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Sampa 469 anos!

500 anos são  meio milênio. São Paulo ainda não chegou lá. Mas, é grande, rica, maior em todos os sentidos do que muitas cidades europeias com mais de mil anos.

Redação

São Paulo, 24/01/2023.

2 Minutos.

Era o ano de 1554. Uns vinte anos depois de São Vicente, na baixada santista, a colônia foi instalada no planalto de Piratininga, onde hoje é o Pátio do Colégio. Olhar a Serra do Mar de baixo pra cima impressiona. O maciço é gigantesco, mata cerrada e se ainda hoje causa, imagine-se àquela época! Os índios conheciam as trilhas e os portugueses aprenderam a fazer a viagem.

Os historiadores dizem que foi a primeira construção do local. Servia de pousada, abrigo e ponto de parada para os que quisessem continuar a viagem para o interior do estado. Era também posto comercial de trocas, criação de porcos, galinhas, cabras, talvez mulas e outros bichos. Dali, os viajantes reabastecidos traçavam as rotas para o que era (des)conhecido como terras sem valor. Imagine. Inúmeros documentos das universidades de Coimbra, Lisboa e Porto conservam estas narrativas

Seguir o curso dos rios era um modo natural de avançar, e seguramente os bandeirantes, aventureiros cruéis, cuja missão era recolher tesouros – ouro e pedras preciosas para a coroa (e para si, claro), índios escravos e o que mais de vantajoso surgisse pela frente. Interiorizando-se e acumulando para a corte soberba.  Sob certo ângulo de vista, nos remete aos templários das cruzadas medievais.

Basta saber que na Europa ainda funcionava o status de feudalismo, modelo de sistema garantido pelo monopólio das forças militares das elites senhoriais, pelo apoio da Igreja, por uma progressiva sustentação jurídica e ideológica, e por uma forte rede de obrigações entre os senhores feudais e seus vassalos e súditos.

Bárbaros civilizados

Segundo Raymundo Faoro, mais de 60 impostos recaiam sobre a colônia, privilégios dos reis e os donos do poder. Portugueses que assim se mantinham desde os 1300, mais ou menos. Assim como Francisco Iglesias explicita em seus estudos de história política do Brasil. 

Sampa 469 anos!
Pátio do Colégio – Primeira construção da capital. (Img. Web)

Quem trabalha bem esta ideia de colônia, colonos, cultus e cultura é Alfredo Bosi. A cultura de São Paulo pode ter nascido daí. Das experiências e suas repetições, das transmissões e reinterpretações dos hábitos, costumes, modos de ser e viver daqueles que chegaram e se impuseram sobre os nativos. Pode ser entendida como uma saga, um destino, mas não só.

Saltos históricos e choques.

A evolução, os meios, as tecnologias, as pessoas em si adotam as novidades, as incorporam ao dia a dia, aos poucos. Padrões são importados por novas levas de imigrantes. E São Paulo é isso: imigrantes.

Os europeus brancos, os africanos pretos, os asiáticos amarelos, os povos do médio oriente chegavam no porto de Santos e subiam para cá. Primeiro a pé, com as mulas carregando os fardos e objetos da mudança, subindo as trilhas abertas pelos índios, os moradores milenares. Depois de trens (dos donos de terras, fazendeiros cafeicultores escravagistas), ônibus, carros, e, lógico, finalmente de avião. Trouxeram toda a cultura, felicidades, tristezas e as manifestações daí decorrentes.

Geralmente, para ficar um tempo, fazer fortuna e retornar ao seus países de origem. Mas, nem todos voltavam. Portugueses, indígenas,  escravos pretos, espanhóis, e depois italianos, japoneses, chineses, judeus e árabes, alemães, franceses, ingleses, meio que nesta ordem foram ficando, comprando pedaços de terras, plantando, colhendo, comercializando e montando a vida, crescendo com a cidade, seus problemas, crises, fartura e escassez.

De dentro do país, colonizado, tornado Império e depois República  (uma destas inversões históricas), vieram outros, e se misturaram, miscigenaram. Cores, credos políticos e religiões – culturas. No sentido mais amplo do termo. Da efervescência, multiplicidade e transculturalidade cresceu a cidade. Tanta diferença é difícil de aplainar, homogeneizar, mas por ter conseguido certo equilíbrio a cidade se fez rica, o estado poderoso.

Contudo, as elites predominantes se mantém afastadas em seus ricos feudos operacionais, e as classe sociais operam e se distanciam entre sonhos, fantasias, virtualidades. Sobreviventes. Acima de tudo São Paulo é terra de sobreviventes. E conserva espaços de aventura, mesmo que para poucos. Cada vez mais virtuais, é claro!

 

 

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Redação

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