DestaquesNacionalPedagogos(as)SaúdeSociedade

Educação ‘Pós-Pandemia’ – Desafios

Adaptar-se frente ao novo cenário educacional imposto pela pandemia foi (e é) desafiador.

Redação

São Paulo, 16/08/2022.

3 Minutos.

Afastados das instituições de ensino, todos os atores deste ecossistema enfrentaram enormes obstáculos para promover e se adequar a um aprendizado eficaz à distância, como alunos, professores, pais e gestores que fazem parte deste universo. Ainda assim, em meio a tantas lições aprendidas, muitos pontos ainda demandam atenção, cuidado e aperfeiçoamento.

A pouca experiência para transpor a qualidade do ensino presencial ao universo online, aliada à falta de suporte adequado na adaptação a essa nova realidade, trouxeram prejuízos significativos para o dia a dia de todos os envolvidos nesse processo – principalmente, mas não somente, em se tratando da saúde mental.

Como prova disso, um estudo realizado pela Secretaria da Educação e o Instituto Ayrton Senna revela que 70% dos alunos brasileiros tiveram sintomas de depressão e ansiedade ao longo da pandemia. Junto a eles, cerca de 72% dos professores também relataram que sua saúde mental foi severamente afetada, em pesquisa desenvolvida pela Nova Escola.

O bem-estar de todos esses membros é a peça-chave para a construção de um ecossistema educacional saudável e próspero em seu objetivo. Por isso, é essencial identificar as principais mudanças sentidas por cada um desses atores para, a partir disso, criar estratégias que busquem oferecer alternativas para tais questões. Veja, em detalhes, cada um desses pontos:

#1 Gestores Educacionais: considerados como o grande pilar das instituições, foram alguns dos que mais tiveram que tomar decisões referentes às estratégias que seriam adotadas durante a pandemia. Esse profissional, essencial para mediar esse ecossistema, compreender as necessidades individuais, gerir a instituição de forma sustentável e apoiar todos os envolvidos, precisou e ainda precisa, em muitos casos, tomar decisões e lidar com questões de forma individual e solitária. Entretanto, pouco tem se debatido sobre a importância de um apoio para esses profissionais.

#2 Professores: na linha de frente de todo esse processo, enfrentavam, desde antes da pandemia, enormes desafios em adequar o processo de ensino-aprendizagem ao novo contexto educacional. Em meio ao isolamento social, a reinvenção de suas práticas em sala de aula foi mandatória – tendo que buscar novos caminhos e práticas alinhados com a nova realidade. Afinal, ficou ainda mais claro que o formato tradicional de ensino não mais atende às necessidades.

[N.E.: necessidades de professores e alunos].

Educação 'Pós-Pandemia' - Desafios
Mudanças e precauções deverão sempre ser adotadas, em todos os níveis (Img. UNICEF)

#3 Pais: que durante a pandemia se encontraram imersos no processo de aprendizado de seus filhos, passaram a compreender, com muito mais clareza, o que acontecia nas salas de aula, criando uma relação de empatia.

Com a volta dos alunos às escolas, a manutenção deste vínculo será um dos pontos importantes que deve ser preservado e fortalecido. Nesta missão, abrir um canal de escuta, organizar encontros formativos e compartilhar experiências, são algumas das ações que podem apoiar essa relação.

[N.E.: – os projetos pedagógicos democráticos e autônomos propostos em escolas públicas tratam de trazer a comunidade – pais, familiares e o entorno do espaço educacional – para as escolas, ainda que esta autonomia esteja restrita às injunções do estado.]

#4 Alunos: mesmo sendo o centro de todo o processo de ensino-aprendizagem, costumam ter suas opiniões, contextos e realidades pouco valorizados. Seu protagonismo em sala de aula deve ser priorizado e, para isso, é necessário que se considere o cenário atual, os perfis de aprendizagem, o uso de tecnologia, o acesso à informação e o conhecimento que hoje estão na palma da mão. A criação de um espaço de escuta empática, afetivo e ativo, é também essencial no processo de um aluno protagonista.

[N.E.: as considerações de status social são completamente diferentes entre alunos de escolas públicas e das particulares. Embora haja tendência a customização de modismos, famílias que podem pagar escolarização dos filhos, têm seguramente, estruturas e convenções bem diferentes.]

Precisamos lembrar que toda essa transformação deixou marcas na saúde mental de muitos, como foi dito – e além de todos os desafios pedagógicos apresentados, essa também é uma questão que precisa ser endereçada. Então, para onde vamos agora?

Gestores, professores, pais e alunos tiveram que se reinventar, desconstruir para reconstruir. Agora, no entanto, não adianta buscar o mundo que vivíamos em 2019, muito menos aquele que se criou durante o pior momento da pandemia.

Ao invés disso, precisamos criar ações que conciliem todo esse aprendizado e que coloquem em prática as questões necessárias para esse “novo normal” que, na verdade, é sobre um novo tempo, e uma nova forma de ver as coisas. Para isso, será essencial repensar os papéis de cada um desses atores, de forma que todos tenham o apoio necessário para a reconstrução desse novo momento. Apenas assim, conseguiremos trabalhar em prol de uma experiência de ensino cada vez melhor para todos.

Ricardo Hourani e Sílvia Armada (PUC/SP) – Gestores /Fundadores da Connecta Diálogos

Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

2 thoughts on “Educação ‘Pós-Pandemia’ – Desafios

  • Cyntia Almeida

    Excelente artigo.

    • Que bom que gostou Cyntia! Espero que aprecie a revista como um todo. Obrigado.

Fechado para comentários.