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Empregos – Jovens e Setor Privado

Além de programas governamentais, como o Jovem Aprendiz, é importante reforçar o papel de parcerias entre instituições privadas e do terceiro setor para auxiliar essa camada da população, das mais afetadas pelo desemprego

Redação

São Paulo, 27/06/2022

3 Minutos

Recentemente, a Câmara dos Deputados se reuniu para analisar o Estatuto do Aprendiz, Projeto de Lei 6461/19, que estabelece condições sobre contratos de trabalho, cotas nas empresas, formação profissional e direitos do Jovem Aprendiz. Esse novo marco legal para trabalho e capacitação de jovens entre 14 e 24 anos pode aumentar a empregabilidade das pessoas nessa faixa, que historicamente estão entre as mais afetadas pelo desemprego no Brasil.

No entanto, alguns pontos da legislação ainda geram divergências, como é o caso da cota mínima de 5% para contratação de aprendizes. Enquanto algumas empresas demandam mão de obra altamente especializada ou trabalhos insalubres, inadequados para profissionais inexperientes, outras já ultrapassam essa cota por tradicionalmente empregarem os mais jovens, como acontece no setor de telemarketing.

Outro fator importante é a remuneração, que em alguns casos pode ser mais atraente em vagas que não se enquadram no programa, mas que exigem maior qualificação dos candidatos. Com crise econômica e baixa oferta de novas colocações no mercado, os jovens ficam para trás quando precisam concorrer com candidatos mais experientes e com maior escolaridade.

Empregos – Jovens e Setor Privado
Sem políticas públicas adequadas e eficientes o setor privado não tem demonstrado muito interesse. E invoca a crise de sempre. (Img Web)

De acordo com o último levantamento do IBGE, a taxa de desocupação entre adolescentes de 14 a 17 anos é de 39%, diante de 23% na faixa de 18 a 24 anos.

Para amenizar esse problema social, é preciso mais do que programas governamentais para empregabilidade e ensino técnico.

A mobilização do setor privado e de ONGs é necessária para que haja maior oferta de cursos voltados ao mercado e postos de trabalho destinados a esses públicos.

[N.E.: Há que se entender a condição especial para meninos nesta faixa etária – 17 anos de idade -, que impõe limitações como chamamento para forças armadas se tornam um problema – Urge uma alteração profunda nesta situação até porque o país não vive estado de guerra.]

Mobilização do empresariado 

Um exemplo de sucesso nesse sentido são os institutos de o 3º setor, que, por meio de cursos preparatórios para o primeiro emprego e parcerias com empresas empregadoras, já inseriu milhares de jovens no mercado de trabalho. “Milhares de jovens já passaram pelos cursos profissionalizantes ao longo dos anos, com uma taxa de empregabilidade razoáveis. Com o projeto PROPROFISSÃO, por exemplo, são mais de 1.100 jovens trabalhando e empregados nos últimos 3 anos. A Plataforma PROA, em 10 meses após a formação da primeira turma colocou 972 jovens no mercado do trabalho, em breve chegaremos a mil”, afirma a CEO da organização.

De acordo com a gestora, a parceria entre institutos educacionais e empresas é fundamental para que esses esforços gerem bons resultados. “O engajamento de empresas é muito importante, principalmente aquelas que destinam vagas exclusivas para os jovens e oferecem reais oportunidades para que continuem no processo de desenvolvimento e construção da carreira. Por isso, precisamos sempre expandir nossa rede de relacionamento com organizações que possuam, em suas agendas, pautas voltadas para a transformação e inclusão social de jovens de baixa renda no mercado de trabalho”, reforça.

“Muitas empresas recrutam funcionários que nem sempre são os mais preparados para as posições, por não possuírem alguns requisitos básicos. O nosso papel é suprir essa demanda, por meio de treinamentos gratuitos”, explica ela. “As empresas, de forma geral, reconhecem o trabalho da instituição e sabem da importância de projetos como estes como portas de entrada. Quem está na linha de frente do recrutamento sabe das dificuldades para contratar profissionais que entendam os códigos corporativos a serem seguidos, tanto em uma entrevista, como após a aprovação dos processos seletivos e tarefas iniciais”.

[N.E.: entraves e limitações do tipo podem e devem ser evitadas e tratadas com ações específicas nos currículos escolares no âmbito das políticas públicas da Educação, por exemplo, em formas de ações e inovações educacionais, levadas às escolas mantidas pelos impostos, para facilitar a vida deste alunos.]

Desenvolver os talentos

De acordo com a agência de notícias da Câmara dos Deputados, as oportunidades para os profissionais menos experientes ainda se concentram em determinados setores, como o de serviços por telefone, que tem 63% de jovens entre os contratados. Essa taxa é bem previsível, já que mesmo o ensino regular incentiva as habilidades de comunicação desde cedo, e essas podem ser aperfeiçoadas em treinamentos oferecidos pelas empresas.

Os jovens que se identificam com outras áreas podem demorar mais na inserção ao mercado, buscando ensino técnico e graduações. No entanto, as parcerias entre ONGs e empresas podem agilizar esse processo de busca pela primeira experiência.

Empregos – Jovens e Setor Privado
Além de tudo, a seleção social, gera excludentes óbvios. (Img Web)

Programas que podem, por exemplo, incluir treinamentos técnicos patrocinados. Carreiras à escolha do aluno, cargas horárias adequadas de preparação para diversas áreas empresariais: Análise de Dados, Varejo , Administração, Logística, UX Design e Promoção de Marcas – são áreas importantes e capazes de absorver mão de obra.

Demandas do mercado

Enquanto muitos setores sofrem com a crise econômica, a área de tecnologia de informação apresenta uma oferta crescente de postos de trabalho.

“Segundo dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais – Brasscom, teremos um apagão de talentos no Brasil nos próximos anos, fato que já é sentido de forma bem latente pelas empresas –o que ficou ainda mais acentuado após a pandemia, com os processos acelerados de transformação digital nas organizações. Considerando que as taxas de desemprego crescem de forma expressiva, ano após ano, fica claro que não há mão de obra especializada para atender a demanda de mercado”, analisa a especialista.

Para estimular os jovens a conhecerem melhor essa área tão promissora, é importante que também haja oferta de cursos técnicos de programação. “No PROPROFISSÃO, nosso curso de tecnologia, podemos afirmar que há certamente um grande gargalo de profissionais de tecnologia no mercado de forma geral. Entretanto, as empresas possuem um nível de exigência e senioridade na contratação em cargos iniciais, que nem sempre as formações profissionalizantes são capazes de suprir”.

[N.E.: a inclusão tem um papel importantíssimo nesta dinâmica. Um olhar atento ao processo percebe as relações intrínsecas às crises da juventude mais necessitada!]

Além de colaborarem com a oferta de vagas, as empresas deveriam ter a consciência de seu papel no aprendizado dos jovens funcionários, principalmente quando se trata de primeiro emprego. Nesse sentido, o planejamento conjunto com as instituições de ensino é um modelo ideal. “Nós reforçamos o papel das empresas no processo de formação e amadurecimento do profissional recém-formado, alinhando que haverá competências técnicas que deverão ser trabalhadas pelas companhias com treinamentos, disponibilização de cursos extras, programas como ‘shadow’, por exemplo, e muitas outras frentes que podem contribuir para essa evolução”, ressalta a CEO.

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Redação

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