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Os Novos Fósseis da América do Sul.

Serviço Geológico identifica fósseis na América do Sul. Pré-cambrianos e inéditos, a pesquisa revela novos fatos sobre a evolução no continente.

Redação

São Paulo, 28/06 de 2021.

2 Minutos

Os fósseis, que podem representar o primeiro registro da presença de organismos relacionados à Biota de Ediacara na América do Sul, foram encontrados durante mapeamento geológico do Serviço Geológico do Brasil.

A primeira descoberta de fósseis relacionados à Biota de Ediacara na América do Sul aconteceu na região norte de Minas Gerais. Segundo o pesquisador Marcos Baptista, que trabalha para o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) e detalha a descoberta em sua tese de doutorado , os fósseis são registros de um período que ocorreu há mais de meio bilhão de anos, quando surgiram os primeiros organismos macroscópicos complexos e com simetria bilateral em nosso planeta.

Os Novos Fósseis da América do Sul.
Este tem 550 milhões de ano e foi localizado pelos pesquisadores do SGB-CPRM

(Foto: Cedida)

Segundo o pesquisador, os fósseis encontrados se apresentam como (“impressões” em rochas calcárias, com cerca de poucos centímetros.

A descoberta possivelmente representa organismos semelhantes aos encontrados na conhecida Biota de Ediacara, cuja a descoberta no sul da Austrália, nos anos 40, revelou que a vida não se restringia à organismos microscópicos no pré-cambriano, já estando presentes organismos de estrutura complexa, não esqueletais, ou seja, de corpo mole e simetria bilateral.

“As estruturas chamam muito a atenção, pois não se parecem com estruturas que normalmente vemos nestes tipos de rocha. Elas foram identificadas durante um trabalho rotineiro de mapeamento geológico”, explica o cientista.

É incerto se as espécies foram animais móveis, mas a possibilidade não pode ser descartada. “A presença destes fósseis fornecerá informações a respeito da idade destas rochas e do paleoambiente onde foram geradas. Os fósseis agregam informações sobre as sequências geológicas nas quais os recursos minerais podem ser encontrados”, diz Marcos Baptista.

Dados a serem analisados prometem.

A bacia do São Francisco, contexto onde os fósseis estão inseridos, é alvo de pesquisa de gás, fosfato e outros recursos minerais.

“As informações baseadas na análise dos fósseis constituem uma ferramenta fundamental para compreensão da evolução das bacias e das mudanças ambientais que ocorrem durante este processo”, afirma o pesquisador. Ele explica que o estudo também permite as correlações com outras bacias proterozóicas no mundo e um melhor entendimento global de suas conexões no tempo geológico. “Estamos relacionando os fósseis identificados com ocorrências na Austrália e na Rússia. O fato é que as estruturas observadas são semelhantes às observadas nestes lugares. Mas ainda é cedo para afirmar”, diz.

Os Novos Fósseis da América do Sul. Pesquisador Marcos Baptista no afloramento em Minas Gerais na cidade de Jaíba.
(Foto: Cedida)

A pesquisa está inserida no projeto do SGB-CPRM de “Estudos Geotectônicos e Geodinâmicos da Bacia do São Francisco, Neoproterozóico do Cráton do São Francisco”, que pretende contribuir para o entendimento da evolução da bacia, baseado na análise dos fósseis.

A tese de Marcos, defendida na Universidade de Brasília (UnB), envolveu, além da equipe do Laboratório de Paleontologia da UnB, os geólogos Rodrigo Adorno, Denise Canabrava e Shuahai Xiao, cientista da Virginia Tech (EUA).

A pesquisa contou com o apoio da CAPES, por meio do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt).

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