Uma Necessidade Evidente

Atualmente, não é difícil que uma avaliação a campo ou com imagens digitais mostre a vulnerabilidade à erosão nas terras brasileiras. Aplicativos são ótimas ferramentas, mas não são suficientes. Localizam e apontam para o problema,  mas alguém tem de sair à busca de soluções efetivas.

Afonso Peche Filho

São Paulo, 06/02/2023.

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A erosão é um sério indicador de que disfunções do solo estão causando o declínio da produtividade, comprometimento da renda e vários efeitos negativos ao ambiente. Numa abordagem moderna, a avaliação da erosão não é resultado apenas das chuvas torrenciais, mas por outros fatores como: a perda de carbono armazenado, redução da biodiversidade, desagregação de superfície, condições de cultivo, e cobertura pós colheita.

Sabemos que terras vulneráveis possuem forte interação com o aumento de inundações, secas, água contaminadas, tempestades de poeira, entre outros problemas. Em todo o mundo, existem poucos municípios com programas de levantamento da vulnerabilidade erosiva de seus territórios. Um sistema de monitoramento da vulnerabilidade do solo serve como base para desenvolver um plano estratégico eficiente para mitigação contra a progressiva degradação das terras municipais.

Nas propriedades agrícolas a avaliação da vulnerabilidade erosiva é realizada por unidades do relevo (vertentes hidrológicas) incluindo nelas a topossequência pedológica, os arranjos de ocupação (estradas, construções, cercas e práticas conservacionistas) bem como arranjos de manejo (preparo cultural, correção, fertilização, rotação de culturas, colheita).

Uma forma lúcida de inserir efetivamente a qualidade num modelo de gestão da vulnerabilidade erosiva é elaborar um Inventário de Necessidades para Conservação do Solo e da Água – INCA.

É um levantamento que pode ser realizado em qualquer escala; seja no país, estado, municípios, bacias hidrográficas e nas propriedades agrícolas.

Um trabalho que reúne informações de aspectos importantes a respeito do futuro produtivo de áreas agrícolas. Informa as condições ambientais do solo em função da ocupação e uso, trata da adaptabilidade de terras ao regime climático e também elenca ponto a ponto as práticas de requalificação conservacionista necessárias.

Projeções de mudanças climáticas indicam que as áreas tropicais estão caminhando para um ciclo hidrológico mais vigoroso que irá exacerbar o impacto da erosão. Isso sugere uma compensação plausível na gestão da qualidade em conservação de ambientes produtivos. É evidente que a produção de um solo saudável seja o básico para uma agricultura que assegura o bom funcionamento dos agroecossistemas.

A imagem acima esquematiza as principais áreas de abordagem na elaboração de um Inventário de Necessidades para Conservação do Solo e da Água – INCA.

 

Profº Dr. Afonso Peche Filho – Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas – IAC