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Educação 4.0 e o Próximo Passo

“Para onde caminhamos, e lá onde pusermos os nossos pés, lá estarão nossos corações, nossa inteligência, o nosso espírito e modo de ser e existir!”

O Publisher

São Paulo, 26/10 de 2021

2 Minutos

O termo Educação 4.0, cuja atualidade ainda é, mas já vem apontando espaços e aberturas para avanços, é uma referência à Revolução 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, uma crescente reestruturação e avanço tecnológico que se refere à incorporação do mundo físico ao digital através da evolução dos recursos da tecnologia. Materiais, conhecimento e saberes se acumulam e substituem uns aos outros.

Obviamente que o mercado, no mundo capitalista que proporciona uma lógica secundária (em relação ao que se propagandeia) baseada no lucro, exploração de recursos humanos e materiais (vide agressões à natureza e suas consequências), entendeu a necessidade de ocupar rapidamente este espaço. É uma ação natural. Existe o espaço, ocupa-se-o. Existir é ocupar espaços.

Pois bem, o mercado da Educação (ou seja, tudo o que gira em torno dele, seja público, seja privado) precisa se adequar à nova geração e transformar o modelo clássico de ensinar, e força estas adequações aos seus interesses…

Virou a norma e é mesmo imperioso, atualmente, para poder sentir-se incluído neste movimento histórico, deter um mínimo de conhecimento e possuir um aparelho – celular, tablet, desktop, notebook, óculos 3D para imersão na realidade virtual e aumentada, um robô em casa, controles remotos etc, objetos-estruturas físicas e lógicas do consumo envoltos na aura mercadológica da pós-modernidade e em um mundo que usa energia extra corpórea para entrar.

Portanto, reforçando, Educação 4.0 designa a abordagem educacional e o conjunto de estratégias que seriam desejáveis para contemplar as necessidades da chamada Quarta Revolução Industrial, um termo cunhado por Klaus Schwab (um alemão PhD em Engenharia Industrial, PhD em Economia e Mestre em Administração, atual presidente o Fórum Econômico Mundial – por caso também professor) para descrever toda esta nova geração de avanços tecnológicos que estamos presenciando e que estão se integrando para constituir a próxima onda de inovação (de fato, já é realidade), incluindo Internet das Coisas (IoT), Big Data, Robótica, Inteligência Artificial, impressão 3D, Blockchain, Medicina de Precisão, 5G dentre outros (enquanto se pesquisam novas e constantes evoluções, diversos paradigmas são quebrados a cada minuto).

Educação 4.0 e o Próximo Passo
Educação 4.0 e o Próximo Passo. Começa o futuro – Ele é híbrido (Img. Internet)
Educar também é Humano – animal – espiritual…

Historicamente, a 4ª revolução começou, de fato, a ser aplicada durante a 2ª guerra mundial – existia em teoria, claro, mas com o avanço da física nuclear e as descobertas científicas subsequentes (o historiador egípcio Eric Hobsbawn cunhou o binômio guerra x desenvolvimento – e é bom nos inteirarmos do que seja guerra moderna atualmente – a híbrida – que se utiliza inclusive da Comunicação para avançar). Cada avanço que se deu durante a história humana se deu em torno ou como consequência de eventos traumáticos – nascer é um evento traumático  – mas, isso é só uma digressão. Mas, a partir de 1946 tudo avançou muito rapidamente

Mais profunda e especificamente podemos nos concentrar em uma ideia “recente” chamada Educomunicação – que é o termo simplificado para designar a mistura óbvia e prática das duas ferramentas necessárias da vida e implícitas no termo, e que se apropriou do uso das ferramentas acima descritas na tentativa de se afirmar como uma tendência (a esperteza humana caminha junto com as necessidades e deformidades da espécie). Mas, nem é tão nova assim. Só se educa pela comunicação – pela língua e pelas linguagens (que podem ser entendidas também como a Gestáltica), e atualmente pela aplicação destas nas ferramentas que a seguem. Chegaremos, noutro texto na educação Híbrida.

Educar é o complexo de transmissão do conhecimento, do saber, e cada vez mais do desenvolvimento dos níveis e habilidades do apedêuta. Ao aluno é facultado o exercício da prática. Para seu desenvolvimento pelo menos em sociedade civilizadas, democráticas e socialmente mais justas – não é o caso da colônia Brasil). Deixar esta função apenas para a escola é complicado. Por isso os romanos reinventaram o pedagogo.

Existe um tripé simplificado e que exige foco e atenção: recepção – assimilação – transmissão – ternário básico, natural, (humano quero dizer) estrutural, visceral… Com este tríptico estruturado – 3 dimensões – vem a aplicabilidade – a prática, o existir (fenomenologia física sensorial) que difere do Ser, a co-construção constante, inteligente, racional, sensível, intelectual, espiritual, individual e coletiva – Somos o resultado das trocas e dos encontros entre todos e tudo o que nos cerca durante o nosso período de existência. E o acúmulo não prescinde da transmissão – é quem orienta a formação. Um bom professor aqui é imprescindível.

Educação 4.0 e o Próximo Passo
Educação 4.0 atualidade de amanhã.  (Img. Internet)

O que significa, em suma: o EU sou (uma jornada real – EU trago as marcas do meu tempo de vida.) Aí começamos assim: aluno é, do latim, etimologicamente: o sem luz – luz aí vista como o conhecimento necessário para a vida. A vida como escola em si mesma – e Educar é isto, no fundo: também do latim o termo educerequer dizer colocar em um caminho e a partir daí ensinar a andar nele – senda, trilha, caminho, a estrada da vida etc…

Mas, ensinar o que? Aí entram os diretivas das organelas sociais estabelecidas e consensuais: ONU-UNESCO, a Base nacional curricular nacional BNCC, os PCNs, as diretivas estaduais, municipais e outras siglas e sínteses da burocracia de Estado (e a burocracia tem seus próprios negócios, vide Max Weber). Um assunto para outro texto.

Pois bem , com esta breve e sintética introdução das tecnologias atuais e ferramentas de Comunicação, aliadas à Educação chegamos ao tema centralEducação 4.0 –

Ela começa então com o contato, a vivência com o maquinário que a viabiliza – computadores, celulares, robôs, máquinas inteligentes fruto da IA que gerou a internet das coisas etc – a as linguagens derivadas e específicas, os códigos da lógica (matemática, física, experimental) que dão vida e utilidade ao hardware, ao físico material.

Para desgosto geral, quem tem mais de 35 anos hoje não pertence a era digital brasileira (tardia, viciada no nascedouro, dependente e distorcida por estratégias reducionistas – defesa de mercado interno, fechamento etc). Caímos de paraquedas em um terreno pantanoso e cheio de truques e surpresas. Daí, talvez, o medo.

Pode-se ficar desgostoso, surpreso, mas não desanimado. É desafio, até lúdico… Aliás, a título de informação: em 1995 estimava-se que eram revirados até 25 Kg de terra (buracos) para se conseguir os minérios suficientes e necessários para construir um computador. O planeta sofre cada vez mais, desde então…

Mas, não é só o físico o hardware, o contato tátil, existem as linguagens – a lógica, a programação, os algoritmos, os códigos – o que significa que além da exclusão daqueles que não tem acesso ao maquinário básico, e, portanto, ao aprendizado de como usá-lo (aplicabilidade : 2 palavras/conceitos – para substituir a palavra aplicação – 2 outros conceitos: a ação do saber fazer) – os gestos simples como ligar, qual botão apertar, as configurações básicas – e o medo subjacente de estragar tudo – demoramos, como alunos, para entender uma parte do que se comenta aqui e agora – e até mesmo para entrar funcionalmente neste clube todos erraram no começo, ou em algum lugar… humanidades…

Há muito o dizer dos códigos, das linguagens, então? E de sua evolução, da matemática, da física, da engenharia, enfim de todo conhecimento humano aplicado e desenvolvido nesta jornada… Sim, sem dúvidas

Vamos precisar de todos e de tempo para ensinar, educar, e buscar um “lugar ao sol e à sombra” para as gerações que se seguirão. Com paciência, prudência, arte, com ciência, solidariedade, enfim todos os atributos que nos humanizam, porque do outro lado são apenas as máquinas… Somos os seus criadores, e as criaturas adquirem com o tempo a capacidade de  questionar suas criadores

Acho que você já ouviu isso? Os prazeres e as dores destas “conquistas” estão postos.

Texto extraído da aula de inauguração ministrado pelo Publisher na Faculdade ClubHouse

 

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volmer rego

jornalista, professor, escritor, publisher

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