EducadoresProfessore(a)s

Voltar às aulas: o passado

Esse dilema atual também foi enfrentado há um século, quando a tuberculose era uma doença devastadora.

Redação – Paula Adamo Idoeta – BBC News Brasil em São Paulo

São Paulo, 16/09 de 2020.

2 Minutos

Diante da ameaça de uma doença potencialmente fatal transmitida pelo ar e mesmo sem o desenvolvimento de uma vacina, como garantir o retorno seguro das crianças às aulas? Esse dilema atual também foi enfrentado há um século, quando a tuberculose era uma doença devastadora.

No final do século 19, essa doença bacteriana matou um em cada sete cidadãos na Europa e nos Estados Unidos, de acordo com dados do US Center for Disease Control (CDC). A vacina foi feita em 1921, mas muitos anos se passaram antes que fosse amplamente adotada em todo o mundo.

Para proteger as crianças nas escolas, uma solução foi usar os espaços abertos como salas de aula: com lousas e carteiras portáteis, alunos e professores ocupavam jardins e usavam a observação da natureza para aprender ciências, artes ou geografia, por exemplo.

As chamadas “escolas ao ar livre” surgiram na Alemanha e na Bélgica em 1904, e o movimento avançou nas décadas seguintes, a ponto de ser objeto, em 1922, do I Congresso Internacional de Escolas ao Ar Livre, em Paris.

(n.e.: mas, já eram praticadas na Grécia antiga. Tanto a Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles ou mesmo a escola Pitagórica (esta, cercada de mistérios) praticavam aulas nos jardins e eram conhecidas como peripathòs e os alunos como peripatéticos.)

Também inspirou ação nos Estados Unidos, quando, em 1907, dois médicos de Rhode Island sugeriram a abertura de escolas em áreas abertas, de acordo com o The New York Times.

Com o sucesso da iniciativa (já que ali não havia crianças doentes com tuberculose), nos dois anos seguintes foram criadas mais 65 escolas deste tipo no país, em espaços vazios, telhados de edifícios e até balsas abandonadas.

A ideia também foi incorporada no Brasil, embora haja poucos registros sobre o assunto, mas o pesquisador André Dalben encontrou histórias sobre escolas desse tipo a partir de 1916 em Campos de Goytacazes, Angra dos Reis e Manaus e, posteriormente, a chamada Escola Débeis, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, entre 1927 e 1930.

“A tuberculose era uma grande preocupação, juntamente com outras doenças infantis, como anemia e desnutrição. Em geral, as escolas cuidavam de crianças de famílias pobres, o que mostra uma tendência à higiene: como se pensava que seus organismos eles estavam mais doentes “, explica Dalben à BBC News Brasil.

A ideia, diz ele, era tirar essas crianças de locais insalubres, como casas superlotadas, e colocá-las em contato com a natureza, com o intuito de fortalecer o sistema imunológico.

VOLTAR ÀS AULAS – PASSADO

Um dos programas mais duradouros foi o da Outdoor Application School (EAAL), que funcionava no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, entre 1939 e 1950, quando a escola mudou para um Prédio próximo, no Bairro da Lapa.

A EAAL foi estudada por Dalben, hoje professor da Universidade Federal de São Paulo, em seu pós-doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

A escola paulistana não se encaixava no perfil das demais: atendia alunos de influentes famílias de classe média daquela cidade que moravam perto do Parque da Água Branca, em áreas que hoje abrigam bairros como Pompeia e Perdizes.

https://es-us.noticias.yahoo.com/coronavirus-educaci%C3%B3n-original-100-a%C3%B1os-183602878.html



Compartilhar

Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP