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Brasil e Cabo Verde

Afinidades culturais entre o Brasil e Cabo Verde se manifestam, particularmente, no âmbito cultural e musical.

Glaucia Nogueira

São Paulo, 08/03/2024

1,5 Minutos.

Cabo Verde, país africano que só se tornou independente de Portugal em 1975, tem grandes afinidades com o Brasil. Para lá do fato de ter sido uma colônia portuguesa, com todas as implicações do ponto de vista histórico que definem certas semelhanças, essas afinidades se manifestam ao longo do tempo de forma nítida no âmbito cultural e, em particular, na área musical.

Se só na última década do século XX a música cabo-verdiana, com o sucesso mundial da cantora Cesária Évora, começou a ser divulgada no Brasil, o mesmo não aconteceu no sentido inverso. Sempre que se fala ou se escreve sobre a música cabo-verdiana, a influência brasileira é apontada.

Por exemplo, na obra Folclore Cabo-verdiano (1933), o poeta e jornalista Pedro Cardoso (1883-1942) dedica um capítulo aos contatos entre o Brasil e Cabo Verde. Ele começa por nos lembrar que desde os primeiros tempos da colonização os portos cabo-verdianos recebiam regularmente navios brasileiros. E que Cabo Verde foi o destino da deportação de dois parceiros de Tiradentes na Inconfidência Mineira – um dos quais, José Resende Costa, deixou descendentes lá.

Brasil e Cabo Verde
 Cesária Évora, exemplo da influência cultural brasileira em Cabo Verde (Img. Web)

Pedro Cardoso aponta o facto de que, na altura em que escreve o seu livro, “só o Porto Grande de S. Vicente continua sustentando relações directas com o Brasil, recebendo e transmitindo às outras ilhas, com os produtos da sua indústria, músicas, cantos, modinhas, expressões e até modas tipicamente brasileiras”.

Outras referências

Outro escritor cabo-verdiano, Baltazar Lopes da Silva (1907-1989), ao escrever no jornal Voz di Povo, em 1981, sobre o célebre compositor B.Léza (Francisco Xavier da Cruz, 1905-1958), fala da grande influência brasileira na juventude cabo-verdiana dos anos 1920 e 1930. 

A mesma juventude que adotou novos estilos, maneiras de falar, músicas e danças como o Carnaval, por exemplo.  Até então era o tradicional Entrudo português. A partir disso, passa a contar com desfiles, até à data inexistentes. B.Léza foi um claro exemplo disso e compunha sambas e marchinhas de carnaval.

Outro grande nome da música cabo-verdiana cuja obra revela a influência brasileira é o violonista Luís Rendall, autor de muitos solos e passeios por vários géneros musicais, como valsas, foxes e sambas. Portanto, quem ouve as suas gravações, pensa logo no choro, e não será por acaso. Luís Rendall aprimorou-se no violão com um marinheiro que, nas suas passagens por Cabo Verde, partilhava com ele os seus conhecimentos. Mas, isso porque ele era fiscal e ir aos navios fazia parte do seu trabalho, daí o contato que tinha com o músico brasileiro.

A seguir links com vários exemplos das relações Brasil-Cabo Verde na área musical: https://www.caboverdeamusica.online/brasil-cabo-verde/

Cesária Évora – Pedro Cardoso – Luís Rendall 

 

Glaucia Nogueira – Jornalista – Antropóloga – Dra. em Patrimônios de Influência Portuguesa.

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Redação

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