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SARS-CoV-2 ACE2 e exercício físico

A OMS atribui ao sedentarismo 3,2 milhões de mortes anuais. Numa comparação “indesejável”, a COVID-19 fez 2,8 milhões de vítimas nos primeiros 12 meses.

Jair Rodrigues Garcia Jr.

Presidente Prudente – SP 22/07/2021.

1 Minuto

O sedentarismo é uma “pandemia permanente” que a pandemia da COVID-19 exacerbou. Diretamente, o sedentarismo representa um fator de risco para doenças crônicas e infecciosas.

Ligante – O coronavírus (SARS-CoV-2) é perigosíssimo, porém não possui todas as moléculas necessárias para proliferação, dependendo de nossas células para se multiplicar e causar seus males. A proteína Spike de sua superfície interage com a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), uma proteína receptora de nossas células. Após a ligação, a ACE2 conduz o SARS-CoV-2 para dentro das células, onde se aproveita do material genético para sua multiplicação.

Efeitos
As células dos alvéolos pulmonares (local onde ocorrem as trocas dos gases) são ricas no receptor ACE2 e estão “no caminho” do SARS-CoV-2 após sua entrada nas vias aéreas. Após a infecção e multiplicação do vírus, o sistema imune começa a atacá-lo, produz citocinas e uma condição inflamatória de grau elevado.

tabela mostra benefícios do Exercícios contra Covid19
SARS-CoV-2 – ACE2 e exercícios físicos contra Covid-19                                                                     (Img. Cedida)

Essa inflamação é inevitável, mas se torna um problema ainda maior (lesão dos alvéolos e dificuldade respiratória severa) quando se soma à inflamação sistêmica já existente. Esta última é de grau elevado em pessoas sedentárias, obesas, com disfunção do sistema imune etc.

A proteína ACE2 não serve apenas para “receber” o coronavírus. Tem função fisiológica de transformar a proteína angiotensina II em angiotensina 1-7 (Ang 1-7). Estas são duas proteínas ativas e antagônicas, que devem manter o equilíbrio de seus efeitos fisiológicos.

A Ang 1-7 produzida pela ACE2 tem efeitos vasodilatador, anti-inflamatório, anti-fibrótico, de proteção cardiovascular e pulmonar, e de aumento da neurogênese.

Covid-19 X Exercício

Quando o SARS-CoV-2 entra nas células e se multiplica, há diminuição da ACE2, o que pode ser crítico para o agravamento da COVID-19, já que os efeitos benéficos da Ang 1-7 são diminuídos. Por isso, uma opção óbvia é uma droga que bloqueie a interação entre a proteína Spike do SARS-CoV-2 e a ACE2. Enquanto não existe essa droga, vamos usar uma terapia não-farmacológica já disponível: o exercício físico. Este é um ativador da ACE2, da produção da Ang 1-7 e de seus efeitos anti-inflamatório, anti-fibrótico, de proteção etc.

Prevenção permanente – O exercício físico representa a primeira linha de defesa contra as doenças metabólicas (ex. diabetes) e infecciosas (ex. COVID-19) associadas com inflamação sistêmica de grau elevado. Até a severidade dos sintomas e mortalidade do vírus H1N1 Influenza da gripe comum, depende da condição metabólica e inflamatória do infectado. O exercício físico é o melhor “remédio” para a prevenção da infecção e da evolução, inclusive comparando com medicamentos.

Vamos usar uma terapia não-farmacológica já disponível: o exercício físico.

Jair Rodrigues Garcia Jr Doutor em Ciências (Fisiologia Humana) pelo Inst. Ciências Biomédicas da USP, Ms em Alimentos e Nutrição (Ciências Nutricionais) pela Fac. Ciências Farmacêuticas da UNESP e graduação em Educação Física pela Fac. Ciências da UNESP. Líder do grupo de pesquisa Fisiologia e Metabolismo Aplicados ao Exercício e Doenças Crônicas (CNPq).

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Redação

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