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Bêbados de Luxo!

Só para você ter uma ideia, os EUA, nos anos Trump, tentaram aumentar os impostos sobre importações dos vinhos franceses em quase 100%. A briga foi boa, mas prevaleceu o bom senso dos produtores e dos vendedores e bebedores norte-americanos que acreditam na qualidade dos terra nova californianos.

Redação

São Paulo, 30/06/2023

3,6 Minutos.

Para quem aprecia tomar uma bebida alcoólica que remete às casa de luxo da França, desde os séculos XVIII, aqui vão algumas dicas históricas que não vão molhar a sua boca, a não ser que tenha uma reserva financeira.

Mas, para não ficarem totalmente na “seca” da vontade irrealizada, junte alguns amigos, em um pequeno comitê, faça uma pequena vaquinha, e procurem uma armazém de bebidas importadas.

Ao chegarem lá, com estas dicas nas mãos, não poderão errar. A ideia é beber com moderação e aquilatar padrões e sabores de castas qualificadas internacionalmente, das mais chiques e metidas, eu diria, inclusive, preconceituosas, do tipo que colocam os pés no chão uma ou duas vezes ao ano, em ocasiões muitíssimos especiais.

O fato de estas bebidas serem francesas ascende à nobreza destituída dos palácios burgueses e aristocráticos pré napoleônicos, desde 1789, mas permanece e resiste viva nas casas mais ricas da Europa.

De fato, estas casas se juntaram a criaram o maior mercado mundial de marcas luxuosas, e misturam álcool com cristais, ouro e prata, diamantes, perfumes, peles de animais, arquitetura, ilhas e grandes porções de terras, coleções de obras de arte além de outras joias de adorno que satisfariam o mais exigentes dos califas ou emires deste e de outros mundos.

Bêbados de luxo!
Barris de Carvalho onde os bons vinhos envelhecem. (Img Web)
O que vem dos Castelos

Ah! Já quer tomar uns goles? Perfeito! Então prepare o bolso, cartão de crédito ou Pix. Percorra os corredores do armazém ou adega mais conceituadas de sua cidade e procure por estes nomes:
Cognac Henessy produzido na comuna de Cognac, sudoeste da França;
Champagne Moet & Chandon, uma comuna da região de Éperneay – nordeste da França;

Uvas são plantadas por lá desde antes de Cristo, em pelo menos doze regiões da França. Gregos e romanos espalharam vinhedos por toda a região – Galia – e em algumas delas as uvas se deram muito bem. Passado o tempo, pragas e as duas guerras mundiais destruíram grande parte dos vinhedos, mas a cultura resistiu e atualmente mostra seu esplendor e riqueza.

Claro que a França soube se aproveitar destas ‘maravilhas’. Tanto que criaram regras rígidas para a seleção das frutas e seu aproveitamento/beneficiamento e transformação em bebida. Afinal, são mais de 2 milênios de tradição. Nos anos de 1970 fundaram a grande ‘indústria francesa’ de vinhos.

Legalidade e Igualdade.  Qualidade.

Eles criaram um sistema de denominação. Ou seja, áreas legalmente definidas onde as uvas são cultivadas. Na França, a Appellation d’Origine Contrôlée, ou sistema AOC, regulou estritamente as variedades de uva que podem ser usadas em cada denominação, níveis mínimos de álcool, quão densamente você pode plantar um vinhedo em seu território (sítio, fazenda), o  quanto ele pode render…

Em 2012, o sistema foi substituída pela Appellation d’Origin Protégée (AOP), que agora é seguida por toda a União Europeia.

Isso porque é necessário preservar o terroir, a qualidade, o bouquet, as essências e as notas das bagas que foram plantadas e colhidas e conservam características tiradas do clima, do ar, da altitude e da terra. É uma certificação do nascimento. A identidade.

Bêbados de Luxo!

Dos mais luxuosos e caros, aos melhores e mais acessíveis. Coisa de uva, casta, tradição e mercado! (Img Web)

Também porque, para ser considerado de qualidade inquestionável o vinho sofre de especialistas o controle das uvas, dos açúcares, da quantidade de álcool, dos sulfitos, dos taninos, controle químico, idade do plantio e colheita, envelhecimento (tipos de barris, e engarrafamento – safras). Desta forma, as uvas e os vinhedos são distribuídos, controlados e comercializados em função de sua origem geográfica e outras variantes de análise do produto. Um sistema de produção competitivo e justo.

Essa exigência toda criou uma hierarquia. Logo abaixo dos AOC vêm os Appellation d’Origine Vin De Qualité Supérieure (AOVDQS). São vinhos que possuem regras e regulamentos semelhantes ao AOC, em termos de variedade de uva, quantidade de produção e processos de vinificação. Também poder ser classificados, com perdão a analogia, como sendo o vinho das “uvas de prata”.

Assim, os dois podem ser exportados, mas apenas os primeiros são considerados produtos especiais, inclusive, utilizados em coleções como ‘relíquias’ de um determinado período/safra.

Na mesa de qualquer um

Já os demais, os chamados e conhecidos vinhos de mesa, estão livres destas apreciações. São servidos nos bares e restaurantes comumente, como aqui são servidas as cervejas, os refrigerantes. São os populares.

Desta maneira, e graças a estas condições típicas e culturais uma garrafa de vinho do tipo Beaujolais Nouveau (do vinhedo de Georges Debeuf) por exemplo, pode chega a custar alguns milhares de reais. São os colecionáveis. Investimentos que podem ser negociados no futuro. Podem até virar criptoativos (vinhos franceses estão cotados nas bolsas europeias e na norte-americana).

Ao todo, são 85 os países produtores, mas, metade da produção europeia se concentra apenas na Itália, França e Espanha. A concentração deixa claro que, apesar de os espanhóis terem a maior superfície de vinhedos, as vinhas italianas e francesas são mais produtivas.

Contudo, em termos de consumo per capita, os portugueses são os maiores tomadores de vinho do mundo, com 67,5 litros, ou cerca de 90 garrafas de 750 ml por pessoa/ano. As razões podem ser muitas, mas carecem de estudos ‘socioantropológicos’ consistentes. Os franceses, curiosamente, vêm em em segundo lugar no ranking, com 47,4 litros no ano. São praticamente 20 litros a menos que os patrícios da terrinha, e os italianos garantem mais um “bronze”, com 44,4 litros por pessoa. Em quarto, vieram os suíços, com 35,5 litros, seguidos dos os austríacos, com 30,8 litros. Alemães também produzem vinhos (mais os brancos), mas não são grandes bebedores. Ficam numa boa, bebendo os mais de 5 mil variedades de cervejas, quase todos com certificação de pureza alemã!

Brasileiros consomem perto de 3% de vinho/ano.

Só a título de curiosidade, sabe qual foi o movimento financeiro dos vinhos franceses em 2022? 12 Bilhões de Euros. Quanto está o euro hoje?

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Redação

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