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Produtos biológicos contribuem para agricultura mais produtiva e sustentável. O controle efetivo de pragas e doenças associado a um solo mais fértil é o caminho para uma agricultura regenerativa.

 

 

Redação

São Paulo, 08/05/2023

2,8 Minutos.

Soluções que associem maior produtividade com sustentabilidade têm ditado o futuro da agricultura, como é o caso dos produtos biológicos. Esses insumos agrícolas, desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo natural, possibilitam um sistema produtivo mais sustentável ao controlar pragas e doenças, otimizam a fertilidade do solo e a nutrição das culturas. O resultado é uma agricultura regenerativa.

Segundo o diretor de operações da Tradecorp do Brasil, Rafael Leiria, os produtos biológicos estão ocupando espaço e grande importância na escolha dos insumos. Eles irão compor o pacote tecnológico a ser utilizado pelos produtores. “Assim, são produtos de origem biológica tais como microrganismos e/ou seus metabólitos, extratos de plantas, óleos essenciais, etc., que passam por processos industriais controlados originando um produto comercial”.

Hoje existe uma gama de produtos biológicos no mercado com diferentes objetivos. Melhorar a fertilidade dos solos e a disponibilidade de nutrientes para as plantas, estimular o metabolismo vegetal, controlar pragas e doenças nas mais diversas culturas. “Essas soluções biológicas têm como característica positiva o baixo nível de toxicidade. Portanto, são biodegradáveis, e promovem uma agricultura sustentável e reduzem os riscos ao homem e ao meio ambiente em comparação com os agroquímicos comuns”.

Exemplos de produtos biológicos:

Bioestimulantes: produtos feitos a partir de substâncias naturais que são aplicados diretamente nas plantas, nas sementes e no solo, capazes de estimular processos fisiológicos das plantas com objetivo de melhorar a qualidade de sementes.  Também  estimulam o desenvolvimento radicular, favorecem o equilíbrio hormonal da planta, proporcionam germinação mais rápida e uniforme. Além disso, atenuam os efeitos de estresses biótico e abióticos e aumentam a produtividade;

Biofertilizantes: produtos que contêm componentes ativos ou substâncias orgânicas, obtido de microrganismos ou a partir da atividade destes. São derivados de origem vegetal e animal, capazes de atuar direta ou indiretamente sobre o todo ou parte das plantas cultivadas. Com isso, aumentam sua produtividade e a melhoria de sua qualidade, incluídos os processos e tecnologias derivados desta definição;

Agentes biológicos de controle: tratam-se de microrganismos vivos e inimigos naturais, de ocorrência natural, que são introduzidos em ambientes agrícolas como controle de pragas e doenças. Alguns microrganismos já conhecidos no mercado com essa função são: Bacillus, Trichoderma, Beauveria, Metarhiziume, Cotesia, dentre outros;

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Besouros combatentes comuns são muito úteis no controle de pragas nas plantações. (Img. Web)

Condicionadores biológicos de ambientes: substâncias simples ou composta, normalmente originadas de processos fermentativos. Melhoram a diversidade e consequentemente a atividade microbiológica dos ambientes de produção. Contribuem para a melhoria da sanidade, na redução da emissão de gases amoniacais e promovem a exclusão competitiva de microrganismos prejudiciais em sistemas produtivos;

Inoculantes: são microrganismos com atuação favorável ao desenvolvimento das plantas. São exemplos bem conhecidos; muito usados de inoculantes os produtos a base de Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium japonicum, conhecidos pela sua ação fixadora de nitrogênio. A Pseudomonas fluorescens é usada por sua capacidade na promoção de crescimento e solubilização de fósforo.

Soluções biológicas 

As bases de microrganismos vivos são feitas por meio de processos de multiplicação, através de fermentação líquida e/ou sólida. O objetivo é obter produtos com alta concentração do organismo dado como ativo biológico. No caso de insetos/inimigos naturais, é feita a multiplicação massal para posterior liberação no ambiente.

Porém, Rafael alerta que qualquer que seja o processo escolhido, deve-se primar por um rígido controle sanitário. A qualidade de cada etapa, desde os primeiros ciclos, em pequena escala, ocorrem nos laboratórios, até a fase final de estabilização e formulação. “Graças a isso se obtém um produto com garantia de composição e seguro. Evita-se a contaminações por outros microrganismos e compostos indesejáveis. Assim, se  assegura uma produção agrícola sem riscos para o meio ambiente e à saúde das pessoas”.

Todavia, a armazenagem dos produtos biológicos deve seguir rigorosamente a recomendação dos fabricantes. Conquanto  eles realizam testes de estabilidade em diversas condições ambientais. Desta forma, podem recomendar a melhor forma de armazená-los para manutenção da viabilidade e eficácia destes insumos.

Técnicas que exigem atenção e cuidados

“Especialmente para os produtos microbiológicos, a temperatura e a exposição do produto a radiações UVs podem afetar significativamente a qualidade. Por isso, protegê-los de altas temperaturas é uma boa prática para qualquer bioproduto”, alerta. Entretanto, a refrigeração excessiva não é recomendação generalizada para produtos macrobiológicos como predadores e parasitas (vespas, ácaros e outros insetos).

Os cuidados também se estendem quando o assunto é a logística na comercialização dos produtos biológicos. Ela precisa ser ágil e rápida, de forma a preservar o produto durante o transporte e armazenamento, evitando temperaturas altas e exposição à radiação solar. Quando requisitado, o produto deve ser transportado e armazenado de forma refrigerada. “Então, orientamos nossos transportadores e clientes a utilizarem sempre as melhores práticas. Desta forma, evitam que os produtos fiquem expostos, principalmente as altas temperaturas”, explica.

Ainda segundo ele, o desenvolvimento de formulações e a utilização de embalagens robustas e de alta qualidade também contribuem para que os produtos biológicos cheguem aos clientes em perfeitas condições para uso.

“Enfim, a agricultura do futuro será embasada em produtos biológicos e devemos continuamente pesquisar e desenvolver novas tecnologias, além de evoluir no manejo das que já são adotadas por grande parte dos produtores rurais”, finaliza.

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Redação

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