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José Pacheco e a Educação no Brasil

Em entrevista do ano passado, o pedagogo português afirma que o fechamento de escolas públicas em São Paulo “é escabroso”.

Portal Namu

São Paulo, 13/08 de 2020

1 Minuto

José Pacheco, pedagogo português, criador da Escola da Ponte, avalia os porquês, e faz críticas e afirmações incisivas, objetivas a educação brasileira.

Eu tenho 47 anos de chão de escola com projetos que provaram excelência acadêmica, inclusão social etc. Perdoe-me a minha arrogância, mas é assim.

Assim, e preciso que os professores se organizem como uma equipe dentro das escolas e assumam o projeto politico pedagógico delas. O que acontece hoje é que os projetos que estão escritos não são feitos na prática.

Infelizmente, há uma conivência do poder público e das secretarias em relação a isso. Eu sempre digo: ter aula, turma etc. não tem fundamento científico nenhum. Aula no século XXI é um escândalo!

Se os professores têm consciência disso, com prudência – porque a criança não é cobaia –, em equipe, fundamentados na ciência e na lei, podem devagar ir modificando a sua prática. Isso é possível. Eu acompanho mais de 200 projetos no Brasil.

Por exemplo, o trabalho no Projeto Âncora, é uma prova de que é possível. Crianças que foram “jogadas para fora” da escola com 10 anos estão estudando conteúdos da grade curricular do ensino médio.

Então, é possível. O problema é que os institutos são geridos pela burocracia e não são governados pela pedagogia. Essa é a questão. É por isso que eu falo do silêncio dos pedagogos, porque todos sabem disso, mas ninguém reage. Ou melhor, alguns reagem. Poucos.”

Atualmente, José Pacheco é um dos maiores expoentes de um novo modelo de educação. Seu trabalho na inovadora Escola da Ponte em Portugal é hoje mundialmente reconhecido.

INTERVIR NA EDUCAÇÃO É URGENTE

Com o tempo, após anos na coordenação do modelo pedagógico dessa instituição, Pacheco se mudou para o Brasil. Atualmente, ele “anda como um louco” pelo país acompanhando projetos transformadores de ensino e aprendendo com os outros, como ele mesmo costuma dizer.

Porém, para Pacheco, ele é simplesmente o professor Zé, um aposentado da escola, mas não da vida.

Essa é a segunda vez em que o educador português fala ao Portal NAMU sobre os rumos para educação no Brasil (os três vídeos do encontro anterior podem ser vistos aqui).

Na entrevista concedida após um debate sobre os rumos da educação brasileira no Centro Cultural da Juventude na capital paulista, em outubro de 2015, ele reitera que o Brasil tem tudo o que precisa para ser um modelo na educação e que é preciso abandonar essa cultura educacional retrógrada, europeia, fruto da Revolução Industrial, estabelecida como a única possível.

Então, para José Pacheco a educação no Brasil tem de ser indagada, em tudo e todos. “Não basta reconfigurar a escola, mas é preciso”, assegura. Ele questiona uniformes, transporte escolar, cargos, salários, férias, laboratórios de informática, salas de aula, paredes e muros.

Então, desconstrói até aquilo que parecia imutável do que conhecemos de ensino fundamental. “Como criar cidadãos autônomos se os professores não são autônomos, se a escola não é autônoma?”, indaga o professor.

Desta forma, para uma mudança ser feita, segundo ele, todos tem de se envolver. Dos pais e professores até as políticas educacionais dos municípios, estados e do Ministério da Educação.

“Nós temos que intervir no que está acontecendo no governo do Estado”, instiga falando sobre os atuais desmandes acontecidos na gestão pública da educação do país.

Leia a íntegra da entrevista .

Vídeo com José Pacheco

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP