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Qualidade do Ar nas Salas

Ambientes fechados e com aglomeração de pessoas pode ser uma combinação danosa à saúde. Como monitorar a qualidade do ar em salas de aulas?

Solange Costa

São Paulo, 24/07/2023

2 Minutos.

A Qualidade do Ar Interior (QAI) é um tema que tem sido discutido no mundo todo, e ganhou maior notoriedade, principalmente depois da pandemia. A literatura científica vem analisando vastamente a susceptibilidade dos alunos às condições ambientais internas em espaços de alta ocupação e seu potencial efeito na saúde e bem-estar dos estudantes.

Em meio as dificuldades crescentes sobre este tema, cada vez mais a qualidade do ar interno (QAI) vem sendo compreendida como um dos fatores determinantes para o desenvolvimento no processo de aprendizagem e desempenho acadêmico.

Assim, para a melhor produtividade dos alunos – algo que, para ser atingido, precisa ser constantemente monitorado através de mecanismos robustos que tragam todos os dados precisos referentes são fatores essenciais. Devem ser criticamente analisados para a saúde dos jovens e profissionais que ficam confinados nesses ambientes.

Muitas escolas carecem de ar condicionado. A má qualidade do ar interior e sistemas de ventilação inadequados ou mal utilizados são comuns nas instituições de ensino de todo o planeta. Certos poluentes, geralmente, são encontrados em níveis mais altos dentro de prédios escolares.

Mais do que em residências e prédios comerciais. A má qualidade do ar interno está ligada a uma gama de problemas de saúde, desde tosse e respiração ofegante, até condições mais graves, como asma e câncer.

O que você respira

No Brasil, é estimado que os alunos do ensino fundamental tenham uma carga horária média de 4,5 horas de estudo por dia. Na educação infantil, esse tempo é ainda maior, passando para cerca de 5,8 horas diárias, de acordo com dados divulgados por especialistas do setor.

Desta forma, garantir que todos assimilem os conteúdos passados com clareza é, por si só, uma tarefa difícil para os professores. Isto tende a piorar em locais que não trazem o conforto, uma estrutura adequada, e um bom funcionamento dos sistemas de ventilação. Tais fatores aumentam os desafios dos educadores em sala de aula.

Dentre tantas ações responsáveis para elevar esse desempenho, uma pesquisa feita pela Universidade Técnica da Dinamarca identificou em ambientes de ensino que prezem pela QAI um aumento nos ganhos de performance dos alunos em mais 14,5%.

Portanto, um cuidado indiscutivelmente necessário, embora ainda não devidamente colocado em prática em diversas escolas. Principalmente, inadequado perante os parâmetros estabelecidos pela Resolução 09 da ANVISA – vigente no Brasil desde 2003.

Misturas perigosas no ar

Um dos maiores problemas encontrados nas instituições de ensino diz respeito à baixa renovação de ar. O principal indicador está no parâmetro do Dióxido de Carbono (CO2). Ele pode ser utilizado como uma boa estratégia de baixo custo para garantir uma boa qualidade do ar em ambientes escolares. De acordo com a Resolução citada, deve ter o valor máximo de 1000 ppm (partes por milhão) em ambiente interno.

Na ausência de sistemas de ventilação adequados, tanto o CO2, quanto outros poluentes do ar interno/externo – fungos, material particulado, fumaça, compostos orgânicos voláteis, entre outros -, podem se acumular ainda mais.  Estes fatores impactam, diretamente, a redução do rendimento escolar dos alunos, e em outros desgastes físicos como maior cansaço e dores de cabeça.

|Alertar sobre a má QAI nos locais de ensino que abrangem a concentração de infecções causadas por vírus, fungos e bactérias, algo que ficou muito evidente com a pandemia da Covid-19. Em ambientes com uma grande concentração de pessoas e, principalmente, em períodos de inverno – ambientes fechados e com pouca circulação de ar -, esta incidência se torna ainda mais recorrente. Portanto, sabe-se, podem desencadear diversos problemas de saúde graves para todos os ocupantes.

Adequações  e cuidados necessários

Identificar e controlar as principais variáveis que podem influenciar a qualidade do ar em ambientes internos e assim implantar mecanismos de controle da qualidade do ar. Analisar os principais poluentes do ar local é a melhor maneira de avaliarmos se uma ação tomada para controle ou tratativa foi realmente eficaz. A Resolução 09 da ANVISA dispõe de quatro normas técnicas, que são elas:

NORMA TÉCNICA – NT 001 – Que tem como marcador epidemiológicos fungos viáveis.

NT 002 – O marcador utilizado é o Dióxido de carbono (CO2).

N. TÉC. 003 – Os marcadores são: Temperatura do ar (°C), Umidade do ar (%) e Velocidade do ar (m/s).

NORMA TÉCNICA 004 – Poeira Total (µg/m3).

Recomenda-se a periodicidade das análises preconizadas pelas normas técnicas (1, 2, 3 e 4) em ambientes internos climatizados semestralmente.

Outro ponto importante que vale ressaltar é a seleção de um laboratório acreditado junto à Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro). Eles são os únicos órgãos de acreditação reconhecido pelo Governo Brasileiro para acreditar Organismos de Avaliação da Conformidade na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. 

Estas são regras contemplam os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. Tal laboratório acreditado por esta instituição garante a confiança nos resultados de ensaios/análises realizados.

Atenção e ação

Apesar de ganhar forte relevância na sociedade – principalmente, em decorrência dos impactos sentidos com a pandemia – muitas escolas precisam evoluir muito nessa questão. Manter uma boa ventilação do ambiente é uma estratégia de baixo custo. Reduz a maioria dos contaminantes em ambientes internos. Contudo, devemos garantir que o ar de renovação apresente níveis aceitáveis de contaminantes.

Portanto, monitorar a qualidade do ar interno e manter um bom funcionamento dos sistemas de ventilação estão intimamente relacionados com a boa qualidade do ar interior. Consequentemente, com o conforto humano e a segurança da saúde.

Desta forma, somente assim mantem-se o bom desempenho, diminuição no absenteísmo e maior produtividade dos alunos. Estes são pontos primordiais para os educadores que almejam promover uma educação de excelência e qualidade.

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Solange Costa – Bióloga, microbiologista e membro da Qualindoor.

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Redação

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