Oh Minas Gerais!
Minas Gerais é o swing state brasileiro por excelência. Assim como nos Estados Unidos, onde quem ganha em Ohio ganha também no país.
Ricardo Guedes
Belo Horizonte, MG – 04/11/2022
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Aqui no Brasil quem ganha em Minas ganha também nas presidenciais, e vice-versa. Como disse Guimarães Rosa, “Minas são muitas”. Em Minas está o Nordeste, o Sul, o Rio de Janeiro, o Centro-Oeste, que cercam o Quadrilátero Ferrífero da Inconfidência Mineira de Ouro Preto e Tiradentes, onde hoje preside Belo Horizonte.
Não que somente reflita os resultados nacionais. Mas, na convivência harmônica de suas partes, desenvolve-se a sabedoria e a moderação. É o estado das minas, da indústria, do gado, da agricultura, como Ohio, síntese da nação.
Daí, a ponderação, o desenvolvimento, e o equilíbrio, tão bem expresso nas pessoas de Afonso Pena, Artur Bernardes, Benedito Valadares, Milton Campos, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves. O manto da liberdade, na oposição às radicalizações, contrabalançando as tendências, onde, a virtude, está no meio.
Grandes políticos tivemos nestas Minas Gerais, e o anedotário é repleto de sapiência. Benedito Valadares, Governador de Minas de 1933 a 1945 e Senador por Minas de 1955 a 1971, expressa máximas deste conhecimento, do que Max Weber chama de “verstehen”, ou entrar na mente do outro para se entender o sentido da ação social. Diz o anedotário que certa vez em um aeroporto com um assessor, um opositor lhe perguntou se estaria indo para o Rio ou Brasília, no que respondeu prontamente “Rio!”
Seu assessor então lhe perguntou por que haveria indicado o destino correto, no que lhe respondeu que se tivesse indicado Brasília ele acharia que o correto seria o contrário. Diz o anedotário que certa vez saindo do Palácio da Liberdade ao meio de uma manifestação, o motorista teria perguntado se deveria ir mais devagar ou mais depressa, no que ele haveria respondido que “rápido o suficiente para não nos alcançarem, devagar o suficiente para não acharem que estamos fugindo”.
Tancredo Neves, um dos pais de nossa recente democracia juntamente com Ulisses Guimarães e José Sarney, uma vez visto como cochilando no Congresso, teria graciosamente perguntado, “vocês preferem eu dormindo, ou o Maluf acordado?”
[N.E.: Fica uma questão: Tancredo Neves, no entanto, teria vergonha de seu neto Aécio?]
Às vezes, o apoio de um Governador nada mais é do que sua premência de ajuste fiscal, contra ter sido contra o que então vai assumir. Brilhante perspicácia, dentro dos limites existentes, ora opacos, das diversas percepções.
Nestas eleições, Minas Gerais deu o exemplo ao rechaçar as tendências fascistas que no momento se espalham pelo país. Minas Gerais mais uma vez se posicionou. Onde está Minas? Como disse Otto Lara Resende, “Minas está onde sempre esteve”. No centro geográfico e da moderação política nacional.
Ricardo Guedes – CEO Sensus
Ph.D. pela Universidade de Chicago
