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Centro de Preservação Cultural da USP

Sebastiana de Mello Freire, ou Dona Yayá, era a única e última herdeira de uma grande fortuna, mas por ser considerada mentalmente incapaz viveu reclusa,  numa chácara localizada no Bixiga, sob condições de tratamento médico, de 1920 até 1961, quando faleceu. A casa, sem herdeiros foi tombada e passou para a USP.

Redação

São Paulo, 28/03/2022

1 Minuto

A história de Sebastiana de Mello Freire, ou Dona Yayá, faz parte da memória da cidade de São Paulo e inspira muitas interpretações diferentes: seria ela vítima de uma conspiração? Apenas uma pessoa doente? Uma mulher à frente do seu tempo? A casa onde ela viveu a maior parte de sua vida, bem cultural da Universidade de São Paulo, é parte dessa memória. E para entender quem foi essa personagem, sua relação com a cidade e com a sociedade paulistana do século 20, o Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo/Casa de Dona Yayá (CPC) apresenta a exposição digital Yayá – cotidiano, feminismo, doença, riqueza.

A exposição traz aspectos da vida de Dona Yayá ainda pouco conhecidos pelo público, resultado do aprofundamento das pesquisas que o CPC vem realizando a partir de documentos e fontes históricas.

O trabalho final reúne reproduções fotográficas de diversos acervos, anúncios publicitários, jornais e revistas de época. As informações recolhidas sobre o destino dessa mulher que viveu em São Paulo entre o final do século XIX e meados do século XX e sobre a trajetória de sua família mostram também como vivia a sociedade paulista.

Mais do que falar sobre Dona Yayá, a exposição procura relacionar sua história com o papel das mulheres na sociedade, o entendimento sobre os pacientes psiquiátricos no Brasil e a forma como a cidade cresceu e se desenvolveu. O projeto, que vem atender a curiosidade do público sobre essa interessante personagem, terá ainda uma exposição presencial que será montada na Casa de Dona Yayá neste ano, com visitação gratuita.

Centro de Preservação Cultural da USP
Dona Yayá – Doente, sozinha… toda a riqueza ficou para a USP
A casa de Dona Yayá

Localizada no Bixiga, região central da cidade de São Paulo, a Casa de Dona Yayá constitui um documento material da transformação de São Paulo em metrópole, como um dos últimos remanescentes do antigo cinturão de chácaras que circundava a região no século 19.

Mas a casa é mais conhecida por ter sido moradia de Sebastiana de Mello Freire, ou Dona Yayá, única herdeira de uma grande fortuna que por ser considerada mentalmente incapaz ali viveu reclusa, sob condições de tratamento médico, de 1920 até 1961, quando faleceu.

Nascida em 21 de janeiro de 1887, de família pertencente à elite paulistana, Yayá perdeu os pais aos 13 anos, e o único irmão cometeu suicídio cinco anos depois. Vivia em companhia de sua madrinha, afilhados e amigas em um palacete na Rua Sete de Abril. Nunca se casou, nem teve filhos.  Em 1919, com pouco mais de 30 anos, Yayá apresentou recorrentes sinais de desequilíbrio emocional que levaram à sua internação em uma instituição hospitalar.

Os laudos médicos atestavam sua condição de paciente psiquiátrica e a necessidade de cuidados especiais para tratamento. Ela foi considerada incapaz de administrar sua própria vida e seus bens, recebendo interdição judicial.

Essa história, amplamente questionada pelo jornal sensacionalista O Parafuso, comoveu a sociedade paulistana. Um ano depois, por recomendações médicas, Yayá passaria a receber tratamento em casa, em melhores condições, em um ambiente de tranquilidade e segurança. Foi escolhida para sua residência uma chácara localizada nos arrabaldes da cidade, na Rua Major Diogo, onde Yayá viveu reclusa por 40 anos, juntamente com suas cuidadoras e empregados.

Após a morte de Yayá, como não houvesse herdeiros legais, seus bens foram destinados para a Universidade de São Paulo. A casa onde morou teve seu valor enquanto lugar de memória reconhecido pela Universidade e passou, anos depois, por um cuidadoso trabalho de recuperação e restauro. Com base nessa rica história material e imaterial, o imóvel foi tombado pelo Estado de São Paulo, em 1998, e pelo Município, em 2002. Desde 2004 é sede do Centro de Preservação Cultural da USP, que oferece ao público uma série de atividades no âmbito da cultura e extensão universitária que estreitam as relações da Universidade com o bairro do Bixiga e com a sociedade em geral.


O CPC-USP
– O Centro de Preservação Cultural é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo promove a reflexões sobre a preservação do patrimônio cultural da Universidade, incluindo seus monumentos, acervos e memórias. CPC contribui como  conhecimento relativo ao campo do patrimônio cultural, e oferece pesquisas, oficinas, cursos, palestras, eventos acadêmicos, exposições, visitas monitoradas e apresentações artísticas.

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