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PARTICIPAÇÃO DOCENTE – CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

O conhecimento é uma das maiores portas de transformação para a humanidade. Por meio dele, o indivíduo obtém condições reais de formar opiniões a respeito de determinados temas, e não só isso, tomar decisões que desenvolvam assim a sua criticidade. Dai decorre a necessidade de participação docente na construção do conhecimento, ambientes informais.

Júlio César Pinheiro do Nascimento

São Paulo, 08/01 de 2020.

1 Minuto

O conhecimento é uma das maiores portas de transformação para a humanidade. Por meio dele, o indivíduo obtém condições reais de formar opiniões a respeito de determinados temas, e não só isso, tomar decisões que desenvolvam assim a sua criticidade. Assim, nas abordagens do processo, não se pode perder de vista que a sala de aula é praticamente uma comunidade de aprendizagem.

Por meio de rápida revisão bibliográfica, percebe-se a relevância do papel do docente em meio aos processos de aprendizagem, assim como os ambientes aos quais são desenvolvidos. Conhecimentos relevantes são construídos a partir das mais diversas trocas e interações em professores e alunos. O professor, nos multiformes ambientes de aprendizado, exerce o papel de coordenador a fim de estimular o conhecimento por meio das diversas teorias de aprendizagem fazendo com o aluno também tenha o maior benefício possível em relação ao binômio ensino aprendizagem (LAKOMY, 2014, p.63) bem como a construção do conhecimento.

A construção do conhecimento por meio da interação docente x discente – o ser humano é sociável. Faz parte da socialização a interação de diversas maneiras, inclusive por meio de diversos conflitos gerados a partir das diferentes opiniões daqueles que o cercam. Segundo Teixeira (2017)

A educação tem muito a contribuir, visto que faz parte da construção do conhecimento a espiral dialógica, troca de ideias, problematização dos saberes e a criação de soluções em comum. Considerando que o ser humano não vem ao mundo “acabado”, mas como um ser sociável e educável, em contínuo processo de crescimento e humanização, configura-se como fundamental o papel da comunidade na constituição da pessoa. (TEIXEIRA, p.12, 2017).

O ser, o meio: resultado

Indivíduos em tenra idade são altamente expostos, em meio ao cotidiano, às situações que demandarão decisões que, em várias delas, interferirão sistematicamente em seu futuro. Para alunos nos mais diversos anos escolares, esta realidade não é diferente. O acesso a informações e produção de conhecimento por meio das interações nos ambientes de aprendizado, sobremodo nas escolas, permitem que o aluno analise profundamente cada opção que lhe é oferecida diariamente.

Para Nascimento (2013), aquele que detém o conhecimento, diante das diversas opções ofertadas pela vida, consegue mensurar os riscos que cada uma carrega. Deste modo, ao fazer uma opção, o aluno pode buscar aquilo que não traz risco de consequências ruins para o seu futuro, ou, pelo menos aquilo que envolva menos riscos para a sua vida. Por outro lado, o indivíduo que ignora esses riscos e variáveis acaba sendo facilmente manipulável (NASCIMENTO, 2013, p. 8).

Diante do processo evolutivo das práticas pedagógicas, a força e o medo não podem mais ser empregados como meio coercitivo de aprendizado. Conforme Gonçalves (2014), não se pode admitir que o ensino seja monopolizado por um docente “opressor” que simplesmente outorga sobre um “oprimido” (GONÇALVES, 2014, p. 1). A avanço tecnológico oportuniza ferramentas muito mais acessíveis e interessantes ao aluno, como formas de interação e para um aprendizado em via de “mão dupla” (GONÇALVES, 2014, p.1).

Do mesmo modo, Leite (2001) aponta o seguinte: Apesar de inegáveis avanços teóricos na área da aquisição, domínio e usos da linguagem verbal escrita, as práticas docentes, na grande maioria das escolas brasileiras de primeiro grau, continuam a reproduzir esquemas ultrapassados e esclerosados, quando não perniciosos e prejudiciais à aprendizagem significativa das letras. Eu até arriscaria dizer que, em alguns casos, os esquemas de ensino, de tão improvisados e artificiais, geram a morte paulatina do potencial que as crianças trazem consigo [..] (LEITE, 2001, p.15).

Professores e Alunos – co-construtores reais do ser social

Neste viés, uma educação de qualidade por meio de uma interação real com o professor, promove o aluno de “mero receptor de conhecimento” à uma pessoa igualmente importante no processo construtivo do conhecimento (MIZUKAMI, 1986, p. 99). Nos processos de aprendizagem infantil desenvolvidos em escolas, creches e igrejas, o professor exerce um papel importantíssimo.

Segundo Leite (2001), através da mediação com o adulto, a criança vai progressivamente identificando naturezas, funções e processos, onde o ritmo é influenciado pela qualidade e quantidade das interações (LEITE, 2001, p. 28). Na mesma direção, Freire (1996) concorda que: […] ensinar não é transmitir conhecimento, conteúdos, nem formar; é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado, não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro (FREIRE, 1996, p. 25).

No mesmo condão, Gómez e Terán (2009) afirmam o seguinte: “A intervenção pedagógica para a construção individual do conhecimento é necessária. É por meio dessa ajuda que o professor acompanha o aluno para construir significados e dar sentido ao que aprende. O verdadeiro forjador do processo de conhecimento é o aluno, é ele quem vai construir os significados. A função do professor é ajuda-lo .”(GÓMEZ E TERÁN, 2009, p. 86).

O aprendizado só se concretiza de maneira sólida quando há ação do sujeito ouvinte, de modo que participe ativamente na construção do conhecimento (ANDRE, 1999, p. 60).

No presente trabalho apenas se utiliza do enfoque na relação da horizontalidade do professor/aluno, isto é, a educação é horizontal, a saber, não imposta. Em resumo, nessa abordagem o educador se torna o educando, e o educando se torna o educador. Se esta relação não se concretiza, a aprendizagem resta extremamente prejudicada.

Assim sendo, de posse dessa teoria da abordagem sociocultural, em que o aluno é o educando e ao mesmo tempo educador, tem-se aí o desafio que o docente enfrenta(rá) nos ambientes informais de aprendizado dependerá muito mais de sua participação. Não se buscou nesta breve pesquisa esgotar toda a temática em lide, mesmo porque não seria possível.

Sugerem-se mais estudos e pesquisas sobre o tema, afim de produzir conhecimento relevante que contribua para o entendimento dos processos de aprendizagem nos mais diversos ambientes, assim como a interação harmoniosa entre professores e alunos.

Júlio César Pinheiro do Nascimento
Mestrando em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR),
MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Universidade FUMEC;
Terceiro Sargento da Polícia Militar de Minas Gerais.

REFERÊNCIAS:
ANDRÉ, Marli (org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOHN, Maria da Glória. A educação não formal e a relação escola-comunidade. Revista Científica ECCOS, n. 2, v. 6, pp. 39-65, 2004. GOHN, Maria da Glória. Educação não formal na pedagogia social. Disponível em: . Acesso em 28 dez. 2020. GÓMEZ, Ana Maria Salgado. TÉRAN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Trad.: Adriana de Almeida Navarro. São Paulo: Ed. Grupo Cultural, 2009. GONÇALVES, Kelly Letícia Andrade Viana. Representação pictória na aprendizagem de transformações aditivas e multiplicativas pelos alunos discálculos nas séries iniciais do ensino fundamental. 2014. 12 f. Artigo. (PósGraduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional). Universidade Cândido Mendes: São João Evangelista, 2014. LAKOMY, A. M. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: Ed. InterSaberes, 2014. LEITE, S. A. S. (org). Alfabetização e Letramento: contribuições para as práticas pedagógicas. Campinas: Arte Escrita, 2001. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo, EPU, 1986. NASCIMENTO, Júlio César Pinheiro do. Programa Educacional de Resistencia às Drogas (PROERD): À influência e eficiência do modelo preventivo aplicado pela PMMG no combate à violência. 2013. 14 f. Artigo (Graduação em Segurança Privada). Faculdade de Ciências Empresariais, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, 2013. TEIXEIRA, Patrícia Espíndola de Lima. Educação: um processo integral e humanizador. In: Temas Emergentes em Educação 1. Porto Alegre: CNBB, 2017. YOUNG, Michel. Para que servem as escolas? Educação e Sociedade. Campinas, v. 28, n. 101, pp. 1287-1302, p. 2007.

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Redação

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