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MIT Technology Review top10

Conceituada revista da não menos conceituada instituição de Ensino em Tecnologia e inovação dos EUA divulga lista com 10 tecnologias que ganharão destaque em 2024.

Redação
de MIT Technology Review

São Paulo, 17/01/2024

9 Minutos.

Bombas de calor, sistemas geotérmicos aprimorados, medicamentos para perda de peso e chiplets, são alguns dos destaques da “10 Breakthrough Technologies

A MIT Technology Review, plataforma de conteúdo do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), elencou uma lista com as 10 principais tecnologias que prometem ser destaque mundial ao longo do ano de 2024.

A tradicional “10 Breakthrough Technologies” traz apostas em ferramentas que envolvem Inteligência Artificial, biotecnologia, mudanças climáticas, computação e novas tecnologias para o meio da saúde, além da produção energética e, claro, IA para tudo.

De acordo com André Miceli, CEO da MIT Technology Review no Brasil, dentre as 10 citadas três merecem destaque. “Se eu tivesse que escolher três delas, selecionaria computação em exoscala, o tratamento de edição de genes usando o CRISP e a IA em tudo, não tem como deixá-la de fora.

Por mais que tenha marcado o ano de 2023”, destaca Miceli, que justifica a primeira escolha da seguinte forma: “A tecnologia de exoscala vai representar um salto brutal na capacidade de processamento, vai permitir avanços extraordinários no que diz respeito à pesquisa científica, modelagem climática, descoberta de medicamentos e todas as áreas que exigem um processamento intensivo de dados”.

Inovação e revoluções por minuto

Já para os genes usando CRISP, André avalia que ela é um avanço que vai representar uma revolução na medicina e biotecnologia. “Essa capacidade de editar genes com muita precisão tem implicações profundas no tratamento de uma variedade de doenças genéticas. A gente pode falar de diversas condições patológicas que podem ser minimizadas ou até mesmo modificadas por completo nas pessoas. E esse avanço oferece uma promessa de cura personalizada, que vai representar uma revolução na medicina e na biotecnologia”, explica.

Por ser um marco que vai mudar profundamente o setor de saúde, Miceli ainda destacou a eficácia desse avanço. “Esse processo de personalização da saúde é muito importante para tratamentos mais eficazes em doenças que antes eram consideradas impossíveis de serem tratadas.

A longo prazo, a edição genética pode levar a uma melhoria muito significativa na saúde humana, na qualidade de vida, na longevidade, com qualidade e naturalmente vai desafiar as nossas concepções éticas, de ética sobre a medicina”.

Por fim, o empresário diz que não tem como deixar de citar a Inteligência Artificial. Embora 2023 tenha sido um ano de grandes avanços nessa área, com a criação do ChatGPT, Bard e outros avanços teremos mais novidades em 2024. “Essa é uma tecnologia que vai transformar praticamente todos os aspectos da vida cotidiana dos negócios de tudo.

Na medida que nós tivermos soluções sendo lançadas a partir das estruturas da OpenAI. sabemos que isso vai acontecer. O Sam Altman já avisou e isso vai criar um ecossistema”, finaliza o CEO da MIT Technology Review.

As 10 tecnologias revolucionárias
  1. Inteligência Artificial para tudo – Quando a OpenAI lançou o ChatGPT, ninguém sabia o que estava por vir. No entanto, ele se tornou o web app de maior e mais rápido crescimento de todos os tempos, possibilitando que qualquer pessoa com um navegador pudesse acessá-lo. Desde então, empresas como o Google, a Microsoft e a Meta também passaram a disponibilizar serviços relacionados à Inteligência Artificial.

Softwares capazes de resumir e-mails e reuniões, rascunhar relatórios e respostas, gerar apresentações de slides completas e, até mesmo, criar e modificar imagens.

Nunca uma tecnologia passou tão rápido e em uma escala tão grande da fase de protótipos experimentais para produtos consumíveis. O que era surpreendente se torna cada vez mais mundano. No entanto, enquanto sociedade, ainda não se teve tempo de entender as implicações da Inteligência Artificial e os impactos que ela deixará. O fato é que este é um nítido legado de 2023.

Já desenvolvem a tecnologia: Google, Meta, Microsoft e OpenAI.

O primeiro tratamento de edição de genes

2) O CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) é uma técnica de edição genética que começou a ser desenvolvida onze anos atrás e que pode ser a solução para diversas doenças e condições médicas. No entanto, foi apenas recentemente que ele chegou às clínicas, tendo curado pela primeira vez pacientes que sofriam de anemia falciforme.

A doença em questão é causada pela herança de duas cópias ruins de um dos genes que é responsável pela produção de hemoglobina, o que leva o ser humano a ter sintomas como dores intensas e uma queda da expectativa de vida. Para o procedimento médico que envolve o CRISPR, é necessário fazer a remoção da medula óssea e, logo após a edição genética, reimplantá-la no ser humano. O custo desse procedimento é estimado entre US$2 e 3 milhões.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: CRISPR Therapeutics, Editas Medicine, Precision BioSciences, Vertex Pharmaceuticals.

3) Bombas de calor

As bombas de calor são uma tecnologia bem estabelecida e que representa um grande progresso em relação à descarbonização de casas e indústrias. Embora elas já sejam usadas desde meados do século XX, globalmente, muitos edifícios ainda utilizam sistemas de aquecimento baseados em combustíveis fósseis, especialmente o gás natural. Nesse sentido, as bombas de calor, que utilizam energia elétrica para resfriar ou aquecer ambientes, devem ser um importante passo para a redução de emissões.

Com o constante crescimento do uso das bombas de calor, estima-se que elas tenham o potencial de reduzir as emissões globais em 500 milhões de toneladas no ano de 2030. No entanto, para isso, será necessário que, até o final da década, o número total de bombas instaladas alcance a marca dos 600 milhões.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Daikin, Mitsubishi e Viessmann.

4) Os assassinos do Twitter

Durante a maior parte dos últimos 17 anos, se alguém quisesse saber o que estava acontecendo no mundo e sobre quais assuntos as pessoas estavam falando, havia apenas um local onde tudo isso era reunido: o Twitter. No entanto, após a compra da rede social por Elon Musk, o mesmo não apenas mudou o nome da plataforma para X como também demitiu a maior parte de seus funcionários e eliminou sistemas de moderação e verificação.

Com uma nova estrutura financeira que incentiva criadores a espalhar mentiras e propagandas, muitos usuários da rede social começaram a procurar plataformas substitutas.

No último ano, o tráfego do X caiu quase 20%, segundo dados divulgados pela Similarweb. Além disso, um estudo da Apptopia aponta que o número de usuários ativos diariamente na rede social caiu de 141 milhões para 120 milhões. Enquanto isso, plataformas como o Threads, o Mastodon e o Bluesky só crescem. Mas, mesmo que a concorrência ganhe espaço, uma coisa fica nítida: o verdadeiro assassino do Twitter é Elon Musk.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Bluesky, Discord, Mastodon, Nostr e Threads.

5) Sistemas geotérmicos aprimorados

O calor geotérmico é uma fonte de energia abundante e isenta de carbono que aparece como uma alternativa aos combustíveis fósseis que não varia de acordo com o clima ou o horário do dia. No entanto, por requerer condições geológicas específicas, atualmente, a energia geotérmica representa menos de 1% da capacidade global de energias renováveis.

Ainda que sistemas geotérmicos aprimorados estejam sendo desenvolvidos desde a década de 1970, foram os avanços mais recentes que mostraram aos cientistas que a produção desta energia renovável pode aumentar drasticamente.

Isto porque técnicas de fraturação hidráulica estão sendo utilizadas para abrir rochas relativamente sólidas a profundidades cada vez maiores. Dessa forma, locais que anteriormente eram vistos como inviáveis para esse tipo de exploração passam a ter cada vez mais potencial.

Muitos projetos ainda estão em suas fases iniciais, no entanto, fica perceptível que este é um assunto quente no mundo da energia.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: AltaRock Energy, Fervo Energy e Utah FORGE lab.

6) Medicamentos para a perda de peso

Do Reddit ao TikTok, as redes sociais são invadidas por histórias de sucesso de pessoas que usam medicamentos para emagrecer e tratar a obesidade. Medicamentos esses que, muitas vezes, são desenvolvidos pensando em outras questões — sobretudo o tratamento da diabetes tipo 2. Um exemplo nítido disso está no Ozempic, da Novo Nordisk.

A maioria destes medicamentos, hoje, funciona da seguinte forma: eles imitam um hormônio que o intestino humano libera após a alimentação, trazendo a sensação de saciedade e inibindo o apetite. Dessa forma, pacientes que injetam estes medicamentos uma vez por semana podem chegar a perder algo entre 12% e 15% de seu peso corporal.

Com a alta procura por este tipo de tratamento, cada vez mais laboratórios têm desenvolvido medicamentos para tratar a obesidade e, por isso, espera-se que, em 2024, mais empresas entrem em fases finais de testes e busquem aprovação para a comercialização dos novos produtos desenvolvidos.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Eli Lilly, Novartis, Novo Nordisk, Pfizer e Viking Therapeutics.

7) Chiplets

Durante décadas, os fabricantes de chips melhoraram o desempenho dos mesmos tornando os transistores menores e mais numerosos. No entanto, tornou-se insanamente caro fabricar os chips que as empresas de alta tecnologia exigem hoje. Pensando nisso, muitos fabricantes estão se dedicando à criação de “chiplets“, isto é, chips menores e que possuem funções específicas, de tal forma que eles possam ser interligados para compor sistemas maiores e mais complexos.

Os fabricantes ainda estão estudando a melhor forma de equilibrar custo e desempenho e, até agora, a adoção de chiplets tem sido dificultada pela falta de padrões técnicos. Porém, isso está mudando. Recentemente, a indústria adotou um padrão de código aberto chamado Universal Chiplet Interconnect Express que, em teoria, facilitará a combinação de chiplets fabricados por diferentes empresas e, assim, trará mudanças dentro do mercado.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Advanced Micro Devices, Intel e Universal Chiplet Interconnect Express.

8) Células solares supereficientes

Em novembro de 2023, a energia solar quebrou mais um recorde mundial de eficiência, sendo que o recorde anterior existia há poucos meses. Essa aceleração nos ganhos de eficiência vem de uma tecnologia solar de nova geração, cujas células são construídas utilizando, além do silício — material que representa aproximadamente 95% do mercado de células solares —, a perovskita, que absorve comprimentos de onda luminosa diferentes daqueles absorvidos pelo silício.

Dessa forma, as novas células são capazes de produzir uma quantidade maior de eletricidade a um custo inferior.

No entanto, há um porém: a perovskita é um material mais sensível, que está sujeito a degradação pela água e pelo calor. Nesse sentido, pesquisadores estão trabalhando para deixar as novas células solares mais robustas e duradouras. Ainda assim, as perspectivas são positivas.

Em maio de 2023, a empresa Oxford PV disse ter alcançado uma eficiência de 28,6% para uma célula de tamanho comercial e, em 2024, espera-se que os primeiros painéis com essa nova tecnologia sejam entregues.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Beyond Silicon, Caelux, First Solar, Hanwha, Q Cells, Oxford PV, Swift Solar e Tandem PV.

9)Apple Vision Pro

A história está repleta de computadores faciais que não fizeram sucesso, como o Google Glass, o Microsoft HoloLens e até mesmo o Meta Quest. No entanto, a Apple já divulgou que tentará conquistar o seu espaço neste mercado e, ainda em 2024, deverá lançar o Vision Pro, seu primeiro headset de realidade mista.

A empresa norte-americana revelou o “computador espacial” em junho, em seu evento anual para desenvolvedores, apresentando o Vision Pro como a melhor maneira de assistir a filmes, tirar fotos, conectar-se com outras pessoas e, até mesmo, ler e criar. O sucesso comercial deste produto ainda está em aberto — especialmente considerando o preço de US$3.499 —, no entanto, é indiscutível o seu caráter inovador e o fato de que ele terá uma tela radicalmente melhor que qualquer outra anterior.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Apple.

10) Computação em exoescala

Em maio de 2022, o ranking global de supercomputadores foi abalado pelo lançamento do Frontier, atualmente considerado o computador mais rápido do mundo, que pode realizar tantos cálculos em 1 segundo quanto 100 mil laptops. Foi com a chegada desta supermáquina que a sociedade se viu, de fato, na era da computação em exoescala.

A expectativa é de que, em breve, novos computadores marquem presença no ranking dos mais rápidos do mundo. Apenas nos Estados Unidos, duas supermáquinas com capacidade para ter o dobro de velocidade do Frontier estão sendo montadas. Além disso, até o final do ano, espera-se que o Júpiter, primeiro supercomputador exoescala da Europa, já esteja online.

Todos esses avanços animam os cientistas, no entanto, também trazem uma nova questão: a pegada energética. O próximo passo será entender como construir esses supercomputadores não apenas pautados em incríveis velocidades, mas também na sustentabilidade ambiental.

Empresas que já desenvolveram a tecnologia: Oak Ridge National Lab, Jülich Supercomputing Centre e China’s Supercomputing Center in Wuxi.

 MIT Technology Review Brasil – Desde 2020 é referência no Jornalismo de autoridade em tecnologia.

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP