Química Orgânica com Prazer

A Química orgânica é uma das matérias mais queridinhas no ensino médio. Frente à físico-química, então, ela sai em disparada. Eis como dar aulas de Química orgânica com prazer.

Samara Caetano

São Paulo, 17/04 de 2021.

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Nomear cadeias pelas estruturas, seguir o caminho inverso, e construir pelos nomes… Ah, bate até uma saudade! Famoso tempo – “era feliz e não sabia”. Ainda mais quando chegamos à graduação; mas nem tudo são somente flores, leva um tempo para fixar os prefixos, sufixos, grupos funcionais e tantas outras classificações.

Inclusive, esse é um ponto que cria a linha tênue entre o amor e ódio pela química orgânica: a quantidade de termos. Para contornar as dificuldades, nada como por a mão na massa e treinar com as mais variadas moléculas. Se a prática leva à perfeição não posso afirmar – quem nunca colocou cinco ligações em um carbono, não é mesmo? – mas ela com certeza é necessária para a fixação.

E quais são os caminhos que os professores podem buscar a não ser uma lista de exercícios com todas as letras do alfabeto? Como tornar possível visualizar os detalhes das moléculas sem que estejam sempre impressas no papel e que seja viável financeiramente? Atualmente há vários programas de modelagem molecular, tais como: Chemsketch, Marvin beans, Chemcraft, dentre muitos outros, que possibilitam montar diversas cadeias; e suas propriedades são bem sinalizadas, por exemplo: massas moleculares, geometrias e até orbitais.

Infelizmente, vivemos em um momento de muita desigualdade na educação brasileira e a pandemia causada pela Covid-19 evidenciou esse fato. A falta de estrutura que as escolas, principalmente as públicas encaravam, é refletida nos lares dos estudantes com pouco ou nenhum acesso a uma internet de qualidade e a computadores (leia aqui)

Combinou? Deu Química…

Uma segunda alternativa, desta vez ao alcance de mais alunos, é buscar algo manual a ser construído sendo de fácil acesso. Usado na química, mas também na matemática, são os modelos de palitos de dentes ou churrasco com jujubas ou bolas de isopor. Com eles é possível formar diversas cadeias e debater as classificações, o mais próximo possível das capacidades um software, mas que ainda há um custo financeiro.

Pensando em uma proposta gratuita, essa ideia foi levada às tampinhas de garrafas pet, com embalagens de produtos, guardadas em uma caixa de leite, formando o ‘kit – estruturas’. Nessa caixa cabem 44 tampinhas divididas em: 10 carbonos, 25 hidrogênios, 2 hidroxilas, 2 oxigênios, 2 nitrogênios, 1 cloro, 1 nitro, e 1 enxofre; mais 35 tiras de caixas de produtos que simbolizam as ligações.

Até a identificação das tampinhas também é realizada com caixas de produtos; sendo recortadas da mesma circunferência, encaixam no seu interior e não precisam ser coladas. Esse kit pode ser entregue aos alunos, mas também construídos por eles. A quantidade dos elementos foi escolhida para poder abordar todas as funções orgânicas trabalhadas no ensino médio e sendo possível destacar algumas características, por exemplo: cor para indicar eletronegatividade e tamanho para raio atômico.

Um kit bom e barato

Além do mais, esse kit pode ser adaptado com mais tampinhas e agregar outros elementos. Só não se esqueça de padronizar as cores com os símbolos.

A combinação da reciclagem com a educação visa, acima de tudo, propor equidade ao ensino. Desta ideia surgiu à mensagem “recicle & ensine” para disseminar a educação cientifica de forma lúdica, didática e acessível. Possibilitando, mesmos nas áreas mais carentes, o acesso digno à educação e, por meio dessa, conscientizar sobre a importância da reciclagem.

Outras ideias feitas com recicláveis vocês encontram nas redes sociais da lúdica química – instagram, facebook, youtube e linkendIn.

Samara Caetano – Professora de Química