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O Trabalho da Crítica

“Que tipo de homem é aquele que vendo algo errado não corre para transformá-lo?” (frase no filme Cruzadas, dirigido por Ridley Scott)

Redação

São Paulo, Novembro de 2023.

2,8 Minutos.

Criticus do latim quer dizer: juiz, sensor – O homem, a mulher, a criança, o idoso, e creio até os animais ditos irracionais, sabem distinguir o que lhes é bom, útil e belo (um conceito ternário medieval típico da Escolástica que não se põe, atualmente, muito em prática!)

O tempo histórico, servo diretor das ações dos homens e suas construções, circunstanciado pela imposição natural e entrópica da vida propôs um reducionismo tático e estratégico: o que é o certo e o errado. Facilitações. Contudo,  pagamos o preço pelo “conforto”!

Para todos os seres vivos (inclusive plantas, elas reagem aos estímulos externos se defendem, competem, prosperam – conversam?) viver é aplicar o senso, os sentidos no terreno material da existência, e deles\por, e com eles, abstrair conhecimento, sabedoria. Óbvio, estes sentidos devem ser educados desde a mais tenra infância, e a vida questiona, experimenta, transforma…

Desde Platão diz-se que é com este filtro que geramos parte importante de nossa razão inteligente, a sabedoria, o conhecimento que nos orienta. Contudo, uma frase do músico poeta norte americano de origem judaica Robert Allen Zimmerman “Dilan” (Bob Dilan) : “não critique o que você não entende!” e que parece conformista – laissez faire – provoca efeito, porque é mesmo saudável, necessário e suficiente.

Movimento uniformemente variado…

É para ir além e sustentar um argumento do qual se tenha um certo entendimento daquilo que se critica. Para tanto o estudo, a análise, o debruçar-se sobre o tema em questão, de forma racional e sensível, são fundamentais.

Infelizmente, a Educação e a escolarização atuais e por aqui não incentivam isto. Para muitos é necessário trabalhar (desde cedo, de preferência). Dedicar seu tempo a ganhar a vida, e/ou gerar lucros e dividendos para o crescimento (da empresa) Empreendedores!

O novo disfarce para patrão é a divisão hierárquica das funções, a divisão racional das diversas etapas de posições e níveis, fazendo com que o centro torne-se invisível. A escadinha e seus degraus tão utilizados nos desenhos. Em substratos inferiores usa-se até uniforme, para ficar no térreo ou no subsolo. Acha que é só para economizar suas roupas? Não, é ideológico. “Formigamento!” Afinal você é parte da empresa. É um funcionário (tem uma função – isso deve dar sentido à sua vida!) É prestador de serviços, é trabalhador e não é dono dos meios de produção.

Sendo assim, pela lógica que se interpõe às necessidades criadas, em um diálogo menos incivilizado e, no mais das vezes impostas pela vida moderna, quem trabalha não pode ser crítico?

Acata!

E ainda assim percebemos que algo não está bom, não é certo, não é útil…E por que não percebemos, então não é belo? Ora, se não é útil nem bom, ou seja, não é certo, por que seria belo? A beleza existe isoladamente, de per se, ulteriormente, ou é um conjunto de atributos, aos quais atrelamos ao que se constrói, ergue, propõe positivamente, elucida, clareia, ajuda, impulsiona… A beleza levanta!?

Ah! A beleza é entendida também como sendo só uma ferramenta? E o marketing moderno, cheios de nomes em língua estrangeira, a publicidade\propaganda ? Os novos gurus com suas técnicas de convencimento e pseudo argumento (Erística) sabem e apostam nisso. Nos discursos motivadores, atrativos, promovem  e fixam o foco, fazem alguma “prestidigitação” para aguçar uma sensação. Foco é aquela “coisa” que se põe no cavalo quando se pretende uma corrida sempre em frente, até a exaustão do bicho?

Assim como as flores que lançam cheiros e néctar para atrair polinizadores, ou pássaros que cantam na primavera. Momento, duração, função –  o fim pelos meios. Cada um que pousa ali carrega o pólen, a mensagem, torna-se o courrier, o messenger… Um dia seremos todos tatuados! Só para ficar na superfície…Um traço da vida: afinal, somos seres da superfície!

Ataca!

Deste modo, duvidar, questionar, procurar entender, por em cheque, são atributos de uma inteligência que quer evoluir, e o comportamento de gado nem sempre é bem vindo. Às vezes é melhor seguir o grupo, saídas de emergência, instintos, é certo, mas nem sempre. É uma defesa do empreendedorismo? Não. Embora até possa-lhe aparelhar algum discurso enviesado. É uma crítica a ausência de crítica. Depois de tanto estudar, aprender, conhecer e saber podemos bradar: “Eu sei o que é bom pra mim, portanto, sei o que me interessa!” Isso é foco?

 

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

One thought on “O Trabalho da Crítica

  • Excelente artigo, pois coloca em evidência o pensamento crítico, a reflexão, a capacidade de análise. Não adianta o conhecimento sem que este venha acompanhado do trato da razão. Só se justifica o comportamento de manada em caso de catástrofes climáticas, quando essas não são previstas. Fora isto, ele faz um grande mal à humanidade.

    Destaco o trecho do autor:

    “Deste modo, duvidar, questionar, procurar entender, por em cheque, são atributos de uma inteligência que quer evoluir, e o comportamento de gado nem sempre é bem vindo.”

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