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Modelo Japonês de Ciência

Ricardo Guedes traz nesta sequência um texto sobre o modelo japonês de fazer Ciência.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 13/10/2022

1 Minuto.

A ciência experimental surgiu nos séculos XV e XVI na Itália tendo como base social de apoio os interesses políticos da burguesia italiana. Na Inglaterra, a ciência se desenvolveu nos séculos XVI e XVII juntamente com a Reforma Protestante, na ênfase da ação racional dos indivíduos e da coletividade. Na França do século XVIII, o apoio à atividade científica resultou da expectativa tecnológica do Governo Francês com relação a seus resultados. Na Alemanha do século XIX, o apoio à atividade científica decorreu da busca do conhecimento para a formação de um espírito alemão, com a geração autônoma de filosofia e ciência.

Nos Estados Unidos, dos séculos XIX e XX, a atividade científica teve como base social a estreita relação entre as universidades e a iniciativa privada. Na Rússia do século XX, a atividade científica resultou da expectativa tecnológica por parte do governo, sendo mantidos os institutos como unidades autônomas de produção científica.

No Japão do século XX, a ciência desenvolveu-se intrinsicamente ligada à tecnologia, na congruência do governo, empresas e universidades. A Meiji Restoration em 1868 inaugurou o Japão moderno, pondo fim a mais de seis séculos de guerras entre os clãs feudais.

Ao nível político, foi instalado o National Diet, com a Casa dos Representativos com representantes eleitos, e a Casa dos Conselheiros com intelectuais formados em geral no exterior para proporem um projeto de desenvolvimento do país. O Japão encontrava-se extremamente preocupado com a Inglaterra e os países europeus na Ásia, temendo por sua soberania.

Modelo Japonês de Ciência
Governo, Universidade e Empresas – Criando um país. (Img. Web)

Em 1858, Fukuzawa Yukichi fundou a Escola de Estudos sobre o Ocidente, que veio a se tornar na Universidade de Keio. Em 1881 foi fundada a Universidade de Tóquio, com o desenvolvimento da Universidade da Ciência de Tóquio em 1949.

No Japão, as universidades, os institutos de pesquisa, e as empresas, passaram a compartilhar espaços comuns adjuntos.

Assim, o professor das universidades podia ao mesmo tempo trabalhar nos institutos de pesquisa e nas indústrias em projetos de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento, na tríade governo-empresa-universidade.

É notável o entrelace entre o governo e a iniciativa privada, exemplificado no desenvolvimento da Mitsubishi, incialmente fundada em 1870, hoje presente em todos os setores de economia com 350.000 funcionários. Alguns autores, por vezes, se referem ao Japão como Japan Inc. O desenvolvimento do Japão decorreu de um projeto de nação.

Hoje, o Japão conta com 29 Prêmios Nobel, 12 em Física, 8 em Química, 5 em Medicina, com 840.000 cientistas ativos no país.

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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Redação

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