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O Brasil já cresceu?

Crescer, desenvolver-se, progredir são palavras. Para que ganhem e tenham sentido é preciso e necessário medição constante, apuração e medidas corretivas. Entender o passado, atuar no presente para embasar o futuro. 

Agência Senado

Brasília – DF, 21/03/2024
1,8 Minutos.

A última edição da pesquisa censitária realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feita em 2010 e, pela lei, ela não poderia demorar mais de 10 anos para ser feita — ou seja, deveria ter ocorrido em 2020. Mas a nova edição só foi realizada entre 1º de agosto de 2022 e 28 de maio de 2023 (fase de coleta e apuração de dados).

A razão para escamotear o número exato de pessoas e demorar para fazer pesquisa demográfica segue um propósito ideológico. Entretanto, uma viagem no tempo da história passada nos revela dados muito curiosos.

O livro de Darcy Ribeiro  que tão bem retrata a formação de nosso povo brasileiro, traduz uma teoria crítica que nos esclarece em bases científicas o porquê destes números e lança questões ao arguto: -“não nos desenvolvemos em razão do desequilíbrio entre os povos formadores – as enormes diferenças entre eles, ou há outras razões, dentre as quais a exclusão promovida pelos brancos invasores que se consideravam (até hoje) superiores?

Desde lá atrás com Dom Pedro II

Há 152 anos coube à Igreja fazer o papel de levantar o número da população brasileira. Em 1º de agosto de 1872, as paróquias de todos os cantos do Império mandaram às casas das redondezas formulários de papel que deveriam ser preenchidos pelos chefes de família e depois devolvidos, para a tabulação das informações.

O Censo de 1872 encontrou no país quase 10 milhões de “almas” (mais precisamente, 9.930.478). Hoje, como comparação, só o estado de São Paulo tem ais de 44 milhões de pessoas e a cidade mais de 12,5 milhões de habitantes. O país todo conta mais 211 milhões.

Pela contagem feita no Segundo Reinado, havia no território nacional 1,5 milhão de escravizados (15% dos habitantes), entre africanos e brasileiros. Esse foi o único recenseamento realizado na vigência da escravidão.

Do total da população, 58% foram declarados pretos ou pardos, 38% apareceram como brancos e 4% foram descritos como indígenas. O Brasil era quase todo católico (99,7%) e majoritariamente analfabeto (82% da população a partir dos 6 anos de idade).

O Brasil já cresceu?
      Infográfico da população brasileira. (Img. cedida)

Documentos históricos guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que havia anos que os políticos do Império cobravam a contagem integral da população brasileira.

Pardos = Brancos + Pretos

— Quem é que há de dizer que o Brasil, com 30 e tantos anos de independência e sendo já um reino antes de proclamá-la, ainda não tem conhecimento do número de indivíduos de que se compõe?

Ah, senhores, olhemos para a marcha das nossas coisas e vejamos se isso não é uma vergonha. Comentou indignado em 1855 o senador Holanda Cavalcanti (PE).

— Como observa o grande e distinto poeta alemão Goethe, não só os algarismos governam o mundo, mas também mostram como ele é governado. Não sei como se possa dirigir bem a administração de um país sem conhecer sua população e seus recursos — discursou em 1865 o senador Pompeu (CE).

O que havia no Brasil em termos estatísticos eram números apurados pelas províncias — por vezes seguindo critérios desencontrados e até sem muito rigor — ou então meras estimativas nacionais.

Em 1867, por exemplo, o governo brasileiro distribuiu na Exposição Universal de Paris um documento que dizia que a população do Império  beirava os 12 milhões (número 20% superior ao que seria apurado pelo Censo de 1872).

Entre queixas e necessidades

— Não temos estatísticas dignas de confiança — queixou-se em 1855 o senador Marquês de Paraná (MG), presidente do Conselho de Ministros (cargo equivalente ao de primeiro-ministro). — As que temos são defeituosas. São feitas, principalmente, por pessoas interessadas muitas vezes em aumentar o número dos habitantes para assim aumentar o número dos eleitores e o número de batalhões de guardas nacionais que devem ser criados em cada localidade. São estatísticas que não merecem inteira confiança…segue…

Para ler a íntegra e ter acesso aos gráficos e tabelas clique aqui 

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Redação

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