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E as Pesquisas Eleitorais?

Pesquisas eleitorais refletem uma dada opinião em um certo momento. O jargão repetido diz: “é como uma fotografia!” Por se tratas de opinião, o grau de variação entre um momento e outro está envolto em um quadro móvel de circunstâncias.

Ricardo Guedes

Belo Horizonte, 16/05/2022

1 Minuto

Segundo Carl Hempel, as ciências são modelos da realidade, explanatórios e preditivos, em aproximações sucessivas da realidade estudada. Segundo Thomas Kuhn, a Ciência se desenvolve através de paradigmas que se sucedem na explicação dos fatos. Assim, a Mecânica Newtoniana é suficiente para o lançamento de satélites e previsão da órbita dos planetas, exceto Mercúrio.

A Mecânica Relativista explica a órbita dos planetas pelas distorções geradas no espaço na presença de grandes massas e energia, para todos os planetas e outros fenômenos. A validação das teorias se dá na verificação empírica pela comunidade científica, nos termos do conceito proposto por Diana Crane dos “colégios invisíveis”, numa alusão retórica à avaliação que se forma na rede interpessoal entre os pares.

As pesquisas de opinião baseiam-se na teoria estatística da representatividade de uma amostra, dentro de um universo segundo uma margem de erro.

Em primeiro lugar, é importante observar os aspectos linguísticos contidos na expressão “margem de erro”. Em português, o termo “erro” é carregado de conotação negativa. Em inglês, o termo “error”, utilizado na expressão “margin of error”, difere do termo “mistake”, que traz a conotação negativa na língua inglesa. A “margem de erro”, ou “margin of error”, deve ser entendida como “margem de variação técnica” antecipadamente prevista em uma amostra, e não como “erro” ocorrido após uma medição.

Previsão e Margem de erro – diversas e mutantes variáveis

Todo modelo científico se respalda na explicação dos resultados e na previsão do que possa vir a ocorrer. Assim é na física, na química e na biologia, dentre de graus possíveis de previsibilidade. Na estatística, os modelos são de menor previsibilidade do que nas ciências físicas, devido à margem de erro ou de variação técnica inerente ao método amostral. Nas pesquisas eleitorais, os modelos são de menor previsibilidade, devido à margem de erro e à mutação contínua das opiniões e do voto. 

As pesquisas eleitorais deparam com fatores peculiares às eleições. As pesquisas anteriores ao dia das eleições aferem as “intenções de voto”, e não ao voto depositado nas urnas. Segundo Warren Mitofsky, um dos principais formuladores do Censo nos Estados Unidos e Diretor de Pesquisa Eleitoral da CBS de 1967 a 1990, somente a pesquisa de boca de urna, feita com os eleitores no dia das eleições ao saírem dos locais de votação, pode ser comparada com os resultados eleitorais, dentro da respectiva margem de erro.

As pesquisas pré-eleitorais são indicadoras de tendência, de menor previsibilidade para o dia das eleições.

Certamente, a avaliação dos institutos e de seus métodos é de fundamental importância, através da avaliação de seus pares. Há institutos que funcionam adequadamente, e institutos que não. Tradição, inovação adequada, e resultados apresentados na indicação de tendências são critérios a serem observados. 

 

Ricardo Guedes – Ph.D. pela Universidade de Chicago – CEO da Sensus

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Redação

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