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Futebol: Impedimento e Vergonha

Parei de acompanhar há muito tempo os campeonatos e torcer por times de futebol, bem como apreciar jogadores, individualmente, por seus truques com a bola. Jogadores são só isso mesmo – jogadores, e se envolvem com crimes e muita baixaria. É do Jogo!

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São Paulo, 17/05/2023

2,4 Minutos.

Com as denúncias crimes, comprovadas, de que jogadores de times grandes, médios e pequenos estão envolvidos em escândalos com a máfia da jogatina – uma evolução do jogo do bicho (só mudou o tipo da grama no pasto).  Além disso, provavelmente há mais gente graúda por trás deste esquema (sem citar crimes como estupro, ou formação de quadrilha etc.).

Ou seja, fica cada vez complicado encontrar um time do coração para torcer. Claro que a educação tem a ver – filhos de peixes são peixinhos, embora possam evoluir para outras espécies, mudar de gênero, aceitar novas religiões, votar em outros partidos etc…

Esta flexibilidade da “raça humana”, de mudar de lado, circunstancialmente vai de acordo, inclusive, numa leitura mais desprovida de cientificismo, com os princípios darwinistas de adaptação. Não os mais fortes, mas os melhores adaptados sobrevivem na selva planetária – estamos no topo da cadeia! Mentir ou falsear é quase um atributo dos evoluídos. Tem até “filósofo” de TV que diz ser bom…

E jogadores de futebol, geralmente pessoas originárias de famílias com baixas condições sociais, sonham com ascensão em uma sociedade por princípio excludente que dificulta ao máximo as mudanças de status sociais. Desta forma, caminho aberto para aderirem aos ‘esquemas’ fraudulentos com mais facilidade, porque, afinal, “o negócio é levar vantagem em tudo, certo?”

Futebol: Impedimento e Vergonha
Educar crianças para os valores humanos, Não pelo preço das coisas. (Img Web)
Os modelos sociais produzem reflexos – Escala mundial.

Qualquer pesquisa básica entre meninos e, agora também entre meninas das escolas públicas, revela a quantidade deles que sonham se tornarem jogadores de futebol. Digo isto, porque me ocupei, durante um tempo, em fazer estas “enquetes”, enquanto professor das séries do ensinos médio e fundamental 1 e 2 desde 1991, quando percebi algumas dificuldades. Não dos alunos, mas da direção e da coordenação pedagógica de algumas escolas. Confesso, tirei algum proveito da incoerência do sistema escolar público do estado de São Paulo, desde então. Pude fazer estas comparações construtivas.

O gráfico abaixo revela os números e as intenções dos alunos questionados. As enquetes surgiram anos depois, a partir do momento em que formalizei, mentalmente, a estrutura viciada e doentia do sistema,  durante os anos de 2008 e 2012. Passei por várias escolas, das de lata às de apoio às comunidades. Nelas, eu lecionava Sociologia e Língua Portuguesa, manhã, tarde e noite, e, no trajeto esbarrei em mais de um diretor de U.E. obstaculizando as iniciativas. Por que será?

Futebol: Impedimento e Vergonha
                         Imobilismo social, sociedade excludente. Tentativas de ascensão crescem. (Img Web)

A razão era simples: pretendi levantar diversos dados sobre os alunos(as), suas origens, a de seus pais, avós, desde as cidades em que estes nasceram, o bairro onde estavam vivendo, há quanto tempo viviam por lá. Pretendia esquadrinhar os contornos familiares. Se tinham ou conheciam seus avós, as idades, a cor da pele, as crenças religiosas, quantos cômodos tinha a casa onde moravam, quantos irmãos. O grau de instrução dos familiares, as doenças na família, problemas com a justiça; locomoção até a unidade escolar…Enfim, eu estava cumprindo uma função típica do IBGE, do estado, da secretaria de educação, porque eu queria dados para escrever sobre.

Desapontamentos e frustrações

Atentei para a importância desta jornada quando conclui a pós graduação em Ciência Política na FESPSP.
Mas, bem antes eu já tinha desistido de torcer por um time de futebol. Eu que sempre joguei bola, na rua, em campinhos, quadras, campos semioficiais, e cresci enganado pelo truque dos militares com a seleção de 1970.

Gostava de Pelé, Rivelino em seus respectivos times profissionais. Acompanhava algumas partidas pelo rádio, pela TV. Fui algumas vezes aos estádios. Ademir da Guia, Luís Pereira, Leão, Sócrates, Zico…Admiráveis. Quase todos de famílias pobres!

Porém, entendi depois de uns 30 anos (paixões nos tornam cegos!) que o grande futebol não passa de um caudaloso rio de dinheiro e que vários estão pescando nele. Desde ‘atletas’, dirigentes, apostadores, programadores, banqueiros, bicheiros, cada um com sua “técnica pessoal”. Vara e anzol, molinete, rede, dinamite, arrastão, radares e satélites… Percebi o negócio. E a sujeira dos esgotos que poluíam um dos rios de minha infância, onde minha alma corria descalça, e me afastei enjoado. Todos correm para o mar!

Hoje, se nutro uma expectativa (um tipo de esperança dos letrados irreligiosos), é de que as crianças contemporâneas sejam educadas o suficiente para entenderem que em rios poluídos peixes estão geralmente contaminados e fazem muito mal! Mas, também não me engano. Sei que fome e carências são deixas do abandono.

 

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP