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Mulheres Indígenas e Lutas

Mulheres indígenas e lutas constantes para mudar a história. Aprendizado de gerações para afirmarem seus direitos.

Patrícia Rodrigues Augusto Carra

São Paulo, 20/04/2024
2 Minutos.

O dia 19 de abril da Era Vargas foi eleito como o Dia do Índio. Uma data criada no bojo de uma política cujo objetivo pode ser resumido à assimilação dos povos originários à sociedade não indígena. Desde lá, muito aconteceu e, nesse processo, o movimento indígena é um forte exemplo do protagonismo e da resistência desses povos.

Quase 80 anos mais tarde, em junho de 2022, foi instituído o Dia dos Povos Indígenas. É importante entender esta mudança: o termo “indígena” é considerado mais adequado, pois ressalta a diversidade étnica e cultural dos povos originários. Já a palavra “índio” é um termo genérico, que não considera as especificidades que existem entre os povos.

O projeto que deu origem a Lei 14.402/22 foi de autoria da primeira mulher indígena a ser eleita Deputada Federal: Joenia Wapichana, atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), cargo onde repete o pioneirismo.

Mulheres Indígenas e Lutas
As mulheres indígenas, suas lutas e afirmações. Elas e outras lideranças por suas terras. (Img Web/Arte AEL)

Observamos as mudanças nos detalhes: Sônia Guajajara, candidata à vice-presidência da República nas eleições de 2018 é hoje a ministra do Ministério dos Povos Indígenas. É a primeira vez que temos um ministério chefiado por uma liderança indígena. Sônia é uma das vozes contra as ações que ameaçam a vida dos povos originários e prejudicam o meio ambiente.

ELAS são de Luta

Mas ainda falta muito. O Brasil, país multiétnico e multirracial, historicamente, tem as suas instâncias de poder e de decisão carentes de representatividade de grande parte da população brasileira, incluindo, nesse conjunto, os povos originários. Será que esta realidade está a mudar? Uma educação e uma sociedade antirracistas devem considerar a seriedade desta informação histórica e a pertinência desta pergunta.

Eu era uma menina quando ocorreu a eleição do primeiro Deputado Federal Indígena (1983–87), o cacique Mário Juruna. Sua presença sempre acompanhada de seu gravador, assim como a sua atuação nos espaços da Assembleia Nacional Constituinte de 1987–88, a mim, dizia muito mais que as páginas dos livros.

Em relação aos povos originários A Carta Magna abandonou a concepção tutelar e integracionista e assegurou, por exemplo, o direito à terra e à preservação de suas culturas. Apesar disso, as conquistas gravadas ainda não foram suficientes para solucionar as questões indígenas. Hoje, yanomamis e mundurukus comprovam o desrespeito ao documento quando denunciam casos sistemáticos de sofrimento, violência e desnutrição, além de evidenciar sobre o descaso público e social.

Mas acredito na força dos movimentos e ações, principalmente, de mulheres indígenas, de diferentes etnias, em diferentes espaços sociais, políticos e culturais.

Representatividade ainda é pequena

Abraçar a causa, nos informarmos, refletirmos sobre as pautas indígenas e continuarmos as discussões. Conhecer as história e as culturas dos povos originários, e entender que essas, a partir de 1500, compõem a história brasileira. Não são um capítulo à parte. Que história queremos legar?

Patrícia Rodrigues Augusto Carra – Doutora em Educação, Psicopedagoga, Historiadora, pesquisadora e fundadora da revista digital Histori-se.

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Redação

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