Sustentabilidade

Embrapa Agroindústria de Alimentos

Sabe as batatas inglesa, doce, a mandioca e outros cereais, verduras e legumes, as frutas tropicais, os peixes, a carne de bovina, de aves, os alimentos e suas variedades que acabam na sua mesa durante as refeições? Graças à Embrapa Agroindústria Alimento Brasileiro 35 anos de bons serviços.

Entrevista EMBRAPA

São Paulo, 28/08 de 2020.

3 Minutos

A excelente qualidade deles é de responsabilidade das pesquisas feitas na Embrapa Agroindústria de Alimentos. Centenas de espécies alimentares integram o Banco Brasileiro de Germoplasma Vegetal e Animal – BBGVA.

Esta pequena série de entrevistas realizada no mês de agosto de 2020, com técnicos e profissionais da EMBRAPA, faz parte de um caderno especial de reportagens a respeito de alimentos que a empresa desenvolve, para ressaltar a qualidade de seu trabalho, destacando-a como  a mais importante instituição do setor de pesquisa agropecuária em atuação do Brasil e talvez no mundo.

Biólogos, engenheiros de alimentos, nutrólogos, técnicos, químicos, pesquisadores, professores e doutores compõem uma parte do quadro profissional responsável pelo elevado nível de qualidade que destaca a importância da empresa no cenário mundial.

A Embrapa é uma empresa com espírito global, que, ao longo da sua história, tem construído uma sólida rede de cooperação internacional.

Atualmente, está presentes em todos os continentes, com parcerias com algumas das principais instituições e redes de pesquisa do mundo.

Coordenada pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), a atuação no exterior também contribui com o programa de cooperação técnica do Governo Brasileiro, que busca transferir e adaptar tecnologias nacionais para a realidade tropical de diferentes países.

Dentre as diversas atividades desenvolvidas pela empresa podemos listar um portfólio variado: https://www.embrapa.br/pesquisa-e-desenvolvimento/portfolios . Esta é a Embrapa Agroindústria Alimento Brasileiro

O CADERNO

A ideia de fazer um caderno especial com esta temática se deu em função das reacomodações sociais que ocorreram no país desde março de 2020.

Com o advento da pandemia do Covid19 ocorreu uma profunda alteração nos hábitos de consumo e de vida de milhões de brasileiros, forçados a ficarem em suas casas e a tomarem maiores cuidados com a alimentação. 

Nossa intenção foi apresentar a empresa que cuida da qualidade destes alimentos e que coloca o Brasil na ponta das pesquisas alimentares que sustentam parte das populações do mundo. Seguem as perguntas e respostas.

1) As tendências relacionadas aos hábitos alimentares do consumidor têm contribuído com o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao aproveitamento proteico de vegetais, com o objetivo de substituir a proteína animal em alimentos. O que há de novo nessa área? O consumidor já encontra esses novos produtos no mercado?

Há muita novidade no desenvolvimento de alimentos proteicos de origem vegetal. As motivações relacionadas ao meio ambiente, sustentabilidade, proteção aos animais e o desafio de alimentar uma população de 10 bilhões de pessoas até 2050 (FAO) motivam as pesquisas e o desenvolvimento de fontes de proteínas diversificadas.

Os alimentos à base de soja foram os precursores no mundo todo e, atualmente, novas fontes vegetais, como ervilha, grão-de-bico, feijão e lentilha têm sido aplicadas para a obtenção de produtos similares aos cárneos e lácteos.

O consumidor brasileiro já encontra muitas linhas de produtos à base de vegetais, conhecidos como “plant-based”, nos mercados de todo o país. São produtos classificados na categoria de conveniência, especialmente produtos tipo “lácteos” (leites, iogurtes, queijos etc.) e “cárneos” (hamburguer, salsicha, linguiça, carne moída, refeições prontas, etc).

A tendência desse mercado é de crescimento nos próximos anos e acredita-se que novos produtos ainda serão desenvolvidos e irão alcançar um mercado cada vez maior no Brasil e no mundo.

Caroline Mellinger Silva, DSc – Bioquímica, Pesquisadora – Bioquímica / Embrapa Agroindústria de Alimentos

2) O desenvolvimento de uma tecnologia economicamente viável para transformar resíduo de caju em alimento é outro foco da pesquisa da Embrapa. Como tem sido a aceitação desse novo produto? Quais as vantagens dele tanto para produtores quanto para consumidores? Por que é importante a preservação das características de alimentos de origem animal?

A fibra do bagaço do caju tratada para ser utilizada em preparações culinárias tem tido procura por diversos interessados.

Ela é usada na elaboração de novos produtos alimentícios. Tivemos a oportunidade de cooperar tecnicamente com a empresa Sottile Alimentos para o desenvolvimento de novos produtos com o uso da fibra de caju para o mercado dos plant based.

Dentre esses produtos destaca-se um hambúrguer elaborado com a incorporação da fibra de caju e que simula as características de hambúrgueres de origem animal.

Esse tipo de produto é voltado para o público que gosta de produtos cárneos, mas optou por não consumir derivados de origem animal.

O uso desse subproduto da industrialização do suco de caju abre perspectiva de aumento de renda para os processadores.

Janice Ribeiro Lima Dra. em Tecnologia de Alimentos, Embrapa Agroindústria de Alimentos.

3) Sobre os alimentos biofortificados, o que é exatamente essa técnica e de que forma a Embrapa tem trabalhado para contribuir com os benefícios para a saúde da sociedade e o desenvolvimento agrícola? Quais são as expectativas de novas cultivares com características nutricionais diferenciadas?

“A biofortificação é o incremento de micronutrientes visando a combater a fome oculta, tendo como alvos em nosso projeto as maiores carências mundiais, ou seja, vitamina A, ferro e zinco, esse aporte se dá através de práticas agronômicas por meio de seleção e cruzamento de plantas da mesma espécie são geradas cultivares mais nutritivas, sendo excluídas técnicas de transgenia.

Para alcançar os resultados esperados, o BioFORT conta mais de 150 pessoas, em diferentes áreas do conhecimento, em 14 estados brasileiros.

 A rede interage com universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais, associações de produtores, governos estaduais, prefeituras e organizações não-governamentais.

Pesquisadores de 15 Unidades da Embrapa trabalham na Rede BioFORT, que se preocupa com todo o processo de alimentação do cidadão, desde o momento em que o alimento é produzido até a mesa do consumidor.

Sendo assim, considera e analisa a receptividade dos produtores nas comunidades rurais em relação às novas cultivares. É importante que as variedades biofortificadas, além dos ganhos nutricionais, apresentem vantagens agronômicas e comerciais.

Em relação ao consumidor, é imprescindível que os alimentos melhorados convencionalmente tenham boa aceitação e seus nutrientes estejam biodisponíveis para que os objetivos do projeto sejam alcançados.

Dessa maneira, será possível para a população de baixa renda ter acesso a uma alimentação mais nutritiva de forma sustentável e com baixo custo.

Estamos diretamente envolvidos com os 17 ODS – o nº 1 (Erradicação da pobreza); ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável) e ODS 3 (Saúde e bem-estar) da Agenda 2030.

Em virtude da Pandemia do COVID-19 e dos prazos de registro e avaliação necessários, novas cultivares só estarão disponíveis em 2022 nas culturas de feijão comum, mandioca amarela, batata doce de polpa alaranjada e 2023/2024 de feijão caupi, arroz.”

Jose Luiz Viana de Carvalho – Embrapa Agroindústria de Alimentos

4)  Em recente pesquisa, foi avaliada a percepção dos consumidores brasileiros sobre a rotulagem nutricional de alimentos. Qual foi a motivação da pesquisa e quais os principais resultados? A partir das conclusões, que contribuição poderá ser dada aos gestores públicos na elaboração da legislação relacionada ao tema?

A pesquisa foi parte da Chamada CNPq/ANVISA No 17/2017 – Pesquisa em Vigilância Sanitária que selecionou propostas em: Percepção, entendimento e uso de diferentes modelos de rotulagem nutricional frontal pelos consumidores brasileiros. 

O objetivo foi compreender o impacto que diferentes modelos de rotulagem nutricional frontal na percepção, no entendimento e no uso das informações nutricionais pelos consumidores brasileiros.

Resultado esperado era a identificação de modelos de rotulagem nutricional frontal mais efetivos em:
(a) capturar a atenção do consumidor nas condições habituais de compra;
(b) facilitar a localização e a leitura das informações nutricionais nas condições habituais de compra;
(c) auxiliar na comparação correta do conteúdo nutricional entre diferentes alimentos;
(d) auxiliar na compreensão correta da qualidade nutricional do alimento frente às recomendações alimentares do Guia Alimentar para a População Brasileira.

Os resultados foram publicados e podem ser acessados no artigo científico How do different warning signs compare with the guideline daily amount and traffic-light system? publicado na revista Food Quality and Preference, 80 (2020).

Os resultados subsidiaram a CONSULTA PÚBLICA No 707, DE 13 DE SETEMBRO DE 2019,a qual permitirá aos gestores públicos implementar a proposta que dispõe sobre a rotulagem nutricional dos alimentos embalados.

Rosires Deliza – Pesquisadora Embrapa Agroindústria de Alimentos

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

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