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Crianças Vulneráveis e Tecnologias

Inclusão digital na educação é tema de encontro na G-Stic. Diretor de país do ChildFund Brasil apresenta projetos para promover inclusão digital em territórios de vulnerabilidade.

Redação

São Paulo, 17/02/2023

3 Minutos.

A conectividade e o uso da tecnologia para melhorar as oportunidades de aprendizado e a necessidade de repensar os sistemas educacionais à luz dos avanços da tecnologia foi um dos painéis abordados na 6a. Conferência Global de Tecnologia Sustentável e Inovação (G-Stic), que aconteceu na segunda semana de fevereiro, na ExpoMag, no Rio de Janeiro (RJ).

Debateram sobre a pandemia de Covid-19e as necessidades da conectividade no Brasil, incluindo a disponibilidade de dispositivos para alunos e professores na maioria das escolas públicas. Incluídas em territórios vulneráveis, estão comunidades quilombolas e indígenas.  Maurício Cunha, diretor no país do ChildFund Brasil, destacou graves índices do Brasil na área de educação.

No Pisa 2018, o Brasil ficou entre os 20 piores países no ranking internacional da educação. Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 2019, 15,5% da população brasileira não sabia ler e escrever. A pandemia provocou um grande impacto na educação e, em 2021, este número saltou para 33,8% da população. No mesmo ano, o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) ressaltou o regresso de 20 anos do país em relação à universalização da educação.

“O ChildFund Brasil atua em contextos de grande privação, exclusão e vulnerabilidade. Impactamos mais de 113 mil pessoas, comunidades onde nem o Estado chega. Junto a essas crianças e adolescentes, aplicamos uma metodologia de pesquisa que analisa o aprendizado em português e matemática. Aplicamos em 1.253 crianças participantes do nosso programa em 56 municípios e seis estados e chegamos a uma conclusão muito preocupante.

Crianças Vulneráveis e Tecnologias
Mais do que tecnologia. Urge atendimento integral às crianças! (Unsplash.)
Muito mais do que tecnologia

Em 2019, tínhamos um letramento, que se refere às crianças capazes de interpretar adequadamente um texto com o mínimo de complexidade para sua idade, de 69%.

Em 2021, o número já tinha caído para 50%. Apenas 30% das crianças faziam contas básicas de matemática em 2019 e isso caiu para 13% em 2021”, afirma.

A organização atua há 56 anos no Brasil, obedece à estratégia do ChildFund Internacional, e almeja alcançar 100 milhões de crianças e suas famílias no mundo. Expandindo métodos de entrega de programas sociais e melhorando as capacidades digitais internas.

Porém, Maurício apontou que é muito difícil falar em inclusão digital e levar educação de qualidade em um contexto de pouco acesso à internet.

Ele salientou ainda os perigos corridos por crianças e adolescentes: “Uma das nossas bandeiras é o enfrentamento à violência sexual, ao abuso e exploração sexual on-line de crianças e adolescentes. A pandemia tornou esse problema exponencial, são milhões de imagens de crianças e adolescentes sendo violentadas na internet. É um crime gravíssimo, há muito conteúdo autogerado. Temos feito esse debate e a prevenção ao abuso cibernético”, alerta Cunha.

Soluções inovadoras

Uma das soluções criadas pelo ChildFund Brasil para promover a inclusão digital é o The Ends, uma plataforma que apresenta os momentos educacionais das crianças atendidas pela organização. São momentos em que, supervisionadas pelos adultos, as crianças visitam museus e fazem outras atividades de resgate à cultura local. O material é digitalizado e enviado para o padrinho, que aprende com a cultura e a comunidade da criança. A organização possui cerca de 30 mil crianças apadrinhadas no Brasil, que têm uma relação educativa e rica com o padrinho ou madrinha e essa educação é de mão dupla.

Há também a metodologia Aflatoun para educação financeira para crianças e adolescentes. Por meio de ações sociais práticas, crianças aprendem outras temáticas como cuidados com o meio ambiente, direitos e cidadania na internet. A ONG também tem utilizado o WhatsApp para educar adolescentes sobre direitos sexuais e reprodutivos e articula uma rede de Juventudes, a Rejudes, que alcança sete mil jovens em todo país e que desejam ter uma educação de qualidade.

Outro projeto é o Brinca e Aprende Comigo, realizado com o apoio da The LEGO Foundation, que utiliza ferramentas tecnológicas para incentivar a parentalidade lúdica em comunidades de baixa renda. Segundo Cunha, a criança é o público do Brasil que mais sofre violências e violações de direitos. De acordo com o Disque 100, 80% dessas violências ocorrem no ambiente doméstico. “Temos uma campanha de parentalidade lúdica, proteção da infância, ensinar a brincar em família, educação não violenta. Isso tem sido disseminado nas comunidades por meio de ferramentas tecnológicas, de podcasts, rádios comunitárias e tem dado muito certo”, acrescenta.

Proteção e cuidados

Na Campanha de Advocacy Criança é pra ser cuidada, o ChildFund Brasil incentiva a parentalidade lúdica, combate à violência doméstica contra a criança e o adolescente e à violência sexual on-line.

Diversas autoridades que estiveram presentes: UNESCO, Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará, Educação a Distância do Ministério da Educação do Brasil, entre outros.

Considerada a maior conferência global de Ciência, Tecnologia e Inovação para aceleração da Agenda 2030 – que trata da implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. Essa é a primeira vez que a G-Stic acontece nas Américas.

Conheça a ChildFund Brasil – Organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, para que essas pessoas tenham seus direitos respeitados e alcancem o seu potencial. (Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Piauí e São Paulo) com sede nacional em BH.

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ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP