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Pornologia – Textos (in)fecundos

De pornografia todos já sabem! É a exploração dos desejos sexuais reprimidos ou inativos dos homens (e das mulheres)
através do uso de imagens e grafismos que explicitam atividades e a interação entre os corpos pelos órgãos reprodutores.

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São Paulo, 05/08/2022

Minutos.

Este não é um texto apologético ao heterossexualismo, nem loas ao homossexualismo, bissexualismo ou trans quaisquer ismos. Não é sequer um ensaio sobre sexo ou práticas sexuais. É mais um questionamento sobre comportamento. Mesmo o prazer pode ficar em um segundo plano.

Há uma mística da práxis educativa que se interpõe às leituras puritanas e de resguardo às atividades sexuais humanas. Normalmente, ela é preconceituosa e carregada de intenções, com fortes cargas de dominação de gêneros. O macho (masculino – homem) se impõe e procura enfatizar a postura da mulher (fêmea-feminina) como sendo esta a submissa, inferiorizada, moralmente inadequada ao modus machista da busca pelo prazer imediato e que responde a uma necessidade biológica – fecundar o máximo de mulheres (fêmeas) com seus gametas, para garantir a permanência de uma linhagem, supostamente forte, geneticamente melhor e mais adaptada ao meio.

Diferentemente, as mulheres (fêmeas-femininas) que buscam no macho a questão dominante, e cujo prazer físico se reduz a este interesse específico: trazer à vida, exatamente o melhor, mais forte e mais preparado descendente daquele macho, teoricamente dotado destas potências todas. A criação de modelos de super homens, dotados de tais atributos tem esta obscura intenção e responde no imediato, ao mesmo tempo em que visa reduzir ao mínimo a capacidade de competição dos interessados, pela mostra de corpos, órgãos sexuais e atributos materiais avantajados, como dinheiro, carros, jóias, palácios, número de escravos ou contas bancárias, e acesso facilitado ao consumo de bens, num exercício básico, simplista e reducionista de poder.

A oposição a estas iniciativas, as gritas e demonstrações chegam a cair no ridículo do pensamento fugaz porque induz à ideia de que elas, as mulheres-fêmeas-femininas (feministas que me perdoem) querem justamente este tipo dominante de homem. Uma leitura, aparentemente, pragmática e que, mais uma vez, reduz a mulher ao caráter material da existência, utilitarista, como se a ideia de Ser estivesse calcada unicamente em seu estômago.

Pornologia - Textos (in)fecundos

É claro que uma cabeça não vai a lugar algum sem estar com a barriga ‘cheia e bem forrada’ – e este texto começa a me parecer uma tremenda estupidez e bobagem, ao procurar defender o indefensável – para elas é assim mesmo: se quer trazer um filho à experiência da vida, materializar um ser para existir, aqui, neste planeta, agora, a mulher tem de saber, de saída que esta é uma questão fundamental, é a condição inicial. Mas, apenas por este liame orgânico. Daí o surgimento das fêmeas solo. E, às vezes, o homem ao lado é mesmo um mero enfeite.

Animais inteligentes, palavras. publicidade e gênero

Uma calçada pavimentada por diversos interesses, desvios e efeitos ‘distratores’ vem sendo reconstruída milenarmente para trazer uma mulher-fêmea-feminina para a sua cama, e não necessariamente para lhe proporcionar o devido fato biológico de gerar vida, realizar-se de potência em ato. O fato se baseia num simplismo assustador: um homem sozinho não avança, não sai do limite de seu espaço primário. São elas que os trazem à vida, que lhes expõem à luz! Ela consegue fazer isso sozinha, mas na maior parte das vezes precisam de um homem para completar-facilitar a missão.

Para que isso ocorra, no entanto, o homem deve, na maior parte das vezes, construir um abrigo, prover alimento, segurança e sustentação para o resultado desta interação e fecundidade. Deve chamar a atenção dela. Felizmente, para o casal, não é uma corrida individual, é mais um acordo, um conluio de corresponsabilidades divididas e necessariamente assumidas para alcançar um objetivo: um filho é um objetivo. Abrir mão dele é jogar fora o exercício de toda a vida anterior. Não vale à pena arriscar. Mas, às vezes se perde. Os jogos são muitos, diversificados e podem surpreender.

Paradoxalmente, ele, o pai não pode fazer isso sozinho, mas durante um determinado período, ele também tem de demonstrar ser capaz disto. A mulher se recolhe aos cuidados básicos materiais próximos e de sobrevida do filhote – contatos íntimos que resultarão na capacidade de sobrevivência durante os primeiros anos cruciais do bebê. E está nesta premissa o perigo e o preço que todo homem paga se quiser ter a “ventura” e o sucesso de ter seu DNA postergado à morte. Quanto antes ele souber disso, mais rapidamente ele descobre o seu valor e sua capacidade. E ele só irá chegar a estas conclusões se sua mãe (o custo em dobro da mulher) tiver a frieza necessária para coloca-lo frente à vida! Cara a cara com a dureza de uma realidade altamente competitiva e para a qual apenas 5%, se tanto, dos machos homens da espécie estão predispostos e prontos.

Para além de sua capacidade reprodutiva este homem terá de colocar-se de pronto em um ringue de disputas cada vez mais fortes e sangrentas. Os limites sociais das atualidade impõem estes paradigmas. É uma questão de aquisição, treino, aprendizagem e uso de ferramentas adequadas para as encrencas vindouras. A evolução social disponibilizou diversas delas: das mais brutas às mais sofisticadas. Ocorre que uma fatia mínima da espécie acumula os recursos necessários e suficientes até para o acesso a estas ferramentas, e, obviamente, as reserva para si e apara os seus descendentes, que por proximidade entendem e atendem muito mais rapidamente às cobranças e ao aprendizado de seu uso, do que os outros.

Dentro do jogo social não há empateso jogo é pelo Poder

Quem participa do modo direto direto e mais eficaz nesta Educação é a mãe. E não há 50% de disponibilidade. Esta é a conta do casal – mas, a cada um deverá caber 100% de aplicação de seu potencial individual. Ou se doa e entrega totalmente ou o filho não ficará pronto para enfrentar a vida como ela é, de fato. O risco de tornar-se, nesta circunstância, em uma mãe solo é enorme. Ela sabe disso, e tendem normalmente a dobrar sua cota de esforços e energia dedicados. Daí uma cobrança que poucos estão mesmo capacitados a pagar. Divórcios estarão sempre em voga!

Infelizmente, os espaços têm diminuído cada vez mais, dado o aumento da competitividade entre os alfa machos dominantes, contra si (o que gera acúmulo de poder e muita tensão) e contra os de nível B (beta) – aspirantes – e o resto C e D (fêmeas, adolescentes, bissexuais, transexuais, homossexuais e ‘minorias’ – ou seja, os socialmente desorganizados, por mais que tenham potência individual) ocasionais, cujos níveis de hormônios os mantém seguros e fora dos espaços de combate direto.

Machos alfas são inteligentes o suficiente para se resguardarem do assédio dos postulantes às suas vagas e os remanescentes de nível B – atraindo para a sua esfera de influência todos que puder do nível C e D, diminuindo as chances de embates diretos desgastantes, enquanto promovem o mesmo contra seus reais oponentes – os outros alfas. Usam os seus betas para isso com muita facilidade (ainda escolhem com quem suas filhas devem se casar, ou até decidem se não é mais adequado manterem-nas democraticamente solteiras). Mas, sabem distribuir prêmios e bônus aos mais destacados, nunca antes de assegurarem-se de que reconheçam seus limites e lugares de ação.

Betas manipulam C e D por sua vez e, para isso, usam de todo arsenal de inteligência disponível e possível, sem ligarem se houver a necessidade do uso de recursos violentos. Subestimar, humilhar, impor, restringir, impedir por coação ou qualquer outra forma de se portar amoralmente, fazem parte de sua bula de ações, porque objetivam o poder. Neste nível a luta é feroz e sangrenta. Nada tem a perder.

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O macho homem alfa leva em consideração também que os beta disputam a atenção de todos, e ao mesmo tempo fingem, na maior parte das vezes, não pretender tornar-se ou tomar o lugar do líder. Os truques utilizados são essencialmente os mesmos, não importa a hierarquia, mas os níveis de requinte e suas práticas é que definem a velocidade, o tempo e a forma com que as posições de poder serão transpostas e rearticuladas. Vemos muito disto nas instituições empresariais.

Isto também ocorre entre as mulheres-fêmeas dominantes, que pela estrutura social vigente só chegam ao poder ao se juntarem a um macho dominante, inferior mas pretensioso. A não ser que ela seja uma ‘empreendedora’ e não queira perder tempo com isso. Já disseram que eram revolucionárias…

Insignificantes – ativos e dispostos

É natural que elas se aproximem de machos beta, momentos em que as forças de ambos se equilibram de alguma forma. Mas, são perfeitamente capazes de ascender e tomarem a dianteira. A vida e a experiência as conduzem a esta situação de predominância, tão logo se apercebam de qualquer fraqueza ou falha objetiva de seus parceiros. As mulheres sabem que devem ser fortes, resilientes e suficientes em suas decisões. Seu período é curto, relativamente bem menor do que o de seus parceiros, o que as obrigam a serem diretas, obsessivas, regradas, exigentes, com o máximo de assertividade e com um mínimo de falhas. Porém, todas elas correm o risco do calcanhar de Aquiles.

Seus filhos. É para eles e por eles que sua vida importa. Machos alfa que defendem este discurso são bem menos interessados nesta atitude, eles os usam como escudos. Nem sempre darão a vida pela prole. Isto cabe às mães. Elas sim são capazes até sacrificar um filho pelo outro em casos extremos, podem, inclusive, abrir mão de seu companheiro, se já tiverem filhos, mas este papel de abandono é mais comum nos homens alfa, beta, gama, delta…não importa! Um homem sozinho é um bicho covarde, ou um assassino frio, indiferente e atrás de sua própria morte! As mulheres lutam por vida!

Uso os termos macho, fêmea, mulher, homem, alfa, beta etc apenas como recursos de linguagem – estou falando de seres humanos, obviamente. Mas, deixo resguardado uma leitura básica da biologia, interativamente ao da sociologia e de outras ciências não necessariamente humanos, mas às físicas, as duras, como se diz no jargão. Ação e reação, atração e repulsa, força e resistência, rigidez e flexibilidade. A base orgânica da vida é instransponível. Inflexível. Sua vantagem como espécie está na inteligência criativa, sociabilidade, coletiva.

Resolver problemas para si e para os outros pelo aprendizado e experiências, e sua capacidade de transmitir o conhecimento acumulado pelo processo educacional. Sem o exemplo do outro ele rastejará como um verme.

É aqui que reapresento a proposta inicial, resumidamente da pornografia, ou como quero pornologia, sem os aspetos escatológicos e teratológicos que se dão, em oposição ao puritanismo, às técnicas e práticas exibicionistas e comerciais, mas, ao mesmo tempo, sem me pretender apologético aos dados da atualidade. Os tratados hindus, orientais e ocidentais do tema estão por demais batidos, desviados e distorcidos de suas intenções culturais e da beleza estética e natural destes encontros de celebração e realização da potência vital, além do instante do gozo, o aviso de que se chegou ao objetivo simples de trocar de fluídos energéticos e “química” básica. Ou seja, o sexo e suas práticas tornaram-se, de fato, e via de regra, objetos tangenciais de negócios simples com precificação, tempo-duração e uso de elementos múltiplos de apoio para sua hipervaloração.

Como tudo está fica!

Partiu-se para o escandalosamente aberto e visual, ultrapassou a linguagem da educação e banalizou-se, para o bem e para o mal. Uma cadeia de negócios e produtos se sustenta a partir dele – da simples bebida alcoólica – a imagem da cerveja esteve durante décadas ligada da mulher, por exemplo – a estimulantes táteis, visuais, olfativos, promocionais e ao alcance de todos. Tanto que retornou aos princípios puritanos (sempre presentes, claro) e suas técnicas de proibições, uma revisão medieval de cuidados que então ultrapassaram de longe as questões morais e chegaram aos problemas de saúde pública.

Ninguém precisa, pode ou deve negligenciar doenças como AIDS, Covid-19 (ou suas variantes desde a gripe espanhola), a varíola dos “macacos”. Estas estão sim, mais do que intrinsecamente relacionadas aos excessos humanos e banalizações. E, como sempre, sabemos, estes aprendem uns com os outros, e por repetição vão se tornando cada vez mais comuns, inoperantes e desnecessários, portanto superáveis enquanto espécie.

É assim que você encara a vida? Não me considero um conservador.

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Redação

ÆscolaLegal é um esforço coletivo de profissionais interessados em resgatar princípios básicos da Educação e traduzir informações sobre o universo multi e transdisciplinar que a envolve, com foco crescente em Educação 4.0 e além, Tecnologia/Inovação, Sustentabilidade, Ciências e Cultura Sistêmica. Publisher: Volmer Silva do Rêgo - MTb16640-85 SP - ABI 2264/SP

One thought on “Pornologia – Textos (in)fecundos

  • Texto excelente e super interessante! Ótima análise e ângulo diferenciado sobre o assunto! Amei!

Fechado para comentários.