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África ainda vai Longe

Investimentos em África: o potencial de um continente subvalorizado. África ainda vai longe.

Wesley ST Guerra

Vigo – Galícia, Espanha – 20/03/2024

3,6 Minutos.

A África, o segundo maior e mais populoso continente do mundo, é, há muito tempo, um local de riqueza natural e cultural que atraiu as grandes potências da história.

O continente é berço da humanidade e dos primeiros assentamentos humanos, e foi marcado pela passagem do Paleolítico ao Neolítico com a domesticação dos animais e as primeiras colheitas ao longo do Nilo.

A África testemunhou o florescimento de uma das maiores civilizações da história que continua a encantar a todos até hoje. Khemit, ou como é mais conhecido pelo seu nome de origem grega, o Egito continua a ser um dos pontos mais emblemáticos da história do continente. Entretanto, não é o único, já que ao sul do seu antigo império, outra poderosa nação disputava o território, o reino de Punt ou Núbia, também conhecido como Império Kush.

A civilização egípcia desenvolveu-se durante mais de 3.500 anos desde o seu início, e a sua última rainha Cleópatra está mais próxima de nós do que o primeiro faraó. Apesar de sua enorme importância,  muitos outros impérios se formaram no continente e foram protagonistas em sua história.

Desde a fundação de Cartago pelos Fenícios que daria origem ao Império Cartaginês, Aníbal Barca – competindo com a grande potência da Roma Antiga, até os reinos e califados no norte do continente. Após o surgimento do Islã (onde a primeira universidade da história – as madraças, como são conhecidas – foi fundada por uma mulher na cidade de Fez), o continente passou por diversas outras importantes civilizações.

Poderosos e influentes

Entretanto, elas são normalmente ignoradas pela historiografia ocidental. A saber: o Império do Mali, famoso por ser o berço desde Mansa Musa, o homem mais rico da história da humanidade, até os Yorubá, Wolof, Fulani, Luba, Benin, Kitara, Congo, Zimbábue, Etiópia, entre outros…

África ainda vai Longe
Mansa Musa é considerado o homem mais rico da História. (Img web)

No entanto, apesar do seu vasto potencial, a África tem sido muitas vezes subvalorizada em comparação com outras regiões do mundo em termos de investimento e desenvolvimento econômico.

Seu legado histórico foi praticamente extinto dos anais da história, especialmente após a dominação imperialista da União Europeia e da escravatura.

Um enorme reforço a esta situação dado pela visão alimentada do mundo judaico-cristão contra os seus habitantes e da sua suposta inferioridade racial.

Um fardo histórico que o continente e os seus cidadãos continuam a carregar e cuja recente independência (recorde-se que a independência do continente africano começou em meados de século XX) tentam superar.

Lutam para se estabilizar dentro de uma divisão geográfica que pouco respeitou a diversidade étnica e cultural do continente. O Ocidente branco muitas vezes se recusa a tratá-los de forma igual ou mesmo a assumir a sua quota-parte de culpa, em sua fragmentação territorial, cultural e civilizatória.

No entanto, aos poucos, começam a ecoar vozes de mudança que podem fazer do continente e seus diversos países, futuros players com enorme potencial global.

Explorando o potencial de investimentos na África.

Concentrando-nos nas suas maiores economias, na sua rica história e na sua cultura diversificada, podemos apontar este futuro da África

Ela é o lar de uma série de economias em crescimento que atraem cada vez mais a atenção dos investidores internacionais. Algumas das maiores economias do continente incluem Nigéria, Egito, África do Sul, Argélia, Marrocos, Etiópia, Quénia, Angola, Tanzânia e Gana.

Estes países destacam-se pelos seus recursos naturais, pelo desenvolvimento de infraestrutura e pelo crescimento da classe média, que oferece oportunidades de crescimento empresarial e investimento estrangeiro.

O comboio de Alta Velocidade construído em Marrocos com o apoio de Espanha, por  exemplo, descortina a mudança que o continente africano está a sofrer.

Aqui vai breve resumo dessas maiores economias:

A Nigéria cujo Produto Interno Bruto (PIB) de 477 mil milhões de dólares é a maior economia de África. O crescimento vertiginoso do seu sector financeiro, juntamente com a sua liderança nas exportações de petróleo, impulsionam o seu poder económico.

Além disso, Lagos, sua capital, é um centro tecnológico em ascensão e é a segunda maior área metropolitana de África. Esta condição amplifica ainda mais a influência regional da Nigéria.

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A belíssima capital Lagos. (Img Web)
O Egito

Partilhando o primeiro lugar com a Nigéria, o país tem um PIB de 477 mil milhões de dólares. Apresenta uma economia diversificada que vai desde o turismo e a agricultura até às indústrias têxtil e petrolífera.

A sua localização estratégica na encruzilhada de África e do Médio Oriente aumenta a sua importância no continente.

É também um ator internacional na negociação entre o mundo ocidental e as nações  islâmicas devido à sua forte projeção cultural neste último.

O país, famoso pelas suas pirâmides, tem aumentado o número de acordos internacionais, entre eles o mais famoso é a sua negociação e adesão aos BRICS, sendo a China um grande investidor que está a financiar a construção da nova capital do país.

[N.E.: Isto explica, em grande parte  as ações dos EUA, Europa e Israel na tentativa de aniquilação do povo palestino? O jogo do sionismo é maior do que imaginamos e mostra que nada tem a ver com os judeus.]

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A nova cidade do Cairo. Muito além das Pirâmides. (Img Web)

África do Sul – Com um PIB de 406 mil milhões de dólares, a África do Sul destaca-se como centro financeiro e líder industrial do continente além de ser o país mais consolidado do continente (apesar de ter perdido a posição de maior economia).

A abundância de seus  recursos minerais e suas indústrias consolidadas atraem investimentos globais e impulsionam o crescimento econômico regional.

Além disso, sua posição geográfica é considerada uma rota estratégica tanto para navios quanto para aviões que ligam o continente sul americano ao asiático. O país também é membro consolidado do BRICS. Sua capital Joanesburgo aparece como uma das principais cidades da África do Sul.

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      A capital da África do Sul – Joanesburgo. (Img Web)
Argélia

Com reservas consideráveis ​​de petróleo e gás natural, a indústria petroquímica da Argélia contribui para o seu PIB de 192 mil milhões de dólares.

Este volume de recursos financeiros a consolida na sua posição de potência económica no Norte de África.

Após as mudanças sociais que se refletiram na Primavera Árabe (n.e.: uma primeira tentativa de manter o o domínio norte-americano/europeu na região costeira do Mediterrâneo), o país aos poucos consegue se estabilizar socialmente.

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          A capital da Argélia é charmosa. (Img Web)

Marrocos – Brilhando com um PIB de 134 mil milhões de dólares, o Marrocos emerge como uma estrela em ascensão na região do Norte de África.

Sua geografia é facilitada pela proximidade com o sul da Europa ibérica e portuguesa, e seus florescentes sectores de turismo e agricultura, combinados com investimentos em energias renováveis ​​e industrialização, fortalecem a sua posição económica.

É também considerada uma das mais tolerantes entre as nações islâmicas, o que permite maior adesão de fluxos de investimento estrangeiro. Sua capital é  Rabat.

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    Edifícios modernos na histórica Rabat. (Img. Web)

A Etiópia tem um PIB de 127 mil milhões de dólares, e depende de um sector agrícola e industrial próspero. É considerada uma das economias de crescimento mais rápido, e atrai investimentos estrangeiros que nutrem uma classe média crescente.

Além disso, o país tornou-se um importante ponto turístico da África, especialmente as igrejas cristãs de Lalibella.

Carrega uma tradição história e religiosa das mais importantes.

Seu último imperador, na década de 1970, foi Hailé Sellasie, se dizia descendente direto do rei judeu Salomão.  O país também foi convidado a participar do grupo BRICS.

A cidade de Adis Abeba, capital da Etiópia, é completamente diferente da visão que muitos têm do país.

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          A capital da Etiópia Adis Abeba. (Img.Web)
Quênia

O PIB de 113 mil milhões de dólares, o sector tecnológico inovador e o ambiente favorável aos negócios contribuem para o seu sucesso económico do Quênia.

Um vibrante centro tecnológico e empresarial, em sua capital Nairobi albergam-se as sedes africanas de grandes empresas globais, bem como a sede das Nações Unidas (ONU) em África, exportando a influência regional do Quénia.

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 Nairobi – Capital Quênia e seu moderno metrô. (Img. Web)

Angola baseia o seu PIB na produção de petróleo e na extração de diamantes, num valor de 107 mil milhões de dólares.

Os esforços para diversificar a sua economia estão impulsionando o crescimento e o desenvolvimento.

O país, embora não faça parte dos BRICS, é um importante parceiro econômico para o Brasil, a África Austral e a China. Além de fazer parte da CPLP, nações da lusofonia.

Sua capital Luanda capital detém um belíssimo litoral

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      O novo aeroporto de Luanda – Angola. (Img. Web)

A Tanzânia surge no cenário com PIB de 75,71 mil milhões de dólares. A economia do país é apoiada por sectores prósperos como o turismo, a agricultura e a mineração.

Os seus portos estratégicos e o potencial de gás natural contribuem para a crescente influência da Tanzânia na África Oriental.

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  Dar es Salaam a impressionante Capital da Tanzânia

Gana – O PIB de 72,84 mil milhões de dólares, o clima político estável do Gana e as indústrias em expansão, como a produção de cacau, a mineração e a exploração de petróleo, atraem a atenção global e fortalecem a economia do país. Accra, é sua capital e é uma cidade em rápido crescimento.

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A capital Accra  em Gana. (Img. Web)
O Futuro da África:

À medida que África prossegue em seu caminho rumo ao desenvolvimento econômico e social, o potencial de investimento no continente avança de modo promissor.

Com uma população jovem e em crescimento, urbanização crescente e uma classe média em crescimento, África ressurge bem posicionada pronta a se tornar um dos principais motores do crescimento econômico no mundo nas próximas décadas.

Contudo, para concretizar plenamente este potencial, será necessário um compromisso contínuo com a estabilidade política, a boa governança e o desenvolvimento sustentável.

Os investidores – players globais que a compreenderem e apreciarem sua diversidade e complexidade, sem preconceitos e numa relação de respeito mútuo, estarão melhor posicionados.

Wesley ST Guerra – Consultor de Relações Internacionais.
Responsável pelo estudo de mercado “Plano de Bases de Ação Externa Galiza-Brasil”.

wesleysateles@hotmail.com

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Redação

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