo.
A curto prazo, ganha a indústria armamentista diretamente envolvida no conflito, a indústria petrolífera devido à alta dos preços do petróleo e com interesses estratégicos na nova distribuição mundial, e a indústria alimentícia por decorrência da crise na alta dos preços.
Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus