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Mulheres Negras em Conselhos Administrativos.

Executivas negras, com formações e experiências diversas, estão começando a ingressar em conselhos por aqui.

Jandaraci Araújo

São Paulo, 20/09 de 2021.

1 Minuto

Essa movimentação é percebida nos resultados conquistados pelo programa Conselheira 101, lançado em 2020, com a ideia de estimular a inserção de mulheres negras em boards. Só para se ter uma ideia, quase 40% das executivas ou empresárias negras que participaram do programa, encerrado em dezembro, ingressaram em conselhos de administração, fiscal, consultivo ou comitê.

Jandaraci Araújo
Mulheres negras em Conselhos Adminstratrivos – Jandaraci Araújo -Conselheira 101 – (Img. Cedida)

O programa surgiu com o esforço para trazer candidatas negras ao Programa de Diversidade de Conselhos (PDeC), do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), à uma mobilização nas redes sociais por um post de Lisiane Lemos, gerente de novos negócios do Google, em busca de nomes, o programa ganhou forma com apoio da KPMG e da Women Corporate Directors (WCD).

A partir disso, o Conselheira 101, tornou-se uma rede de mulheres negras em posições de liderança e uma delas é Jandaraci Araújo, cofundadora do programa. Ela se define como uma típica mulher negra brasileira. Nordestina, nasceu na Bahia, mãe jovem, que viveu um relacionamento abusivo e foi vender salgados nos trens do Rio de Janeiro para colocar comida na mesa.

Sua história, defende, não é “discurso para meritocracia”. “Eu sou a prova de que não basta correr atrás que a gente consegue. Precisamos é ter oportunidade.” A primeira que teve surgiu quando ingressou em uma faculdade de marketing no Rio de Janeiro. Um professor que atuava como diretor de uma varejista a viu vendendo salgados e perguntou se ela se interessaria por um estágio. Ela aceitou e, ao longo de duas décadas, foi galgando sua ascensão à diretoria no mundo corporativo.

Pedi para empresas onde trabalhei me apoiarem, fiz dois MBAs, e aprendi sobre setor público, na prática, ao ingressar na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. Também conheci o papel de um conselho devido a convites recebidos nos últimos anos em instituições como WILL e Capitalismo Consciente, entre outros.

Mas buscava mais formação, networking e visibilidade e disputou com 800 executivas uma das 40 vagas do PDeC em 2020. Lá teve acesso a mentorias com Roberto Funari, presidente da Alpargatas. “Ele me fez lembrar a importância da minha história, me deu visibilidade e mostrou a experiência dele como CEO. Criamos um vínculo que perdura.” Em 2020 também seguiu a oportunidade oferecida pelo Conselheira 101, acessando uma nova rede e outros conhecimentos.

Em maio, ela ingressou no conselho da empresa de inteligência artificial Kunumi e foi recentemente convidada para integrar o conselho deliberativo do Instituto Tomie Ohtake. Sobre as barreiras para inclusão de mais negras em conselhos, ela cita “réguas altíssimas” nos processos de seleção e bate na tecla da oportunidade. Como não há mulher preparada se nós somos 27% da população brasileira?”, questiona Jandaraci.

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Redação

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