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Especializar não é Discriminar

Doutor em Educação questiona política de inclusão total adotada em escolas brasileiras. Em seu novo livro pesquisador e ativista  evidencia a problemática de educar crianças e adolescentes com necessidades especiais de aprendizagem apenas em salas de aulas regulares.

Redação

São Paulo, 28/06/2023

2,7 Minutos.

Especializar não é Discriminar
Professores preparados e locais adequados. Básico. (Img Web)

Em tese, a alocação de crianças e adolescentes neurodivergentes ou com alguma deficiência no ensino regular é essencial para a promoção dos ideais de inclusão social.

Na prática, a precariedade das escolas brasileiras, especialmente nas mantidas pelo Poder Público, favorece uma lacuna de aprendizagem que limita os avanços daqueles que mais necessitam de atenção especial.

Esta é a reflexão proposta pelo Doutor em Educação Lucelmo Lacerda no livro Crítica à Pseudociência em Educação Especial, publicação da editora Luna Edições.

Na obra, o pesquisador e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, que também é autista e pai de criança autista, destaca a Inclusão Total e a Educação Inclusiva como vertentes antagônicas no debate sobre educação especial.

Depósitos não são locais adequados

A primeira defende o fim das salas e escolas especializadas, como as APAEs, e a limitação de apoios pedagógicos em prol da integração social. Já a segunda também prioriza a integração, mas luta pela manutenção dos espaços especiais e suporte contínuo por entender a relevância da educação pensada conforme a necessidade de cada aluno.

A escolarização de pessoas com deficiências ou Altas Habilidades/Superdotação exige atenção e apoio especiais e, nos países desenvolvidos, há uma tendência de que isto seja realizado por meio de metodologias que foram testadas, com resultados positivos demonstrados. Não pela alegada “intencionalidade” discursiva de um ou outro autor, instituição ou empresa em relação a sua funcionalidade. Este é o modelo falido que ocorre no Brasil, resultando em um quadro bastante preocupante, neste quesito.

Especializar não é Discriminar
Não há crescimento/proveito pedagógico sem o uso da Ciência. (Img do Autor)

De fato, a perspectiva da “Inclusão Total” é largamente dominante na Academia no Brasil. Apesar do nome lisonjeiro, é uma corrente hostil à ciência. Os resultados são claramente prejudiciais às pessoas com deficiência em seu processo de escolarização.

Ao defender que a escola seja plural em sua essência, mas que não se realize algum tipo de adaptação para os estudante com deficiência não são utilizados nos países com melhor estrutura educacional.

(Crítica à Pseudociência em Educação Especial, pg. 149)

A Inclusão Total, hoje endossada pela Política Nacional de Educação Especial (PNEE) do MEC, é realidade nos ambientes escolares de todo o país. Segundo Lucelmo, este direcionamento, amplamente adotado por ser menos oneroso aos cofres públicos, causa sérios prejuízos para pessoas com Transtornos Mentais.

Esta é uma definição meramente didática que engloba condições como o Transtorno do Espectro Autista e de Deficit Intelectual. Isso porque cada indivíduo necessita de atendimento e estímulos diferenciados conforme suas limitações e possibilidades. Tal cenário é impossível em salas de aulas superlotadas e professores sem formação com foco na individualização do ensino.

Especializar não é Discriminar

“Só defende este tipo de inclusão quem não está no dia a dia de uma escola e não convive com essa realidade. A educação nesse caso não depende só de boa vontade ou da atitude dos educadores, não existe formação técnica para o ensino especializado”, argumenta Lucelmo.

Como solução para este dilema, o especialista aponta a priorização das Práticas Baseadas em Evidências, abordagem com viés científico que possibilita a implementação de condutas pedagógicas das quais se conhece a eficácia a partir de pesquisas e estudos.

Em Crítica à Pseudociência em Educação Especial, Lucelmo Lacerda analisa as principais correntes no âmbito da Educação Especial e apresenta dados sobre a temática em diversos países desenvolvidos e na literatura científica, em uma poderosa reflexão neste campo de estudos. “A melhoria da educação passa necessariamente pela organização de um sistema inclusivo, em que salas e escolas especializadas são imprescindíveis, como se faz em todo e qualquer país civilizado do planeta”, reitera.

 

Ficha técnica

Livro: Crítica à pseudociência em educação especial – Trilhas de uma educação inclusiva baseada em evidências

Autor: Lucelmo Lacerda – Editora: Luna Edições- ISBN: 978-65-999786-0-9- Páginas: 172- Valor: R$ 78,99

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Redação

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