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Mulheres Modernistas no MARGS

Quando se pensa na produção feminina nos primeiros tempos do modernismo no Brasil, os nomes que vêm à mente são, invariavelmente, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Mas, para além dessas duas reconhecidas figuras femininas — indiscutivelmente centrais para a compreensão do período —, outras tiveram atuação relevante, ainda que ofuscadas por um sistema artístico majoritariamente integrado por homens.

Redação

São Paulo – Porto Alegre (RGS), 07/08 de 2022.

2 Minutos

Entre elas, a pintora Zina Aita, participante da exposição da Semana de Arte Moderna de 1922; Regina Gomide Graz, por sua contribuição às artes aplicadas; e Mina Klabin Warchavchik, responsável pelos primeiros projetos paisagísticos com espécies tropicais.

Este é uma palestra inicial de uma série produzida pelo Museu de Artes do Rio Grande do Sul, inaugurada no You Tube pela professora Regina Teixeira de Barros, doutora em Estética e História da Arte pela USP, professora de História da Arte e Estudos sobre Museus na Faculdade Santa Marcelina (2002-2016).

Mulheres Modernistas no MARGS
    As Mulheres da Semana de Arte Moderna de 1922.

Regina coordenou a equipe de pesquisa e a edição do Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (2006-2008). Foi curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 2003 e 2015, onde realizou diversas exposições, entre as quais Tarsila viajante (Pinacoteca e Malba, Buenos Aires, 2008) e Arte no Brasil: uma história do modernismo (2013).

Desde 2016 é pesquisadora e curadora independente, realizando exposições sobre arte do século 20 e contribuindo em publicações que visam a revisão da historiografia sobre da arte moderna no Brasil. Em 2018 recebeu prêmios da ABCA e da APCA pela mostra Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna (MAM-SP, 2017). Em 2021 curou a exposição Moderno onde? Moderno quando? (MAM-SP) em parceria com Aracy Amaral.

Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922

Organizada pela Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac), por meio do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), Instituto Estadual de Artes Visuais (IEAVi) e Centro de Desenvolvimento de Expressão (CDE), a série teve início e foi realizada no período de 15 a 20 de fevereiro de 2022, com uma programação alusiva às comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.

O público teve acesso a palestras e oficinas, além de conteúdos nas redes sociais, que abordaram o evento – marco simbólico e histórico do modernismo no Brasil, considerado um divisor na história da cultura brasileira.

Com a perspectiva de oferecer resgates, revisões e leituras plurais sobre a Semana de 22, a programação apresentou 3 palestras com as pesquisadoras Regina Teixeira de Barros, Daniela Kern e Paula Ramos, respectivamente, nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro (leia mais abaixo as sinopses). Sempre às 17h, os eventos também foram transmitidos pela página do Facebook da Casa de Cultura Mario Quintana – clique), sem necessidade de inscrição

Por meio dos setores educativos do MARGS, MACRS, CDE, CCMQ e IEAVI, nos dias 15, 16 e 20 de fevereiro froam realizadas, respectivamente, as oficinas “O que cabe nas palavras?”, “Leitura coletiva em voz alta de ‘Macunaíma’, de Mário de Andrade” e “Fora da caixa: retrato em dupla”. Os eventos ocorreram na Sala de Oficinas do CDE, no 5º andar da Casa de Cultura Mario Quintana.

Por fim, o MARGS, por meio dos seus Núcleo Educativo e de Programa Público e do Núcleo de Comunicação e Design, publicou em suas redes sociais (Instagram e Facebook) conteúdos especiais sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, a partir do dia 13.02.

SEMANA DE 22

Realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, incluiu exposição com cerca de 100 obras, aberta diariamente no saguão do teatro, e três sessões lítero-musicais noturnas.

Mulheres Modernistas no MARGS
Cartões de crédito, criptomoedas, sociedade…O que de fato é o Brasil?  Saltos descontinuados na História…

Organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência do Brasil, o evento declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica.

Assim, a principal função da Semana de 22 para a história da arte brasileira foi romper com o conservadorismo vigente no cenário cultural da época, assumindo um compromisso com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas artísticas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.) já corridas anos antes.

Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articulou a um forte interesse pelas questões nacionais, que ganhou acento destacado a partir da década de 1930, quando os ideais de 1922 se difundiram e se normalizaram.

A Semana de Arte Moderna foi um fenômeno eminentemente paulista, conectado ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização.

[N.E.: Mas, Villa-Lobos, talvez o músico mais importante do Brasil, era carioca e suas produções já tinham, em grande parte, aspectos notativos da cultura indígena brasileira, o que ressalta seu aspecto nacionalista, e ele foi convidado a participar justamente por esta razão, pelos modernistas paulistas. Já era reconhecido na Europa].

Assim, ainda que o modernismo no Brasil deva ser pensado a partir de suas múltiplas manifestações e geografias — incluindo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul etc. —, a Semana de 22, que teve estreia no Teatro Municipal de São Paulo é um marco simbólico e histórico, considerado um divisor na história da cultura brasileira.

Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de Moraes que, entretanto, por estar doente, dela não participou. Na ocasião da Semana de Arte Moderna, Tarsila do Amaral, considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, se encontrava em Paris e, por esse motivo, também não participou do evento.

 

O MARGS está localizado à Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico — Porto Alegre, RS — Brasil – museu@margs.rs.gov.br

 

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Redação

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