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A Conta da Guerra? Paga.

Os estudos mostram que nos Estados Unidos as melhores capacidades estão no mundo empresarial, seguido do acadêmico, então do político. No político, a capacidade é significativamente maior na política interna do que na externa.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 28/03/2022.

1 Minuto.

Maus gestores na política externa geram significativos problemas mundiais. Por sinal, os líderes mundiais deixam hoje muito a desejar aos líderes anteriores. É dificil comparar Biden a Roosevelt, Boris Johnson a Churchill, Olaf Scholtz a Angela Merkel, Macron a De Gaulle.

Erich Hartman, piloto alemão da Segunda Guerra Mundial, disse que “a guerra é um lugar onde os jovens se matam sem se conhecer ou se odiar, por causa da decisão dos mais velhos que se conhecem e se odeiam, sem se matar.

A Guerra da Ucrânia é uma guerra geopolítica, tendo os Estados Unidos com a OTAN de um lado, e a Rússia do outro. Com a dissolução da União Soviética em 1991, foi garantido à Rússia que a OTAN não entraria nas antigas Repúblicas Soviéticas, o que não ocorreu. Em 1991 a OTAN era composta de 16 países, hoje com 30 países. O problema fundamental é a instalação de mísseis nucleares nas fronteiras da Rússia, tido pela Rússia como uma “ameaça existencial”, nas palavras do Prof. John Mearsheimer da Universidade de Chicago.

A mesma análise é desenvolvida pelo General Português Raul Cunha, ex-assessor da Missão de Monitoramento da Comunidade Europeia na Iugoslávia e Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas no Kosovo, chamando a atenção para os custos econômicos que a Europa irá pagar, que será lançada a fortes distúrbios sociais.

Em 2008, a OTAN julgou a tendência da entrada da Georgia e da Ucrânia no tratado como questão de tempo. Em 2008, a Rússia invade a Georgia; em 2022, a Ucrânia. Os Estados Unidos erraram levando a Rússia a seus limites. A Rússia errou com previsões equivocadas do desenvolvimento da guerra e da retaliação econômica dos países do Ocidente. Erros de cálculo que resultam em problemas mundiais.

A Conta da Guerra? Pagarei.
Na verdade, todos sabem quem paga as contas destas guerras. Sem hipocrisia. (Img. Internet)

Biden sempre teve uma posição fortemente contrária à Rússia e outros países. Como Chairman da Comissão de Relações Exteriores do Senado de 2001 a 2003 e de 2007 a 2009, Biden deu forte suporte à Guerra do Iraque, sob a alegação da existência de armas químicas no Iraque, guerra com interesses nitidamente empresariais sob os auspícios do então Vice-Presidente Dick Cheney, como a Halliburton. Também à Guerra do Afeganistão. Na campanha presidencial de 2020, Trump chegou a apontar a possibilidade de corrupção de Hunter Biden na Ucrânia, filho de Biden, quando Biden era Vice de Obama nos Estados Unidos, por interesses empresariais, hoje sob investigação.

No jogo de poder entre as nações, a Ucrânia, com 44 milhões de habitantes, PIB de USD 155 bilhões, e renda per capita anual de USD 3.500,00, está largada à própria sorte. A Ucrânia não tem apoio real do Ocidente, apenas hipotecário. Na presença de fracos líderes na Europa Ocidental que hoje dependem do agravamento das sanções contra a Rússia para manter seus índices de popularidade, a Guerra da Ucrânia ainda não chegou a um estado mais adiantado de negociação. Angela Merkel, se assim ainda estivesse institucionalmente a frente da Alemanha, poderia ter sido um diferencial.

A questão é quem pagará pela conta da Guerra da Ucrânia. A Europa não tem como arcar com o corte ou com o aumento de preços a curto prazo do gás da Rússia, responsável por 40% de sua energia. O desfecho somente será um. A Ucrânia cede, o Ocidente diminui a Rússia, a Europa paga a conta, nas sementes da próxima crise. Os Estados Unidos vão lucrar com armamentos, gás, petróleo e comércio; a China colhe algumas benesses da nova ordem mundial.

A inflação mundial sobe com a maior escassez de produtos agrícolas e industriais, no desarranjo da cadeia produtiva, já iniciada pelo COVID. A guerra nuclear torna-se uma possibilidade, na incorrência de erros ou incidentes. Impressionante como alguns pouco líderes podem levar o mundo à beira do precipício, na lógica crescente da espiral do conflito.

 

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago é CEO da Sensus

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Redação

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