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Câncer de Mama. Dicas e Cuidados

Após inúmeras consultas e pesquisas, eis uma série de dúvidas e respostas, preparadas por uma equipe médica para te ajudar na prevenção e cuidados com a doença.

Dra. Laura Penteado

São Paulo, 06/10/2022.

4 Minutos.

A mastologista, ginecologista, obstetra e diretora da Clínica Theia, Laura Penteado, percebeu que suas pacientes mulheres chegavam com dúvidas frequentes ao procurarem atendimento em sua clínica. Elas geralmente faziam estas perguntas. Ela as elencou e aqui forneceu estas 15 respostas.

1) Qual a melhor prevenção para este tipo de câncer? Existem vários estágios?

R – Existe a prevenção primária, ou seja, reduzir os riscos de surgimento da doença; a qual está muito correlacionada com os fatores hormonais da mulher. Ter filhos, amamentar, não usar anticoncepcional hormonal, não realizar terapia de reposição hormonal são fatores protetores para as mulheres.

Há também o que chamamos de prevenção secundária, ou seja, exames de rastreamento para detecção precoce da doença. O câncer de mama apresenta vários estágios da doença, que variam desde tumor inicial microscópico, tumores acometendo toda a mama, e tumores que invadem outros órgãos, como tecido linfático, fígado, pulmão e ossos.

2) Quais outros exames de detecção, mais atuais, além da mamografia? Ele é o mais indicado?

R – A mamografia é o exame mais indicado para o rastreamento do câncer de mama da população geral. Atualmente, com os avanços da tecnologia, alguns centros oferecem a tomossíntese, um exame 3D que apresenta maior sensibilidade e deve ser realizado em conjunto com a mamografia (exame 2D) sempre que possível.

Para as mulheres que apresentam alto risco para a doença, também realiza-se a ressonância magnética das mamas como exame de rotina. O ultrassom é indicado como rastreamento somente em alguns casos específicos, como o de mamas muito densas.

3) Qual idade é recomendada para iniciar os exames de rastreamento do câncer de mama?

R – A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização de mamografia anual para todas as mulheres acima de 40 anos.

4) Histórico familiar pesa na decisão de começar a prevenção precocemente? Justificar.

R – Alto risco para câncer de mama: Dois ou mais parentes de primeiro grau (pais, irmãs ou filhas) ou de segundo grau (neta, avó, tia, sobrinha, meio-irmão) com câncer de mama e/ou de ovário.
• Câncer de mama antes dos 50 anos (pré-menopausa) em um parente de primerio grau
• História familiar de câncer de mama e de ovário
• Um ou mais parentes com dois tumores (de mama e de ovário ou dois tumores mamários independentes)
• Parentes do sexo masculino com câncer de mama

Mulheres com histórico familiar de câncer de mama são consideradas pacientes de alto risco para desenvolver o tumor e por isso necessitam de um acompanhamento e de uma investigação mais detalhada. Recomenda-se que essa mulher realize ressonância magnética anual após os 25 anos e mamografia após os 30 anos.

Geralmente, em famílias com mutações genéticas que favorecem o aparecimento do câncer de mama (por exemplo, mutação BRCA 1 e 2) o tumor tende a surgir em idade mais precoce do que nas gerações anteriores.

5) Alimentação saudável e mudanças de hábitos podem retardar ou menos evitar o tumor?

R – A ingestão de bebida alcoólica, o sobrepeso e a obesidade, o sedentarismo e a exposição à radiação ionizante são fatores correlacionados a aumento de taxas da doença. Assim, reduzir a ingestão de álcool, praticar atividade física e ter uma alimentação saudável para manter-se em um IMC (índice de massa corpórea – vídeo) adequado são hábitos recomendados para evitar a doença.

6) Qual o tempo indicado para o acompanhamento?

Após o tratamento do câncer de mama, recomenda-se que a mulher faça um seguimento a cada 6 meses com mastologista, por pelo menos 5 anos.

7) Quais os sintomas típicos que indicam que algo não está bem?

R – Alterações no formato da mama: abaulamentos, inversão do mamilo, retração de pele. Saída de secreção transparente ou com sangue pelo mamilo (secreções amareladas, esverdeadas ou amarronzadas tendem a ser benignas). Qualquer alteração notada de diferente na palpação / auto-exame das mamas: nódulos, áreas endurecidas…

8) Uma vez diagnosticado, quais os tipos de tratamentos iniciais, e de quanto em quanto tempo a mulher precisa fazer o acompanhamento?

R – O tratamento do câncer de mama apresenta diversas etapas, o objetivo é destruir o tumor atual, evitar que células tumorais se espalharem para outros órgãos e reduzir as chances do tumor voltar no futuro. O tratamento inicia-se pela quimioterapia ou pela cirurgia; algumas caraterísticas tumorais irão guiar o mastologista nessa decisão.

9) A mulher que teve e passou pelo tratamento, pode amamentar?

R – Mulheres que trataram o câncer de mama podem amamentar, a quimioterapia e a radioterapia realizadas previamente não interferem na produção e na qualidade do leite. Contudo, mulheres que fizeram a retirada completa das 2 glândulas mamárias não produziram leite para a nutrição do recém nascido, mas pode-se utilizar a translactação para promover o vínculo mãe-bebê.

10) Quantos casos, por ano, são diagnósticos?

R – Em 2020 foram diagnosticados aproximadamente 2,3 milhões de casos novos de câncer de mama no mundo. No Brasil, estima-se que aproximadamente 66 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença em 2021.

11) Com a pandemia, acredito que muitos casos deixaram se ser descobertos. Veja estas  recomendações.

R – Devido a pandemia, muitas mulheres deixaram de realizar exames de rotina e postergaram consultas e exames. O que leva, às vezes, a diagnósticos de tumores em estágios mais avançados. A recomendação é que todas as mulheres, acima de 40 anos, procurem uma mastologista e realize os exames de rotina.

12) Quando a doença é identificada inicialmente, quais são as chances de cura?

R – Se diagnosticado precocemente, o câncer de mama apresenta uma alta taxa de cura (mais de 90% em 5 anos).

13) Existem e temos novos tratamentos que aumentam a sobrevida do paciente? Se sim, quais?

R – Com evolução da tecnologia e de exames de maior precisão para classificação dos subtipos tumorais do câncer de mama, os tratamentos avançaram da quimioterapia, para: terapias-alvo ( tratamento focado em um marcador específico do tumor): terapias com bloqueadores da proteína HER2.

Imunoterapia: drogas que otimizam a resposta imunológica da paciente e favorecem a destruição de células tumorais. Contudo, esses novos medicamentos apresentam alto custo e ainda não estão disponíveis no SUS.

14) Mesmo sem histórico na família, a mulher pode optar e fazer o exame antes dos 40 anos?

R – Não é recomendado! Mulheres com menos de 40 anos, costumam ainda ter as mamas muito densas, o que dificulta a identificação de alterações na mamografia. E a Ressonância Magnética é um exame com alta taxa de resultados falsos positivos, ou seja, qualquer processo inflamatório na mama, mesmo que alterações transitórias decorrentes do ciclo menstrual, podem sugerir uma alteração. Esse resultado falso-positivo só causa danos à mulher: gera procedimentos invasivos desnecessários (como biópsias), além do estresse emocional da angústia e medo gerados.

15) Com a pandemia, muitas mulheres deixaram de buscar a prevenção e agora estão retomando?

R – Sim, felizmente em 2022, as mulheres voltaram a se preocupar com sua saúde, tanto saúde mental quanto a saúde física. Retomaram consultas de rotina e a realização de exames de rastreamento, como Papanicolau e mamografia.

Dados novos (atuais) de mulheres que tiveram o problema nos últimos anos e previsão para 2023. Devido a pandemia, ainda não temos dados oficiais atualizados, os últimos são os de 2020: foram diagnosticados aproximadamente 2,3 milhões de casos novos de câncer de mama no mundo. No Brasil, estima-se que aproximadamente 66 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença em 2021.

Dra. Laura Penteado – Mastologista, Obstetra e Ginecologista pela Fac.Med. USP

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Redação

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