Atividades Científicas
Nunca em nossa sociedade tivemos tantas mudanças, e mesmo assim, precisamos urgentemente mudar. Fundamental que empresas, governos e instituições do setor atentem às novas e disponíveis ferramentas ligadas ao setor produtivo e da saúde brasileiras. Educar é básico.
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Florianópolis – SC, 09/01/2024
2,8 Minutos.
Nas questões ambientais, estamos ainda longe de bater as metas de descarbonização necessárias. Segundo a ONU, as emissões globais de dióxido de carbono precisam ser reduzidas em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010 e atingir emissões líquidas zero até 2050. Estamos num momento quase que irreversível e o custo dessa negligência não terá precedentes.
Em termos sociais, os desafios de segurança, educação e saúde públicas de qualidade, segurança alimentar, dentre muitos outros, ainda apresentam números alarmantes.
Nos últimos anos vemos um movimento crescente de investidores e empresas buscando deixar o “lucro a qualquer custo” para os investimentos de impacto. A mentalidade de muitos investidores já mudou, e hoje já estão convencidos que, sim, é possível combinar um excelente retorno financeiro e ativos que geram impacto positivo para a sociedade e para o mundo.
Aos poucos, apesar de ainda num ritmo abaixo do desejado, o capital está se tornando mais paciente, mais responsável e mais altruísta. Mesmo os investimentos de risco, voltados para a criação de startups.
No entanto, ao observarmos o portfólio dos fundos de investimentos de impacto brasileiros, nota-se uma concentração quase que absoluta em plataformas digitais e financeiras para acesso à saúde, educação, dentre outros. Apesar de serem soluções extremamente interessantes e inovadoras, com grande impacto para a sociedade, ainda se fala pouco de uma outra palavra: Biotecnologia.
A Produção de Lixo é mais rápida
Com exceção da produção de etanol, setor que, para o espanto de alguns, ainda está engatinhando em termos de investimentos em inovação biotecnológica, o tema ainda é desconhecido da maioria dos investidores brasileiros.
Apesar dos inúmeros diferenciais comparativos do Brasil em termos de capacidade científica e biodiversidade, a biotecnologia raramente é mencionada nas mesas de negociação. Isso explica o fato de não termos tradição no desenvolvimento de terapias avançadas. Entretanto, temos o maior sistema público de saúde do mundo. Mesmo no nosso principal “pilar econômico” – o agronegócio -, ainda somos reféns de tecnologias hoje dominadas por um punhado de multinacionais europeias, americanas e chinesas. Nosso agro é forte, sim. Mas, fortemente dependente de tecnologia internacional.
Entretanto, isso está para mudar. Startups de biotecnologia avançadas localizadas em Florianópolis (SC) estão para revolucionar a agricultura. A Symbiomics está combinando alta tecnologia para criar microrganismos de alto desempenho para substituição de fertilizantes químicos. Já a Inedita Bio patenteou uma nova técnica de edição genômica de sementes sem transgenia para desenvolver plantas resistentes a pragas e pestes, por sua vez eliminando a necessidade de pesticidas químicos.
Com inovações globais voltados ao agronegócio e reflorestamento, juntas, essas duas startups possuem tecnologia capaz de reduzir milhões de toneladas de CO2 da atmosfera anualmente, ao mesmo tempo que aumentam a produtividade agrícola.
A biotecnologia é um dos principais setores de venture capital nos EUA, movimentando centenas de bilhões de dólares anualmente, e criando inúmeras soluções desde tecnologias agrícolas mais sustentáveis até terapias avançadas para doenças que hoje não possuem sequer tratamento.
A leitura pelos números não deve limitar/conduzir as ações
Um levantamento recente realizado pela Universidade do Arizona listou as moléculas mais valiosas de 2022, sendo a HUMIRA, utilizada para o tratamento de Artrite Reumatoide, dentre outras doenças, a que melhor se posicionou, atingindo o valor US$ 21 bilhões. Lembre-se, trata-se de apenas uma molécula.
A biotecnologia médica, provavelmente a área mais desconhecida e inexplorada no Brasil, talvez seja uma das grandes áreas de negócio no futuro. Prova disso são as startups Aptah Bio, que está desenvolvendo uma molécula para tratar o Alzheimer e diversos tipos de câncer. Também a Vyro Bio, que planeja realizar, em breve, no Brasil, o primeiro teste clínico fase zero para tumores cerebrais utilizando o Zika Virus editado geneticamente.
Ambas as soluções, dentre muitas outras voltadas ao tratamento de doenças infecciosas e diagnósticos moleculares de baixo custo, potencialmente poderão fazer sombra a inúmeros investimentos hoje destinados ao “mais do mesmo”.
A visão sobre impacto no Brasil ainda é limitada pelas tecnologias que hoje dominamos e pelo conhecimento do setor privado de investimentos, e isso precisa mudar para que possamos ampliar nossos horizontes e, de fato, sermos protagonistas nas mudanças que queremos ver no mundo.
Inovação, pesquisa e estímulos – urgentemente
Há uma quantidade significativa de ideias disruptivas, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias buscando oportunidades de investimento. Ao mesmo tempo, ainda há um grande desconhecimento por parte das gestoras de capital de risco. Elas precisam entender como buscar, avaliar e gerir startups de biotecnologia avançada, as chamadas deep biotechs.
A consequência disso é pouco incentivo e falta de inovações que teriam o potencial de tornar o Brasil uma exportadora de soluções, auxiliando milhões de pessoas pelo mundo. Afinal, a dor de barriga aqui é a mesma que no Japão.
Gabriel Bottós – Co-fundador e CEO da Vesper Ventures,
Fonte sobre os dados da ONU sobre mudanças climática: aqui
Sobre os valores das moléculas acesse – clique
Link para Download:
[N.E.: A título de sugestão, estudos sobre moléculas bioregeneradoras, bem como as que têm capacidade comprovada de reduzir o lixo não degradável e poluir menos o solo, os rios e consequentemente a vida/saúde dos seres vivos e dos humanos, merecem e devem ser mais estudadas e os conhecimentos e as ações neste sentido impulsionadas em todos os diversos níveis sócio-políticos-econômicos.]