Educação-Brasil tem jeito?

Conheça três problemas e três potenciais soluções para enfrentar os desafios da educação básica brasileira. Um deles, a ser debatido com urgência é a destinação de recursos para os estados, os maiores responsáveis da federação em provê-los à Educação Básica.

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Redação

São Paulo, 20/04/2024.
3,1 Minutos.

Em 2023, o Governo Federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.

A celebração desta data foi instituída na cidade de Dakar, no Senegal, há 24 anos. Durante o Fórum Mundial de Educação, em 28 de abril de 2000, líderes de 164 países firmaram compromissos a serem cumpridos até 2030 – inclusive o Brasil. Na ocasião foi anunciando também o investimento de R$ 3 bilhões em quatro anos. O objetivo é melhorar a qualidade da alfabetização no território brasileiro e combater o analfabetismo absoluto e funcional.

As informações mais recentes da Unesco apontam que 17% das crianças e adolescentes em idade escolar no mundo estão fora da escola. Isso significa que 260 milhões de crianças estão sem acesso à educação. No Brasil, 5,6 % das pessoas com 15 anos ou mais de idade são analfabetas. Isso é equivalente a 9,6 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Cerca de 18% dos jovens de 14 a 29 anos de idade no Brasil (52 milhões de pessoas), não completaram o ensino médio, ou porque abandonaram, ou porque nunca frequentaram a escola.

Para poucos – bem poucos

Mas, por que, apesar de todos os esforços federais, estaduais e municipais para a garantia do direito básico à educação de qualidade, ainda é tão difícil garantir a universalidade? “O problema no Brasil não é de qualidade. É de acesso. Temos ótimas instituições de ensino. Mas o que acontece é que elas são muito caras, acessíveis somente a uma parcela muito pequena da população que pode pagar por essa estrutura”, destaca Arthur Buzatto, presidente mantenedor da Escola Vereda, em São Paulo.

Portanto, para ele, iniciativas acolhedoras que garantam educação em tempo integral, com aulas regulares e acesso a esportes, idiomas, atividades artísticas e alimentação adequada está no cerne de uma proposta social capaz de impactar a sociedade como um todo. “A escola não é só um ambiente de educação formal, mas também o principal meio de incentivo ao desenvolvimento cognitivo, físico, social e emocional dos indivíduos. Educação de qualidade é aquela que dá conta de vários aspectos da evolução humana.”

1) Desigualdade de acesso

Segundo o levantamento da PNAD, quando analisado por cor ou raça, 3,4% das pessoas com 15 anos ou mais de idade de cor branca são analfabetas. Enquanto isso, entre as pessoas da mesma faixa etária de cor preta ou parda, o percentual vai para 7,4% (ou seja, o dobro). Do total de analfabetos, 55% vivem na região nordeste (regionalização) e 22% estão no sudeste do País (concentração de riqueza).

“Contudo, sabemos que as desigualdades por gênero, cor, região e renda são bem marcadas no Brasil. Nossa percepção é de que é essencial investir em infraestrutura escolar e tecnologias para garantir que todas as escolas ofereçam um ambiente propício ao aprendizado”, reflete Buzatto.

Educação integral para alunos do ensino fundamental e médio (8 horas todos os dias na escola, sempre com professores), línguas portuguesa, inglesa (espanhola e francesa – optativas) todos os dias. Aulas de cultura afro e indígena são muito importantes. Programação (com ênfase em Matemática), teatro e Educação Física (esportes). Geografias, História, Música, Artes, Química, Física, Filosofia e Sociologia devem permanecer no currículo e serem melhor estruturadas, com laboratórios. Alimentação equilibrada (café da manhã e almoço), livros didáticos e acesso a tecnologia informatizada.

2) Baixa valorização dos professores

O corpo docente é peça-chave no processo educacional. Ainda assim, frequentemente a categoria enfrenta más condições de trabalho e falta de reconhecimento por seu papel crucial na sociedade. Para Buzatto, é fundamental valorizar os professores, oferecendo condições de trabalho adequadas e promovendo oportunidades de capacitação (formação) e desenvolvimento (crescimento) profissional (com salários dignos). “Professores motivados e bem preparados são essenciais para garantir a educação de qualidade.”

N.E.: morar, estudar, trabalhar perto da U.E. – acesso às tecnologias – evolução na carreira – classes com número coerente de alunos (20 a 25) – um só local fixo de trabalho – readequação das diretorias regionais – são pré-requisitos mínimos.]

Ele esclarece ainda que, onde atua, o grupo desenvolveu aplicativos próprios de gestão inteligente que facilita o dia a dia dos professores. O registro de presença dos alunos, por exemplo, é feito online, com funções automatizadas. Provas são formuladas e corrigidas a partir de uma metodologia padrão, que reduz equívocos de interpretação e subjetividades*. “A tecnologia está a nosso favor para que o professor, em sala de aula, se ocupe do que realmente interessa: sua atuação pedagógica e a atenção ao aprendizado.”

3) Falta de investimento e gestão ineficiente

Segundo informações do Censo Escolar 2021, 5,2 mil escolas não têm banheiros no Brasil. Existem ainda 8,1 mil escolas sem acesso à água potável e 7,6 mil sem serviços de esgoto. O financiamento insuficiente e a má gestão dos recursos são obstáculos significativos para o avanço da educação no Brasil. Muitas escolas enfrentam carências de recursos básicos, como materiais didáticos, merenda escolar e manutenção adequada.

“Portanto,é necessário priorizar o investimento na educação, destinando recursos e garantindo sua utilização eficiente e transparente.” O profissional afirma ainda que a participação da comunidade escolar e da sociedade civil na tomada de decisões e na fiscalização dos gastos ajuda a promover uma gestão mais democrática e responsável. “Desta forma pode-se eliminar as janelas ociosas de aulas, negociar com fornecedores a compra de materiais escolares e de limpeza, buscar descontos e repassar 100% destas vantagens para as famílias. Não existe milagre. Buscar a eficiência sem renunciar à qualidade, é nossa meta”, conclui.

[N.E.: Qual a sua opinião: trocar professores por máquinas de IA – ChatGpd funciona? *Máquinas são melhores (mais baratas) do que professores para Educar – escolarizar? Qual é o real papel da escola pública – FOPEA]