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O Rio Amazonas em Sentido Contrário

A idade dos minerais presentes nos sedimentos no centro desta bacia hidrográfica é superior à da elevação da cordilheira Andes há uns 20 milhões de anos.

Redação

São Paulo, 12/10 de 2021.

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O rio Amazonas nem sempre correu de Oeste para Leste. Em tempos muito recuados, a corrente daquele que é um dos maiores rios do planeta partia do Atlântico em direção ao Pacífico. Os indícios desta inversão resultam de um estudo sobre os depósitos minerais da bacia hidrográfica do Amazonas, conduzida por Russel Mapes, da Universidade da Carolina do Norte, e dois investigadores brasileiros, apresentado esta semana em Filadélfia (EUA), no encontro anual da Sociedade Geológica da América.

Investigações anteriores já apontavam para que em pequenos segmentos do rio tivessem existido correntes de direção oposta. Mas agora, os testes feitos nos minerais encontrados em sedimentos, na parte central da bacia por esta equipe, revelam que são demasiado antigos para terem origem nas montanhas da Cordilheira dos Andes, que ficam a Oeste. Por isso, os cientistas consideram que tinham de provir das montanhas que outrora existiam a Leste, próximas da foz atual do Amazonas, que fica junto à ilha de Marajó, no estado brasileiro do Pará.

A formação dos Andes iniciou-se na era Paleozoica (entre há 542 milhões de anos até há cerca de 251 milhões de anos). Mas foi durante o Cretáceo (um período geológico que terminou há 65 milhões, quando se extinguiram os dinossauros, e teve início há 136 milhões de anos) que assumiram a forma atual.

O Rio Amazonas em sentido contrário
A grande cordilheira dos Andes e a nascente atual em direção ao oceano Atlântico. (img Internet)

Se o fluxo do rio Amazonas tivesse sido desde sempre na direção do Atlântico, como atualmente, como demonstram os minerais descobertos nos sedimentos, seriam mais recentes e seria impossível terem detectado vestígios minerais de zircônio com 20 milhões de anos naquela localização.

O zircônio é um mineral muito útil porque, devido à sua resistência à ação dissolvente das águas, permite identificar o período em que se formou. “Não descobrimos minerais mais recentes. Ao longo da bacia do Amazonas, as idades dos minerais apontam todas para localizações muito específicas no Centro e no Leste da América do Sul“, diz Russel Mapes, citado num comunicado da sua universidade.

Com a movimentação das placas tectónicas, quando ocorreu a separação da América do Sul e da África, no período Cretáceo, surgiu uma outra cadeia montanhosa, chamada Arco Purus, que dividiu o rio, fazendo com que o Amazonas corresse em ambos os sentidos. Posteriormente, a elevação dos Andes veio interromper por completo o fluxo que corria para o Pacífico, empurrando toda a corrente na direção do oceano Atlântico.

“Apesar de o Amazonas parecer permanente e imutável”, esclarece Mapes, “já passou por três diferentes estados de drenagem desde o Cretáceo Médio, num período de tempo reduzido, geologicamente falando.” Isto demonstra que a “superfície da Terra é bastante transitória”, conclui.

 

Leia a íntegra aqui

 

 

 

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Redação

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