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Brasil precisa de empreendedores: a escola pode ajudar muito

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São Paulo, Brasil (AEL – A Escola Legal)

Apenas para incorporar o contingente de jovens que vai entrar no mercado de trabalho nos próximos cinco anos será necessário gerar 60 milhões de novos empregos.

E isso acontecerá em um momento em que a grande maioria das empresas estará preocupada em reduzir custos e eliminar mão-de-obra.

Uma forma inteligente para se resolver esse dilema é estimular a capacidade empreendedora do brasileiro dando-lhe condições de criar e manter o seu próprio negócio, evitando que ele vá tentar se colocar como empregado nas grandes ou médias empresas.

Mas, para isso, muita coisa precisa mudar no mundo das pequenas e microempresas e no mundo da Educação.

A começar pelo fato de que hoje nada menos que 75% dos novos empreendimentos brasileiros sucumbem em menos de cinco anos. Algo errado está acontecendo com o universo de 7,8 milhões de micro e pequenas empresas que são 99,1% do total de empresas registradas no Brasil.

Pois, apesar delas gerarem 53 milhões de empregos, são responsáveis por apenas 27 % do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Esse índice é um dos mais baixos do mundo. Na grande maioria dos países elas têm uma participação muito maior e, na Itália e na Espanha, por exemplo, respondem por mais de 60 % dos respectivos PIBs.

Mesmo na América Latina a média é de 35%. Se olharmos para sua participação nas nossas exportações os números são ainda piores: enquanto na Itália as micro e pequenas empresas respondem por 43% destas exportações, no Brasil elas são responsáveis por apenas 1,2%.

O momento econômico no Brasil é muito ruim: o desemprego atinge mais 12 milhões de pessoas, e se considerarmos os que já nem emprego procuram mais e os que trabalham por conta própria, mas de forma absolutamente precária, chegamos a 44 milhões de pessoas.

Alguém ainda acredita que seria possível gerar empregos para todos esses excluídos que queremos incorporar à nossa economia? A saída está em desenvolver o empreendedorismo.

Isso significa eliminar a burocracia, facilitar o acesso ao crédito, reduzir taxas de juros, mas, principalmente educar e capacitar essa imensa massa de brasileiros desvalidos, para que possam ter e administrar o seu próprio empreendimento.

Nosso ensino médio precisa ser adequado aos novos tempos e considerar que hoje é muito raro o profissional que pode dispensar conhecimentos de gestão ou de administração de empresas.

Então, por que não incluímos no currículo mínimo do ensino médio disciplinas que deem ao jovem uma formação básica em assuntos como contabilidade, estudos de mercado, gestão de RH, conceitos de liderança e empreendedorismo?

Nossos jovens deveriam sair do colegial estimulados a criar suas próprias empresas e já tendo adquirido os conceitos mínimos para tal. Isso é comum em vários países europeus como Itália, Grécia e Espanha.

Essa formação seria útil não apenas para estimular o sentido empreendedor dos jovens, como também os capacitaria a trabalhar como administradores, se esse for o seu desejo no futuro, tanto na grande como na pequena empresa.

Segundo o SEBRAE tem divulgado já há algum tempo a principal razão para a alta mortalidade da pequena empresa brasileira é justamente a má gestão e o desconhecimento do empresário em relação a como uma empresa deve ser administrada.

São conhecimentos muito básicos para quem estudou administração como fluxo de caixa, contabilidade de custos, estudos de mercado e outros, mas que precisam ser obtidos por quem vai cuidar de empresas. Como os países mais avançados resolveram esta questão?

Colocando estes temas no curriculum do ensino médio. Ou seja, o jovem antes de entrar na Universidade, já apreende conceitos de empreendedorismo e gestão.

O fato é que não apenas o Brasil atravessa uma crise séria em relação ao mundo do trabalho: a crise é mundial e decorre em grande parte dos avanços tecnológicos que eliminam necessidade de mão de obra como os robôs, as impressoras 3D e o uso intenso da inteligência artificial.

Essas tecnologias tornam o ser humano desnecessário em inúmeras atividades. Esta é uma razão importantíssima para que o jovem na faixa dos 15 aos 20 anos passe a adquirir conhecimentos profissionais básicos que o habilitem a poder trabalhar quando for ao mercado de trabalho que estará cada vez mais restritivo.

O desconhecimento de técnicas de gestão de empresas e a falta de apoio às pequenas e micro empresas são causas importantes pelas quais tem aumentado muito o número de trabalhadores precários em nosso país.

O que acontece é que muitas das pessoas que perderam seus empregos nestes últimos 4 anos de recessão ou crescimento pífio optaram por trabalhar conectados aos Apps.

É o caso dos motoristas de UBER, entregadores de comida e tantos outros que acabam engrossando a massa de trabalhadores precários em nosso país que já atinge a casa dos 30 milhões de pessoas.

Poderiam ter optado por empreender, mas para isso precisariam ter os conhecimentos básicos e claro, seria importante que existissem estímulos e incentivos para que a pessoas se sentissem estimuladas a abrir uma nova empresa.

No último mês de Outubro, justamente no dia do Professor foram anunciados os nomes dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia e o interessante é que os 3 vencedores são economistas que pesquisaram a relação entre a educação das crianças e a superação da pobreza em países como Quênia e Índia.

Acompanharam as crianças por mais de 20 anos e confirmaram o que todos desconfiavam mas ainda nunca havia sido comprovado por uma pesquisa empírica: quanto o melhor o nível de escolaridade e aprendizado das crianças melhores oportunidades de trabalho elas encontraram.

Essa constatação tem muito a ver com este nosso artigo pois a nossa proposta é que através do ensino adequado das técnicas básicas de gestão e de empreendedorismo iremos conseguir fazer com que nosso país passe a ser um importante protagonista mundial na área de pequenas e micro empresas.

A economia brasileira está estagnada há pelo menos 5 anos. Várias medidas tem sido tentadas, mas não surtiram efeito. Não seria a hora de se apostar na força da pequena empresa? Já.

Paulo Feldmann – Doutor e Professor da Faculdade de Economia da USP | Foi Presidente do Conselho da Pequena Empresa da Fecomércio SP.

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Rita de J. Leria Aires– Psicoterapeuta Individual \ Casal e Família | Mediadora de Conflitos | CRP 06-6399/SP

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP